25 de Janeiro de 2008 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil -
Manaus - A direção do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) em Rondônia
acusa o governo estadual de ter abandonado os agentes
do órgão federal a poucos momentos
do início de uma operação de
fiscalização nos municípios
de Machadinho D´Oeste e Cujubim. A operação
teria início na quarta-feira (23) e envolveria
o trabalho conjunto de fiscais do Ibama e de policiais
civis e militares.
Segundo o superintendente do Ibama
em Rondônia, Osvaldo Luiz Pittaluga, a atividade
tinha como objetivo o combate ao desmatamento irregular
e a apreensão de madeira extraída
ilegalmente na região e, em conjunto com
o governo do estado, a vistoria de planos de manejo.
Pittaluga afirma ter sabido da
desistência do governo estadual pelo comandante
da Polícia Ambiental e pelo delegado da Delegacia
Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente,
responsável pela operação.
Segundo o representante do Ibama, a ordem teria
vindo do próprio governador Ivo Cassol, por
meio do secretário-adjunto da Secretaria
de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam),
Cleto Muniz de Brito.
"Eles me disseram que haviam
recebido um comando expresso do secretário-adjunto
da Sedam que, por ordem do governador, o pessoal
do estado deveria sair da operação.
Apesar disso, não soubemos até então
quais motivos levaram a essa medida porque já
estamos atuando em conjunto com o estado há
mais de um ano", disse Pittaluga.
Segundo a representação
do Ibama em Rondônia, a região concentra
diversos casos de extração ilegal
de madeira, principalmente nas seis reservas extrativistas
estaduais e na Floresta Nacional do Jamari. "Existem
[na região] muitos planos de manejo que funcionam
indevidamente e acobertam furtos de madeira, principalmente
em unidades de conservação e terras
indígenas", complementou.
Ao tomarem conhecimento da medida,
os funcionários do Ibama entraram em contato
com as Polícias Federal e Rodoviária
Federal e aguardam reforços para retomada
dos trabalhos. Eles se dizem ameaçados e
alegam que a legislação determina,
desde o ano passado, que o Ibama compartilhe a gestão
ambiental com os estados. " Se não houver
reforço policial, nosso pessoal corre risco
de morte em Rondônia”, ressaltou Pittaluga.
O governador Ivo Cassol disse
ter sido informado de que os fiscais do Ibama utilizariam
critérios "arbitrários"
de medição de madeira e de aplicação
de multas e prisões que estariam em desacordo
com a legislação estadual e que, por
isso, decidiu suspender o trabalho conjunto. Machadinho
D´Oeste ocupa o 32º lugar entre os 36
municípios brasileiros que responderam por
50% da área desmatada na Amazônia em
2007, de acordo com lista divulgada ontem (24) pelo
governo federal.
"Alguns desses ficais estão
soltando autos de infração irregulares
e abusivos e dizendo que quem está mandando
fazer isso é o estado de Rondônia.
Isso não é verdade. Eles que façam
o trabalho deles e nós façamos o nosso.
Eles querem desestabilizar o estado de Rondônia
para acobertar o Pará, o Acre e outros estados",
acusou o governador à Agência Brasil.