Panorama
 
 
 

FUNAI E POLÍCIA FEDERAL PODEM LANÇAR OPERAÇÃO
PARA DESOCUPAR RAPOSA SERRA DO SOL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2008

29 de Janeiro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O coordenador executivo do Comitê Gestor do governo federal em Roraima, José Nagib Lima, admitiu hoje (29) a possibilidade de recorrer a uma operação conjunta da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Polícia Federal para despejar arrozeiros que vivem na terra indígena Raposa Serra do Sol. Em entrevista ao programa Amazônia Brasileira, da Rádio Nacional da Amazônia, Nagib ressaltou que a desocupação é prioridade para o governo.

“Não sei se será daqui a uma semana ou um mês, mas temos prioridade zero em fazer que isso ocorra. É uma determinação da Presidência da República correr com essa operação”, afirmou Nagib. Ele não descarta o risco de conflito. “Não podemos descartar a possibilidade de conflito, mais por causa dos rizicultores [plantadores de arroz] que dos índios”, argumenta.

Apesar de ter sido homologada em abril de 2005, a terra indígena Raposa Serra do Sol, com aproximadamente 1,74 milhão de hectares em Roraima, ainda não está sob ocupação exclusiva dos índios. Um grupo de arrozeiros que detém grandes lavouras na área nega-se a deixar as propriedades.

Lideranças indígenas já pediram o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) para cobrar providências do governo. “Com a possibilidade alimentada por rizicultores de afrontamento á ordem pública, o pleito dos índios é natural”, avaliou Nagib. Cerca de 18 mil indígenas, das etnias Ingaricó, Macuxi, Patamona, Taurepang e Wapixana ocupam a área.

O coordenador informou que cerca de 300 famílias de produtores que estavam na terra indígena foram indenizadas e reassentadas em uma área a 150 quilômetros de Boa Vista, às margens da BR-174. Os pedaços de terra cedidos variam de 100 hectares até 1,5 mil hectares. “A área disponibilizada para os rizicultores é de produção. Dentro dessa área pode ou não ter arroz irrigado. A terra é que vai dizer qual é a vocação dela”, ressaltou.

Um grupo de 40 a 50 famílias, liderado por oito grandes empresários não concordou com as ofertas do governo e nega-se a deixar o local. Eles exigem, segundo Nagib, uma indenização maior e a transferência para área em condições similares às ocupadas atualmente, com características favoráveis à produção de arroz. No entanto, o representante do governo federal em Roraima diz ser impossível atender às reivindicações.

Segundo Nagib, o valor das indenizações é, muitas vezes, aquém do esperado pelos produtores por não incluir gastos com o desmatamento ilegal e o uso de parte da água da cabeceira do rio sem autorização da Agência Nacional de Águas (ANA). Ele destaca que todos os produtores da região foram multados em 2005 por derrubada da vegetação.

Nagib Lima criticou o presidente da Associação de Arrozeiros de Roraima, Paulo César Quartiero, por manter um foco de resistência. Disse que todos os bens do empresário foram bloqueados pela Justiça estadual há dez dias por causa de irregularidades supostamente cometidas por Quartiero quando foi prefeito em Pacaraima (RR).

Os produtores brancos com laços de parentesco com índios, diz Nagib, não serão obrigados a deixar a terra indígena, mas apenas a oferecerem, mediante indenização, sua propriedade a serviço da comunidade. Professores também poderiam continuar seu trabalho nas aldeias, desde que haja concordância dos líderes indígenas. “Não queremos criar ali uma segregação racial”, justifica.

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Líder arrozeiro diz que grupo não deixa Raposa Serra do Sol

29 de Janeiro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Não há possibilidade de grandes produtores agrícolas entrarem em acordo com o governo federal para deixar a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, área de 1,7 milhão de hectares em Roraima. A afirmação foi feita hoje (29) pelo presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Paulo César Quartiero. Em entrevista à Agência Brasil, ele disse não acreditar na realização de uma operação para retirar os produtores à força.

“Isso já é um assunto superado porque não tem condição de ser efetivada uma operação dessa. A população de Roraima não aceita o intervencionismo do governo federal com medidas antidemocráticas e ditatoriais”, disse Quartiero.

A homologação da terra indígena, em abril de 2005, é definida pelo arrozeiro como “medida fraudulenta”. Ele ressalta que a atividade agrícola gera R$ 130 milhões de faturamento bruto por ano e fortalece a economia do estado.

Quartiero desqualificou as declarações do coordenador executivo do Comitê Gestor do governo federal em Roraima, José Nagib Lima, para quem a retirada dos arrozeiros da Raposa Serra do Sol é prioridade.

“Parece até que não tem governo estadual nem representante eleito aqui”, criticou o arrozeiro.

“O senhor Nagib só vai para a imprensa mentir à população e acredito que faça o mesmo ao presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva], passando uma imagem diferente da realidade que acontece em Roraima.”

Os reassentamentos propostos pelo governo federal aos arrozeiros são, segundo Quartiero, “campos de extermínio da população”.

O produtor também enxerga a influência de interesses estrangeiros nos argumentos de ambientalistas e índios que cobram a retirada dos produtores da Raposa Serra do Sol. Para ele, a classe produtora é vítima de perseguição. "Já nos chamam de grileiros, de devastadores e é tudo isso mentira. Daqui a pouco vão dizer que usamos trabalho escravo ou que estupramos não sei quem.”

Quartiero também negou que todos os seus bens tenham sido bloqueados pela Justiça em razão de irregularidades que teria cometido na prefeitura de Pacaraima (RR), de onde saiu cassado por compra de votos. Admitiu apenas o bloqueio de R$ 21 mil, contra o que já recorreu.

Quartiero ironizou as acusações de corrupção. “Me acusam de ter roubado travesseiro, colchão, mesa e cadeira. Graças a Deus a prefeitura não tinha galinheiro, porque senão iam dizer que roubei as galinhas.”

O líder arrozeiro reiterou não abrir mão da permanência na terra indígena. “Nós representamos a resistência de Roraima e a defesa do território nacional na Amazônia.”

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Índios vão esperar que governo retire até março arrozeiros da Raposa Serra do Sol

29 de Janeiro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Se o governo federal não realizar, até o fim do mês de março, uma operação para retirar os produtores de arroz da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, os índios da região estão prontos para expulsar os fazendeiros de suas terras. Foi o que garantiu hoje (29) à Agência Brasil o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza.

“Já estamos cansados de sofrer violência, ameaça e abuso dentro da nossa própria casa. Isso a gente não aceita mais. Esperamos só até março, e se não ocorrer [a operação de desintrusão], vamos ter que fazer o trabalho que o governo prometeu”, afirmou Souza.

Segundo o líder indígena, a resistência de rizicultores e fazendeiros em deixar a Raposa Serra do Sol é um desrespeito à decisão do governo brasileiro e aos povos indígenas. Cerca de 18 mil índios das etnias Ingaricó, Macuxi, Patamona, Taurepang e Wapixana ocupam a área. “Os brancos dizem que somos invasores, mas ninguém invade sua própria terra”, disse Souza.

O coordenador do CIR informou que se encontrou recentemente com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do governo federal em Roraima, quando lhe foi dito que a operação de desintrusão está prevista e vai sair. Entretanto, acrescentou Souza, a data da medida não foi informada.

Dionito de Souza confirmou que o CIR formalizou reclamação na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a demora do governo brasileiro em cumprir a promessa de retirar os arrozeiros da Raposa Serra do Sol: “Fizemos isso para que saibam que estão brincando com a lei no Brasil.”

De acordo com Souza, a produção de alimentos para a população de Roraima não seria prejudicada com a mudança de local dos arrozeiros. “Eles [os arrozeiros] estão perdendo tempo. Já deveriam ter ido para onde o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] quer reassentá-los, em áreas até maiores do que as de hoje.”

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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