23/01/2008 - Gisele Teixeira -
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciou
hoje um desmatamento de 3.235 quilômetros
quadrados na Amazônia
de agosto a dezembro de 2007. Os números,
registrado pelo sistema DETER (Detecção
do Desmatamento em Tempo Real), do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE), apontam uma tendência
de aumento do desmatamento.
O mais preocupante é o
registro de áreas desmatadas nos meses de
novembro e dezembro, o que é considerado
atípico. Do total registrado, 1.922 quilômetros
quadrados dos cortes foram nestes dois meses. Segundo
a ministra, esses números apontam para duas
hipóteses: uma antecipação
do desmatamento em função da estiagem
prolongada (os cortes ocorrem normalmente a partir
de maio), ou a confirmação da tendência
de aumento do desmatamento. "Mas o governo
não quer pagar para ver. Vamos fazer frente
ao processo, tomar a dianteira e mostrar que é
possível a governança mesmo em anos
atípicos", afirmou Marina.
Nesta quinta-feira (24), a ministra
reúne-se com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, às 9h, no Palácio do
Planalto. No encontro, que terá participação
de outros ministros, serão discutidas as
medidas para fortalecer a fiscalização
nos locais considerados mais críticos. O
estado do Mato Grosso, sozinho, concentrou 53,5%
dos cortes (ou 1.786 km2) no período, seguido
do Pará (591 km2 ou 17,8%) e Rondônia
(533 km2 ou 16%).
Os dados apresentados têm
como base o sistema DETER que, para ser mais rápido,
registra apenas parte do que é desmatado.
Levando em conta os dados históricos, estima-se
que a área cortada possa chegar a 7.000 km2
entre agosto e dezembro de 2007. "É
um comportamento completamente novo e muito preocupante",
destaca o secretário-executivo do MMA, João
Paulo Capobianco.
O aumento do preço das
commodities também pode ter agravado o quadro.
Segundo a ministra, as atividades típicas
dos estados que mais desmataram são a pecuária
e a soja que, coincidentemente, registraram aumento
de preços. "A realidade econômica
destes estados indicam que estas atividades impactam,
sem sombra de dúvida, a floresta". Ela
ressaltou que para deter o aumento do desmatamento
na Amazônia será preciso não
somente ações do governo, mas também
maior responsabilidade social e ambiental dos setores
produtivos. Os municípios campeões
de desmatamento são São Felix do Xingu
e Cumaru do Norte, ambos no Pará, e Colniza,
em Mato Grosso.
Com estes dados em mãos,
o MMA quer acelerar as ações que começaram
a ser postas em prática no final do ano passado,
após a detecção dos primeiros
sinais de aumento do desmatamento. Uma portaria,
a ser assinada ainda nesta semana pela ministra
Marina Silva, deve apontar os 31 municípios
que mais desmatam no Brasil e que deverão
obedecer regras mais rígidas de controle,
estabelecidas no decreto presidencial de dezembro
de 2007.