25 de Janeiro de 2008 - Sabrina
Craide - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - Se houvesse um número
maior de servidores no Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e se a remuneração dos funcionários
fosse melhor, os dados sobre o desmatamento na região
amazônica poderiam ser melhores, já
que haveria mais condições de fazer
uma fiscalização adequada. A avaliação
é do presidente da Associação
Nacional dos Servidores do Ibama (Asibama), Jonas
Corrêa.
“O Ibama não tem servidores
necessários para desenvolver essas atividades.
O que é feito hoje é porque o servidor
veste a camisa para cumprir a sua missão”,
diz Corrêa. Segundo ele, a situação
se agravou com a transferência de funcionários
para o Instituto Chico Mendes, criado no ano passado
por medida provisória.
A média salarial dos servidores
do Ibama, segundo o presidente da associação,
é de R$ 2,5 mil para nível superior
e de R$ 1,2 mil para nível médio.
De acordo com Corrêa, há acordos assinados
com a diretoria do órgão para aumentar
o salário, mas ainda não foram colocados
em prática.
O presidente do Ibama, Bazileu
Margarido, afirma que o órgão está
discutindo com o Ministério do Planejamento
a realização de concurso público
para o cargo de analistas ambientais. Ele garante
que instituto vem investindo em recursos humanos,
financeiros e logísticos.
Margarido cita a parceria com
o Exército e a Polícia Federal em
operações de fiscalização
realizadas no ano passado. Segundo o presidente,
este ano a Força Nacional de Segurança
deve atuar de maneira mais incisiva na atividade
de combate aos crimes ambientais. “Nós sempre
procuramos formas de ter à disposição
um contingente cada vez maior de pessoas para estas
atividades”, destaca.
+ Mais
Prefeitos contestam dados sobre
desmatamento na Amazônia
25 de Janeiro de 2008 - Sabrina
Craide - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - A explicação do
primeiro e do terceiro município que aparecem
no ranking dos que tiveram mais desmatamento entre
agosto e dezembro do ano passado é praticamente
a mesma. Para os prefeitos de Marcelândia
e Querência, ambos no Mato Grosso, o grande
número de áreas queimadas no ano passado
pode ter sido confundido com a realização
de desmatamentos.
Ontem (24), o governo federal
divulgou uma lista de 36 municípios que terão
prioridade nas ações de prevenção
e controle do desmatamento, identificados com base
em monitoramento por satélite. Nessas cidades,
já estão proibidas novas autorizações
de derrubadas. Na quarta-feira (23), o Ministério
do Meio Ambiente o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) apresentaram dados que mostram
a devastação de 3.235 quilômetros
quadrados na região amazônica de agosto
a dezembro de 2007.
Adalberto Diamante, prefeito de
Marcelândia, que foi apontada como a cidade
que mais desmatou nos últimos cinco meses
de 2007, diz que há um controle intenso da
Secretaria Estadual de Meio Ambiente na região
e que não houve desmatamento no ano passado.
“Tivemos queimadas descontroladas no município,
que estão aparecendo nas imagens de satélite
como desmatamento”, afirma.
O prefeito diz que irá
fazer um levantamento detalhado da situação
do município, em parceria com organizações
não-governamentais e institutos.
O prefeito de Querência,
Fernando Goergen, que ficou em terceiro lugar na
colocação, também contesta
a informação do Inpe. “Devem ter confundido
queimadas de pasto com desmatamentos”, afirma, lembrando
que no ano passado houve um grande número
de áreas queimadas na cidade. “É uma
inverdade o que estão publicando”, diz o
prefeito.
Segundo ele, tanto o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) quanto a Secretaria Estadual
do Meio Ambiente fazem uma fiscalização
bastante rigorosa em relação aos desmatamentos
na região. “Qualquer ocorrência de
desmatamento é imediatamente denunciada”,
alega. O prefeito garante que no município,
que tem a economia baseada na agricultura e pecuária,
“o meio ambiente e a agricultura vivem em harmonia,
desde que seja obedecida a legislação
ambiental”.
A prefeita de Alta Floresta (MT),
Maria Izaura Alfonso, também discorda da
inclusão do município na lista dos
mais desmatados. “Não sabemos de derrubadas
no nosso município. Estamos nos sentindo
injustiçados por esta medida”, afirma. A
cidade ficou em 23º lugar no ranking das que
mais desmataram ano passado.
Segundo ela, a prefeitura vai
fazer uma reunião com a Secretaria Estadual
de Meio Ambiente e com o governador do Mato Grosso
para definir ações conjuntas. “Vamos
fazer um levantamento, ver o que aconteceu. Não
podemos ser penalizados dessa maneira, de jeito
nenhum”, diz a prefeita.
A grande extensão territorial
do município de Altamira (PA) – 159 mil quilômetros
quadrados – e a falta de pessoal para combater os
desmatamentos são apontadas pelo secretário
municipal de gestão do Meio Ambiente e Turismo,
Francisco Modesto da Silva, como as causas para
que a cidade esteja em 14º lugar na lista das
mais desmatadas.
“Temos uma dificuldade muito grande
de acompanhar toda a dimensão do município,
principalmente na questão do desmatamento”,
argumenta o secretário, lembrando que a estrutura
municipal é pequena para conter as derrubadas.