23 de Janeiro
de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter
da Agência Brasil - José Cruz/Abr -
Brasília - Ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, durante entrevista coletiva, fala sobre o
aumento do desmatamento na Amazônia.
Brasília - Além dos dados preliminares
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
que confirmaram o aumento na devastação
da Amazônia nos cinco últimos meses
de 2007, fatores climáticos, políticos
e econômicos preocupam a ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva. Para ela, o governo deve
estar atento à estiagem prolongada, aos altos
preços internacionais da soja e da carne
e as eleições municipais de 2008.
Segundo a ministra, essa combinação
tem aumentado a pressão sobre a floresta
e exigirá esforço redobrado do governo.
“É um teste de fogo. Apostamos em uma ação
ainda preventiva para manter a queda do desmatamento
em 2008. É possível fortalecer a governança
mesmo em condições atípicas”,
afirmou hoje (23) a ministra em entrevista coletiva.
Entre medidas preventivas já
adotadas pelo governo federal, a ministra citou
a criação, em dezembro, do Grupo de
Trabalho de Responsabilização Ambiental,
órgão interministerial que acompanhará
os 150 maiores casos de devastação
da floresta, e do Comitê Executivo do Plano
de Desenvolvimento Regional Sustentável da
BR-163, cujo objetivo é levar políticas
de desenvolvimento sustentável, conservação
ambiental e inclusão social às comunidades
que vivem às margens da rodovia, que liga
o Mato Grosso ao Pará.
Na sexta-feira (25), Marina Silva
prometeu divulgar uma lista suja, com aproximadamente
30 municípios que mais contribuem para o
desmatamento na Amazônia. Nesses locais, as
propriedades rurais que fizeram derrubadas ilegais
deverão ser embargadas. “Só poderemos
verificar se essas medidas serão efetivas
ao final de um período maior, mas vamos reforçar
as ações para tentar alcançar
o objetivo do desmatamento ilegal zero”, disse a
ministra.
Indagada pela Agência Brasil
se as obras de infra-estrutura do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) na Região Norte poderiam
aumentar as pressões sobre a floresta, Marina
Silva afirmou que a relação entre
um e outro fato não é necessariamente
direta: “Todos esses projetos podem ser feitos a
partir da incorporação de critérios
de responsabilidade social e ambiental.”
A ministra lembrou que 165 mil
quilômetros quadrados da floresta já
foram convertidos em áreas de produção.
O uso intensivo destas áreas permitiria,
segundo ela, triplicar a produção
agrícola sem derrubar mais nenhuma árvore
da Amazônia.
De acordo com o Inpe, de agosto
a dezembro de 2007 foram desmatados 3.235 quilômetros
quadrados (que equivalem a cerca de 320 mil campos
de futebol) da floresta amazônica, mas o número
pode estar subestimado em virtude da ausência
de imagens de satélite mais detalhadas. O
desmatamento real pode ser de até 7 mil quilômetros
quadrados, segundo o secretário executivo
do Ministério do Meio Ambiente, José
Paulo Capobianco.