24 de Janeiro de 2008 - Marco
Antônio Soalheiro - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - A Confederação
da Agricultura e Pecuária
do Brasil (CNA) entende que o desmatamento na Amazônia
só será controlado de forma adequada
se o governo federal não se preocupar apenas
em punir, mas oferecer políticas compensatórias
para que os produtores evitem a derrubada de árvores.
A tese foi defendida hoje (24) pelo presidente da
Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA,
Assuero Veronez, em entrevista à Agência
Brasil.
“Na hora em que a floresta de
pé valer mais do que a floresta derrubada,
vamos conseguir consolidar números para baixo
e atingir o desmatamento zero”, afirmou Veronez.
Ele ressaltou, entretanto, que não enxerga,
da parte do governo, disposição para
discutir uma legislação ambiental
“condizente” com a importância do agronegócio
para o país: “Há muita ideologia e
ignorância”.
Para Veronez, seria hipocrisia
dizer que a expansão da soja e da pecuária
não influenciou no desmatamento da Amazônia
nos últimos cinco meses de 2007. Ele relativizou
a dimensão dos 3.235 quilômetros detectados
como devastados pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE): “Não é para causar
tanta comoção. Historicamente, não
é muito. Houve uma redução
significativa do desmatamento na região nos
últimos três anos, e acredito que isso
não vá retroceder.”
Sobre a afirmação
do secretário executivo do Ministério
do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco,
de que o desmatamento real de agosto a dezembro
de 2007 poderia chegar a 7 mil quilômetros
quadrados, quando medido por imagens de satélite
mais detalhadas, Veronez disse: “Não trabalho
com suposição”.
Segundo ele, os erros da política
ambiental do governo federal seriam a preocupação
“excessiva” com punição e a criação
de grandes unidades de conservação
ambiental sem necessidade ou condições
ideais de administrá-las. “O grande latifundiário
da Amazônia é a União, que tem
75% das terras. As propriedades particulares respondem
apenas por 25%”, ressaltou.
Veronez disse que existem 800
mil pequenos proprietários de terra na região
amazônica que recorrem ao desmate por não
terem alternativas de sobrevivência. Os níveis
de produção de lá seriam defasados
em relação a outras regiões
do país: “Temos que levar tecnologia para
que eles melhorem a produtividade.”
O presidente da Comissão
Nacional de Meio Ambiente da CNA não acredita
que os grandes latifundiários estejam envolvidos
de forma predominante no desmatamento da Amazônia:
“Pode estar ocorrendo algo, mas os grandes proprietários
não têm vontade de afrontar a lei para
desmatar. Os mecanismos de controle são eficientes,
e eles podem responsabilizados com pesadas multas.”