26 de Janeiro de 2008 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil -
Manaus - Após ter sido baleado por caçadores
na comunidade Vila Amazônia, em Parintins
(AM), e ter conseguido sobreviver por pelo menos
dez dias, um gavião real adulto com cerca
de 90 centímetros de
altura morreu no início desta semana, instantes
antes de ser operado no Centro de Triagem de Animais
Silvestres (Cetas), em Manaus. “Com o tiro, ele
deve ter caído de uma altura de 30 ou 40
metros, mas a causa da morte se deve em função
do tempo que levou para obter ajuda veterinária",
explicou o veterinário do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) Carlos Abrahão.
Esse é um dos casos atendidos
pelo Núcleo de Faunas do Ibama, em Manaus.
Desde que foi criado, em 1989, o núcleo atendeu
pelo menos 22 mil animais. Isso representa uma média
de 1,2 mil por ano para apenas cinco profissionais,
dos quais apenas dois são veterinários.
“A falta de mais profissionais, aliado aos custos
para fazer o transporte dos animais estão
entre os principais problemas da rotina de trabalho”,
avalia Abrahão. "Contamos com a ajuda
dos escritórios regionais também para
que, se possível, o tratamento do animal
seja feito no local."
Segundo o Ibama, os crimes contra
os animais silvestres são comuns na região
amazônica. Apesar de ser uma das espécies
listadas pelo Ministério do Meio Ambiente
entre os animais com altíssimo risco de extinção,
o gavião real continua sendo alvo de caçadores
no interior da Amazônia. A espécie
é uma das maiores aves de rapina do mundo
e vive em áreas de florestas do sul do México
ao nordeste da Argentina. No Brasil, está
presente na Amazônia, no Cerrado, no Pantanal
e na Mata Atlântica.
De acordo com o Núcleo
de Faunas do Ibama em Manaus, geralmente esse tipo
de ave é baleado por medo de possíveis
ataques ou mesmo para servir de alimento para a
população local. “A caça não
se restringe ao gavião real. Todos os anos,
recebemos tartarugas, jacarés, preguiças,
pássaros e muitos outros bichos machucados
pela ação do homem. Devemos respeitar
a natureza, até porque, em muitos casos,
é o homem quem invade o meio ambiente do
animal", alerta Abrahão.
Para atender a esse tipo de situação
no Amazonas, o Ibama conta com o Centro de Triagem
de Animais Silvestres (Cetas). Lá, a equipe
atende todos os animais encaminhados para receber
o tratamento adequado em cada caso. Após
o total restabelecimento do animal, ele passará
por uma avaliação que decidirá
pela recondução à natureza
ou a transferência para zoológicos
ou criadouros. “Tem casos em que o animal não
tem condições de voltar apara a natureza",
explica o veterinário do Ibama.
De acordo com Lei de Crimes Ambientais,
de 1998, a multa para quem pratica a caça
ilegal de animais varia entre R$ 500 e R$ 5,5 mil
por animal abatido. A medida vale também
para os que buscam as penas de pássaros silvestres
para confecção de adornos ou outros
objetos.