30/01/2008 – Foto: Jefferson Rudy/MMA
- Uma comissão interministerial esteve hoje
(30) na região do município de Marcelândia,
no Mato Grosso, e constatou
a grande extensão do desmatamento na área.
Ao governador Blairo Maggi e prefeitos de municípios
do estado, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
pediu apoio para implementação das
medidas previstas no decreto presidencial assinado
em dezembro passado com ações mais
rígidas de combate ao desmatamento.
A ministra acertou que o governo
do Estado, Ministério do Meio Ambiente e
Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpe)
irão checar os dados divulgados recentemente
e que indicam tendência de aumento nas áreas
desmatadas. Marina Silva deixou claro, no entanto,
que isso não significará uma revisão
da lista dos 36 municípios selecionados na
Amazônia como prioritários para ações
mais rígidas para combater o desmate ilegal
na região.
Os municípios foram selecionados
com base em três indicadores: total desmatado
desde o início do monitoramento, total desmatado
nos últimos três anos e aumento da
taxa de desmatamento em pelo menos três vezes
nos últimos cinco anos (consecutivas ou não).
O grupo acompanhou a situação
em nove áreas na região de Marcelândia,
município que apresentou o maior número
de ocorrências de desmatamento acima de 100
hectares no ano passado. As áreas, selecionadas
pelo INPE, foram desmatadas no segundo semestre
de 2007, entre os meses de novembro e dezembro.
"Infelizmente, a situação é
preocupante, mas vamos agir com urgência e
temos a convicção de que é
possível vencer esta guerra nos próximos
seis meses e fechar 2008 com índice de queda",
afirmou Marina Silva.
Marina Silva fez um apelo aos
produtores para assumam o compromisso de não
cortar mais nenhuma árvore da região.
Ela lembrou que o Mato Grosso fez um esforço
grande nos últimos três anos e conseguiu
sair do título de maior devastador da Amazônia
para uma redução de 72% nos cortes,
acrescentando que o estado não pode retroceder.
Em Brasília, a ministra
destacou que existe uma dinâmica econômica
na região, uma disputa para converter recursos
naturais, no caso a floresta, em atividades econômicas
e que isso não pode, em hipótese nenhuma,
ser olvidada. "Mas trabalhamos com as ferramentas
para compatibilizar as ações de comando
e controle com ações de desenvolvimento
sustentável", acrescentou. A responsabilidade
de trabalhar as ações de comando e
controle, destacou, é para que não
se tenha uma situação de fato consumado,
que é o que acontecia até 2003.
Na época, a averiguação
dos dados se dava no ano inteiro e quando era anunciada
a taxa, em agosto, já não se podia
fazer mais nada. Hoje, o MMA trabalha com a idéia
de fazer a prevenção para que se possa
interferir na dinâmica. Marina destacou ainda,
que não irá ficar discutindo se o
desmatamento está aumentando ou não.
"Os indícios são fortes, desmatamentos
consolidados de grande dimensão foram constatados
e vamos agir com sentido de urgência como
agimos nos anos anteriores", afirmou, acrescentando
que neste ano o rigor será ainda maior.
A ministra destacou também
que existem vetores combinados na região.
"Nós observamos hoje um processo de
exploração predatória de madeira,
uma primeira frente. Depois são feitas queimadas,
com certeza criminosas, utilizando toda a matéria
orgânica para a retirada do corte seletivo
de madeira. Em seguida, essas áreas são
submetidas à derrubada e com as derrubadas
vêm as pastagens. E depois outra forma de
ocupação".
Além da ministra,
integraram a comitiva os chefes das pastas do Desenvolvimento
Agrário, Guilherme Cassel e da Justiça,
Tarso Genro, o ministro interino da Defesa, Enzo
Martins e o secretário-executivo do Ministério
da Agricultura, Silas Ribeiro e o secretário-executivo
do MMA, João Paulo Capobianco, além
de autoridades do Inpe, Ibama, Casa Civil, Polícia
Federal e Incra.