Panorama
 
 
 

BUROCRACIA PODE FECHAR PARQUE COM PINTURAS RUPESTRES NO PIAUÍ, DIZ ARQUEÓLOGA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2008

30 de Janeiro de 2008 - Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Wilson Dias/Abr - Brasília - A arqueóloga Niède Guidon, que faz pesquisas no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, diz que o local poderá ser fechado no dia 31 por falta de verba para pagar funcionários.

Brasília - A burocracia exigida pelo governo federal para o repasse de recursos poderá provocar o fechamento de 28 guaritas que protegem o patrimônio arqueológico do Parque Nacional da Serra da Capivara, em Raimundo Nonato (PI). É o que diz a arqueóloga Niède Guidon, diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) e administradora do parque. Ela está há três dias em Brasília tentando encontrar uma solução para que o local não seja fechado ao público.

Hoje (30), o Ministério da Cultura (Minc) encaminhou, para publicação em portaria ministerial, um projeto cultural para a captação de até R$ 4,64 milhões entre 31 de janeiro e 30 de junho. O projeto estava parado desde março do ano passado aguardando a entrega de certidões que podem ser obtidas pela internet, como a Certidão Negativa de Débitos com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Uma pesquisa na página eletrônica do Ministério da Cultura, acessando o histórico do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) número 072522, mostra a demora para que o dinheiro, que ainda não chegou, fosse repassado do parque para o pagamento dos funcionários. No final de março, o Minc pediu a entrega da documentação, encaminhada para análise técnica cerca de um mês depois ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Somente após oito meses, em dezembro do ano passado, o projeto foi incluído na pauta da reunião da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (Cnic). Na reunião, o projeto foi aprovado sob a condição do envio de seis documentos: Certidão de Quitação de Tributos Federais (CQTF); Certidão de Quitação de Tributos e Contribuições Estaduais (CQTE); Certidão Negativa de Débitos com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e ainda a assinatura de um Termo de Compromisso e a elaboração de um novo cronograma de execução do projeto.

Para a arqueóloga, a validade dos documentos é muito curta (são cinco meses de autorização para a captação de recursos). Com a demora do ministério em avaliar os projetos, o problema da falta de recursos se repete a cada ano. “Tínhamos cinco escolas, estávamos formando crianças e adolescentes para entender o significado do parque. Nos estrangularam por falta de dinheiro, e as escolas estão fechadas”, afirma Niède, citando apenas um dos problemas já causados ao parque pela falta de recursos para manutenção.
O Minc divulgou hoje (30) nota de esclarecimento afirmando que desde 1996 a Fundham recebeu cerca de R$ 10 milhões de recursos orçamentários do ministério e da Lei Rouanet. Desse total, R$ 2 milhões foram do próprio Minc; e os outros R$ 7,8 milhões, de doações e patrocínios a projetos culturais. O Minc também afirma que está em vigência um convênio firmado no final do ano passado no valor de R$ 500 mil para ações de educação no parque.

Segundo Niède Guidon, os recursos a que o ministério se refere são destinados a projetos específicos, e não à manutenção dos funcionários do parque. Ela pede que o governo federal destine uma verba fixa no valor de R$ 400 mil mensais apenas para a manutenção do parque. Desse valor, cerca de R$ 105 mil seriam gastos com o pagamento de 112 funcionários (com salário médio de R$ 600 por mês). O restante seria usado para a manutenção das estradas que cortam o parque e dos veículos e equipamentos necessários para a atividade de guarda.

O Parque Nacional da Serra da Capivara abriga a maior quantidade de pinturas rupestres (feitas pelo homem pré-histórico em cavernas) das Américas. Além de sua riqueza arqueológica, é uma área de preservação da caatinga e um pólo turístico.

+ Mais

Parque com acervo de pinturas rupestres pode se tornar auto-sustentável, afirma arqueóloga

30 de Janeiro de 2008 - Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Wilson Dias/Abr - Brasília - A arqueóloga Niède Guidon, que faz pesquisas no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, diz que o local poderá ser fechado no dia 31 por falta de verba para pagar funcionários.

Brasília - O Parque Nacional da Serra da Capivara poderá se tornar auto-sustentável depois que os investimentos na área de turismo forem feitos na região. Essa é a opinião da diretora-geral da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) e responsável pelo parque, a arqueóloga Niède Guidon.

Ela veio a Brasília solicitar ao governo federal um orçamento mensal fixo de R$ 400 mil, para os próximos cinco anos, para pagar os funcionários que trabalham nas 28 guaritas que protegem o patrimônio arqueológico do parque, localizado em Raimundo Nonato (PI). Depois desse período, a especialista acredita que o parque consiga os recursos necessários para bancar seus próprios custos.

De acordo com a arqueóloga, próximo ao Parque Nacional da Serra da Capivara já está sendo construído um aeroporto internacional. As obras, que contam com recursos da ordem de R$ 18 milhões do Ministério do Turismo, estão previstas para serem concluídas na metade do próximo ano.

Segundo Niède, algumas empresas hoteleiras internacionais já manifestaram interesse em se instalar na região. Após esse período, ela acredita que o local conseguirá se tornar auto-sustentável, obtendo recursos por meio do turismo.

“Assim que o aeroporto estiver pronto vamos ser auto-suficientes”, garante.

O projeto turístico da região inclui ainda a construção de estradas, passarelas, chalés, acampamentos e tendas para a observação noturna de animais, além do museu já existente. Com tudo isso, a arqueóloga estima que a região deverá atrair uma média de 3 milhões de turistas por ano.

No fim deste mês, expira o aviso prévio de 62 dos 84 funcionários da Fumdham que ainda são os responsáveis pela guarda de toda a área do parque, mais de 240 quilômetros de perímetro, ou 140 mil hectares. Niède Guidon afirma que o patrimônio corre o risco de “fechar as portas” por causa da falta de recursos.

O Parque Nacional da Serra da Capivara possui o maior acervo de pinturas rupestres (feitas pelo homem pré-histórico em cavernas) das Américas. Além de sua riqueza arqueológica, é uma área de preservação da caatinga e um pólo de turismo. Em 1991, o parque recebeu o título de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

+ Mais

Parque com acervo de pinturas rupestres está ameaçado por falta de recursos

29 de Janeiro de 2008 - 06h27 - Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Wilson Dias/Abr - Brasília - A arqueóloga Niède Guidon, que faz pesquisas no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, diz que o local poderá ser fechado no dia 31 por falta de verba para pagar funcionários.

Brasília - O Parque Nacional da Serra da Capivara, localizado a 540 quilômetros de Teresina (PI), é conhecido mundialmente por abrigar a maior quantidade de pinturas rupestres (feitas pelo homem pré-histórico em cavernas) das Américas. Além de sua riqueza arqueológica, é uma área de preservação da caatinga e um pólo de turismo.

Todo esse patrimônio, no entanto, poderá ficar em risco a partir do fim deste mês, data em que expira o aviso prévio de 62 dos 84 funcionários da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) que restaram para guardar toda a área do parque, mais de 240 quilômetros de perímetro, ou 140 mil hectares.

Aos 74 anos, a arqueóloga Niède Guidon, filha de francesa e com 34 anos de pesquisas na região, chegou ontem (28) a Brasília para pedir ao governo que não deixe as “portas” do parque fecharem. Ela afirma que a situação é caótica, e que o 13º salário dos funcionários foi pago com um empréstimo pessoal que fez.

Nesta semana, ela tentará uma audiência com os ministros Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, Gilberto Gil, da Cultura, e Marina Silva, do Meio Ambiente, para pedir ajuda. A Agência Brasil tentou, nessa segunda-feira, ouvir os ministérios, mas ainda não obteve retorno.

Agência Brasil: Qual é a atual situação do Parque Nacional da Serra da Capivara?
Niède Guidon: Nós estamos tendo que demitir os últimos funcionários. Nós tínhamos 270, hoje temos 84, dos quais 62 já estão com aviso prévio para o dia 31 de janeiro. O parque tem 28 guaritas, todas elas tinham funcionários para fazer a vigilância, impedir caçadores, incêndios, e agora nós já estamos há cinco meses com 20 guaritas fechadas e vamos ter que fechar as últimas oito.

ABr: E o que isso significa?
Niède: Isso significa que todo este imenso patrimônio brasileiro, não só a parte arqueológica, o sítio, as pinturas, que são patrimônio da humanidade, mas tudo o que foi construído lá dentro, cerca de US$ 15 milhões, as guaritas todas, elas mobiliadas com sistema de rádio, mais de 400 quilômetros de estradas mantidas, 128 sítios com todo o sistema para permitir a visitação, com passarelas, com tudo, vão ficar completamente sem manutenção, sem proteção.

ABr: Há quanto tempo começou a faltar dinheiro para a manutenção do parque?
Niède: Essa situação de dificuldade começou há dois anos e só faz piorar a cada dia. Quem está nos salvando atualmente são doações da Petrobras, mas para ela poder nos fazer doações nós temos que ter autorização do Ministério da Cultura. E, infelizmente a burocracia é imensa, tem que estar pedindo a renovação dessa autorização, nós pedimos em março de 2007 e até hoje não foi publicada, então a Petrobras tem recursos para nos passar e não pode.

ABr: De quanto foi o último repasse da Petrobras?
Niède: A Petrobras nos repassou, em dezembro de 2006, cerca de R$ 1,2 milhão, mas isso não foi suficiente para manter os 270 funcionários. Então, nós tivemos que ir despedindo e agora, como não saiu a autorização do Ministério da Cultura, a Petrobras não pode repassar uma nova parcela.

ABr: E atualmente como está a situação financeira do parque?
Niède: Hoje não tem orçamento. Nós temos recebido recursos da Petrobras, mas não temos um orçamento para manter o parque nacional, e isso é uma coisa pela qual estamos lutando. Nós precisamos de um orçamento fixo para poder continuar esse trabalho. Esse parque hoje é o que tem a melhor estrutura da América, todo mundo vê e acha que é uma coisa fantástica, então nós temos que ver qual é a decisão do governo. O parque pertence ao Brasil, é uma responsabilidade do governo federal, e se o governo pretende não continuar desenvolvendo o parque, nós não podemos fazer nada. A responsabilidade é do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Cultura, porque ele é um Patrimônio da Humanidade, e o Brasil se comprometeu com a Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] de garantir a manutenção desse parque.

ABr: Quanto seria necessário para manter toda a estrutura do parque?
Niède: Nós precisamos, para manter todos os funcionários, para manter toda a proteção e conservação, de R$ 400 mil por mês. Com isso cria-se 270 empregos no Piauí, que é um estado onde a pobreza é muito grande, onde a seca não deixa a agricultura se desenvolver, e agora nós estamos entrando no terceiro ano de seca, então o turismo era uma solução.

ABr: Há estrutura no parque para desenvolver o turismo?
Niède: Já está sendo construído um aeroporto internacional, tudo está pronto, e agora falta dinheiro para manter aquilo que foi construído. A expectativa, quando tudo estiver pronto, o aeroporto, companhias hoteleiras que querem construir hotéis, será receber 3 milhões de turistas por ano. Esse é o resultado de um estudo feito por uma firma suíça, que foi quem fez todo o projeto. O parque já chegou a ter 15 mil visitantes por ano, mas como houve uma chuva muito forte em 2004, as estradas foram destruídas e o acesso ficou péssimo, então diminuiu muito, porque ficou muito difícil chegar até lá.

ABr: Há quanto tempo a senhora acompanha o Paque Nacional da Serra da Capivara?
Niède: Nós começamos a fazer pesquisa lá em 1973. Na ocasião, eu era professora em Paris (França) e vinha nas minhas férias, com os meus alunos, para fazer esse trabalho. Com isso, nós descobrimos uma quantidade imensa de sítios arqueológicos e foi criado o parque nacional em 1979, só que o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] criou, mas não mandou nenhum funcionário. Então a depredação começou e depois, em 1991, o governo brasileiro solicitou à França que eu fosse emprestada para coordenar os trabalhos visando à proteção do parque nacional. Foi então que eu vim da França para cá, me instalei lá, e começamos a trabalhar com toda a minha equipe, fizemos um estudo e trouxemos especialistas técnicos do Banco Interamericano (BID), do governo da França, do governo da Itália, e a conclusão foi que a região não têm condições de sobreviver pela agricultura e que a única atividade economicamente rentável seria o turismo.

ABr: O que a senhora pretende dizer aos ministros que encontrar esta semana em Brasília?
Niède: Estou comunicando oficialmente ao governo que a partir do dia 31 todo este imenso patrimônio vai estar sozinho, sem ninguém para tomar conta, porque se houver arrombamento, se quebrarem as coisas, nós não podemos mais assumir essa responsabilidade. E, sobretudo, eu tenho que comunicar à Unesco, porque nós somos os técnicos responsáveis pela conservação desse patrimônio, o governo brasileiro assumiu o compromisso de proteger o parque quando pediu que ele se tornasse patrimônio da humanidade, e agora, se ele não der o dinheiro, esse patrimônio ficará sob risco.

ABr: Se nada for feito, o que o Brasil poderá perder?
Niède: Ele perde todo um patrimônio cultural dos primeiro povos que viveram aqui, é o sítio mais antigo que nós temos nas três Américas, somente no museu hoje nós temos mais de um milhão de peças, belíssimas. Foi feito um museu para atrair os turistas, nós temos tudo lá, e o parque é uma paisagem maravilhosa, ele está muito bem preservado, e além disso naquela região, até há 10 mil anos atrás, nós tínhamos o encontro de dois grandes biomas brasileiros, que é a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, e até hoje dentro do parque nacional estão preservadas espécies dos dois biomas.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.