Panorama
 
 
 

PARA PREFEITO, IMPACTO DE HIDRELÉTRICAS PODE SER MENOR QUE ESPERADO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2008

22 de Janeiro de 2008 - Luana Lourenço - Enviada especial - Porto Velho (Rondônia) - Administrador de um dos municípios brasileiros que mais receberá recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o prefeito de Porto Velho (RO), Roberto Sobrinho (PT), prefere ser cauteloso ao comentar a expectativa de crescimento acelerado da economia local nos próximos anos, estimulada principalmente pela construção das usinas hidrelétricas do Rio Madeira, orçadas em R$ 20 bilhões.

Em entrevista à Agência Brasil, Sobrinho detalhou que os cerca de R$ 600 milhões já repassados pelo governo federal ao município serão gastos em investimentos em saneamento e programas de habitação popular. Ele, no entanto, acredita que o impacto das usinas sobre o contingente de pessoas atraídas para a capital pode ser menor que o esperado.

“Prever número é um exercício de futurologia. Talvez não aconteçam grandes deslocamentos, o país não passa por uma recessão. Há postos de trabalho nos estados”, avalia.

Para Sobrinho, as hidrelétricas “não podem ser vistas como um fim, mas um meio” e devem ser encaradas como oportunidade de consolidação de bases de crescimento para Porto Velho para evitar o posterior esvaziamento da cidade e da economia local, como ocorreu em cidades que abrigaram obras de grandes hidrelétricas, como Tucuruí (PA).

De acordo com o gestor, outros ciclos econômicos vividos pelo estado, como o garimpo na década de 1980, resultaram mais em impactos negativos que benefícios para a região. “Levaram as riquezas e ficaram apenas os problemas sociais”, observa.

Este ano, a prefeitura deverá começar a executar os projetos de saneamento para expandir o tratamento de esgoto, que atualmente só atende a 3% da população, e universalizar o abastecimento de água, hoje restrito a 50% dos moradores. Também estão previstas 1,2 mil casas populares para famílias que vivem em torno de canais e palafitas às margens do Rio Madeira.

Em relação ao estímulo que a melhoria da infra-estrutura e o crescimento econômico da região podem dar ao avanço do desmatamento, Sobrinho afirma que não há necessariamente relação direta entre os empreendimentos e a pressão sobre a floresta.

“A pressão sobre a floresta se dá hoje não em função dos empreendimentos, mas por causa da indústria da madeira”, aponta. “Ela [a madeira] ficou escassa em determinadas regiões do estado, o que fez as madeireiras se deslocarem para cá.”

Sobre o possível aumento das plantações de soja nos arredores de Porto Velho, o prefeito transfere a responsabilidade para o governo estadual. Segundo ele, a soja já está ganhando espaço no interior de Rondônia, e o avanço rumo a Porto Velho dependerá de políticas de desenvolvimento do estado, não da prefeitura. “Se o estado entender que esse tipo de atividade econômica é a mais adequada, ele pode até estimular o plantio de soja. Eu, particularmente, não acredito nisso e não sou a favor”, ressalta.


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Mudança em regra de licenciamento ambiental pode fazer PAC avançar mais, afirma Abdib

22 de Janeiro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Em uma análise sobre o balanço de um ano do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), divulgado hoje (22) pelo governo federal, a Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) aponta ser necessário promover adequações nas regras para concessão de licença ambiental, sob o risco de se comprometer a execução das obras.

Segundo o presidente da Abdib, Paulo Godoy, é preciso alterar o texto constitucional para fixar competências e evitar que vácuos na interpretação da lei permitam que muitos processos sejam questionados.

“Em matéria de licenciamento não cabe brecha para postergação: ou pode ou não pode. Se não pode, o Brasil tem que encontrar outro caminho para o seu desenvolvimento. Se pode, tem que ser rápido”, avaliou.

O modelo de licenciamento defendido pela Abdib prevê processos com acompanhamento informatizado do fluxo de decisões.

Godoy ressaltou que a concessão da licença prévia para a Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, demonstrou aos observadores internacionais que o Brasil está disposto a desenvolver na região amazônica investimentos que preservem o meio ambiente, sem riscos e com compensações para as comunidades.

“Isso vai ajudar a afastar intervenções criminosas e ilegais que lá se estabelecem e que colocam o Brasil em condição ruim no ranking dos responsáveis pelo aquecimento global.”

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Após leilão de usinas do Rio Madeira, população ribeirinha está apreensiva

22 de Janeiro de 2008 - Luana Lourenço - Enviada especial - Porto Velho (Rondônia) - Depois de um ano marcado por protestos, moradores das margens do Rio Madeira (RO) que serão atingidos quando a água for represada para formação das barragens das usinas de Santo Antônio e Jirau estão ainda mais apreensivos com a perspectiva do início das obras, após o leilão que definiu o consórcio executor das usinas, em dezembro.

O começo das obras depende da licença de instalação, concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em entrevista à Agência Brasil no início de janeiro, o diretor de Licenciamento Ambiental do órgão, Roberto Messias Franco, afirmou que a autorização para as obras deverá sair entre o fim de 2008 e o começo do próximo ano. O complexo é um dos principais empreendimentos energéticos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que completa um ano hoje (22).

“Quando eles anunciarem que vão fechar as comportas, se não tiverem retirado a gente de lá, vamos ter de sair, porque ninguém é peixe para viver na água”, desabafa o agricultor José Ferreira da Silva, ribeirinho da comunidade de Joana D'Arc, próxima à futura hidrelétrica de Santo Antônio.

Assim como a família de Silva, outras 2,5 mil terão de deixar a área próxima às hidrelétricas – segundo cálculo das empresas Furnas e Odebrecht, responsáveis pela obra. De acordo com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no estado, esse número pode chegar a 10 mil.

Antes do início das obras, as famílias deverão ser reassentadas em outras regiões. No entanto, grande parte dos ribeirinhos não acredita que a mudança será positiva, de acordo com um dos representantes do MAB, José de Oliveira Paes. “Não queremos que a situação da usina de Samuel se repita. Até hoje, há famílias não indenizadas”, afirmou, em referência aos atingidos pela barragem da hidrelétrica de Samuel, construída a 50 quilômetros de Porto Velho na década de 1980.

De acordo com o MAB, os moradores ainda não têm data ou previsão de quando serão transferidos, o que aumenta a preocupação das comunidades ribeirinhas. “Isso é que eu estou matutando. Só sei que, mais cedo ou mais tarde, vou ter de sair. A minha idéia é sair por morte. Nasci e me criei lá. Jamais quero sair”, conta o pescador José Maria Silva Mendes, morador de uma comunidade próxima à Cachoeira de Teotônio, que ficará submersa com a construção da primeira usina.

O complexo hidrelétrico do Madeira produzirá 6.450 megawatts – aproximadamente metade da potência de Itaipu, usina mais potente do país. Segundo o governo, as duas usinas deverão suprir 8% da demanda energética do país, por meio da integração ao Sistema Interligado Nacional. De acordo com o consórcio Furnas–Odebrecht, a energia produzida pelas turbinas atenderá primeiramente o estado de Rondônia, ainda abastecido por termelétricas. O excedente será exportado para outros estados.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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