Processo
de monitoramento das mudanças climáticas
globais, "o que ainda não ocorreu",
disse. Ele explicou que as questões científicas
são estratégicas para o País
e para elaboração de políticas
públicas do governo.
"Serão estudados processos
que são fundamentais para os serviços
ambientais que a floresta pode realizar para o meio
ambiente. Vários desses processos ainda são
desconhecidos. Além disso, os trabalhos resultarão
em treinamentos para pesquisadores e estudantes
da Amazônia, os quais operarão esses
equipamentos a médio e longo prazo",
enfatizou.
A primeira base de monitoramento
está sendo instalada na Estação
Experimental de Silvicultura Tropical, no km 44
da BR-174, e a segunda, na ZF-2, sítio Experimental
do Programa Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera
na Amazônia (LBA), situado no km 50 da BR-174,
adentrando mais 34 km de estrada de barro, ambos
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT).
As estações funcionarão,
inicialmente, por um período de dois anos.
Mas a intenção é que o monitoramento
seja feito por mais cinco ou dez anos. Para isso,
serão submetidos projetos ao Ministério
da Ciência e Tecnologia (MCT).
Os equipamentos farão medidas
precisas das propriedades atmosféricas de
gases e partículas da Amazônia Central.
Segundo Artaxo, as medições são
fundamentais porque a maior parte do vapor d’água
do globo é produzida em regiões tropicais,
como a Amazônia, e influencia nos ciclos hidrológicos
globais.
Entre os levantamentos a serem
feitos, Artaxo destaca a estrutura do perfil vertical
da atmosfera por meio de laser de altíssima
potência, "o que não era realizado",
afirmou. Os pesquisadores também verificarão
a propriedade das nuvens, o monitoramento remoto
por meio de satélites, as medidas dentro
da copa das árvores e a concentração
de partículas de aerossóis.
"As concentrações
de aerossóis na atmosfera serão medidas,
em tempo real, por meio de fotômetros solares.
Os aerossóis são emitidos por queimadas
e estão presentes na fumaça dos veículos
automotores. Eles inibem a formação
de nuvens e são visíveis em todo o
Continente e dispersos para todo o planeta",
explicou o cientista.
Floresta x atmosfera
O inter-relacionamento entre a floresta e a composição
atmosférica na região, de acordo com
Artaxo, ainda é muito desconhecido. Mesmo
com as pesquisas feitas por meio de satélites
é preciso estar in loco. O pesquisador diz
que o Programa LBA tem contribuído muito
para o entendimento desses processos, mas é
preciso formar uma rede de monitoramento ambiental
de longa duração. "Precisamos
entender as sazonalidades dos fluxos e processos
que regulam os ciclos hidrológicos na Amazônia",
afirmou.
Na chuva
Segundo Artaxo, a chuva tem prejudicado um pouco
o andamento dos trabalhos, mas nada que comprometa
o resultado final. "Fazer pesquisa na Amazônia
não é a mesma coisa que trabalhar
em uma bancada de um laboratório em São
Paulo", destacou, acrescentando que como esse
ano é de el nina, aumenta a quantidade de
chuvas e altera a composição atmosférica.
Apesar da dificuldade logística
para instalar equipamentos de monitoramento atmosférico,
principalmente devido as fortes chuvas, o pesquisador
disse que a idéia era vir mesmo nesse período.
Ele explicou que é um período em que
as queimadas cessam. Dessa forma, não há
como os resultados serem alterados por ações
antrópicas, pois já foram experimentos
na região de Balbina, localizada no município
de Presidente Figueiredo, no interior do Amazonas,
em 2002, na época das queimadas. "A
meta é estudar as propriedades naturais das
emissões da floresta, o que ainda não
foi realizado", ressaltou.
Os resultados serão apresentados
na Conferência Internacional do LBA, que será
realizada no período de 24 a 29 de julho
deste ano.
Parcerias
A pesquisa envolve cerca de 120 pesquisadores de
universidades e institutos de pesquisa do Brasil
e do Exterior, entre elas a Universidade Federal
do Amazonas (Ufam), o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), Museu Paraense Emílio Goeldi
(MPEG), a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT),
a Fundação Universidade Federal de
Rondônia (Unir), a Universidade Federal do
Pará (UFPA), além do Inpa e de parcerias
estrangeiras como: Universidade de Lund (Suécia);
Universidade de Harvard, Instituto Max Planck (Alemanha),
Universidade do Colorado (EUA).
Pelo lado brasileiro, os trabalhos
são viabilizados por meio do projeto "Mudanças
de Uso da Terra na Amazônia e Implicações
Climáticas e na Ciclagem de Carbono",
conhecido como projeto Milênio, financiado
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), sendo composto por
vários subprojetos. Pelo estrangeiro, é
viabilizado por meio dos projetos Amaze e EUCAARI
(siglas, em inglês), que consistem em estudos
de aerossóis e gases traços detalhados
e de longo prazo.
Influência dos aerossóis
Nesta quinta-feira, Paulo Artaxo proferiu a palestra
"Importância dos aerossóis na
química da atmosfera e na bioquímica
da Amazônia", na sala de seminários
da biblioteca do Inpa. Ele disse que a ocupação
desordenada da Amazônia tem aumentado o número
de aerossóis na atmosfera. E, quando em grande
quantidade na atmosfera, os aerossóis bloqueiam
a radiação solar por completo interrompendo
vários processos naturais.
Com informações da Agência Fapeam
Assessoria de Comunicação do INPA