24 Jan
2008 - O Ministério do Meio Ambiente (MMA)
anunciou nesta quarta-feira (23 de janeiro) a retomada
no crescimento do desmatamento na Amazônia
Legal brasileira. Segundo dados do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe) foram desmatados 3.235
quilômetros quadrados, apenas entre os meses
de agosto e dezembro de 2007.
Mas, segundo MMA e Inpe, a situação
é ainda mais preocupante. A extensão
do desmatamento pode chegar a 7 mil quilômetros
quadrados, pois o sistema utilizado para o levantamento
(Deter) consegue detectar entre 40 e 60% do desmatamento
considerando-se a margem de erro estipulada. Seria
o equivalente a ter uma área de aproximadamente
5.718 campos de futebol devastada diariamente na
região Amazônica.
Para Denise Hamú, secretária-geral
do WWF-Brasil, os números refletem uma situação
extremamente grave, mas não surpreendente.
Há meses vínhamos advertindo, juntamente
com outras ONGs do setor ambiental, que o desmatamento
na Amazônia poderia estar fora de controle,
apresentando tendência de alta, analisa.
Em dezembro de 2007, o WWF-Brasil
publicou em sua página na internet um alerta
em relação à retomada dos índices
do desmatamento (http://www.wwf.org.br/desmat_dez07),
tendo como causa principal a elevação
nos preços das commodities agrícolas,
especialmente carne bovina e soja.
De acordo com Carlos Alberto de
Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação
e Programas Temáticos do WWF-Brasil, o governo
perdeu uma importante chance durante os últimos
cinco anos, em que o desmatamento apresentou queda.
O país já deveria ter criado uma política
consistente de combate ao desmatamento, com adoção
de metas claras e mensuráveis e mecanismos
econômicos que incentivem o uso sustentável
dos recursos naturais e desestimulem práticas
predatórias, avalia.
Adicionalmente, dois importantes
instrumentos que fazem parte das políticas
do governo federal para o controle do desmatamento
- criação de unidades de conservação
e ações de fiscalização
- vêm sendo seriamente comprometidos. Ao longo
de 2007 não foi criada sequer uma UC na Amazônia,
e cerca de 2,5 milhões de hectares em unidades
de conservação aguardam definição
da Casa Civil para serem efetivadas.
Quanto à fiscalização,
mesmo quando as ações acontecem a
contento, o resultado esperado muitas vezes não
é atingido: dados do IBAMA apontam que apenas
cerca de 2% do valor das multas para autores de
crimes ambientais cadastradas entre 2001 e 2004
foram recolhidos.