14 de Fevereiro de 2008 - Kelly
Oliveira - Repórter da Agência Brasil
- Antonio Cruz/Abr - Brasília - O bispo de
Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, chega
ao Congresso para participar de reunião sobre
o projeto de transposição do Rio São
Francisco.
Brasília - A aplicação do Atlas
de Desenvolvimento do Semi-Árido do Nordeste,
divulgado no ano passado pela Agência Nacional
de Águas (ANA), seria a forma ideal de suprir
as necessidades de água na região.
A opinião é do bispo
de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, que
participa de audiência pública na Comissão
de Direitos Humanos e Legislação Participativa
(CDH) do Senado para discutir o Projeto de Integração
do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas
do Nordeste Setentrional.
Segundo dom Cappio, as ações
previstas no atlas podem beneficiar 44 milhões
de pessoas, quase quatro vezes mais do que os 12
milhões previstos com a transposição
do Rio São Francisco.
Ao começar sua participação
nos debates no Senado, o bispo afirmou que representa
as populações indígenas, quilombolas,
brasileiros e brasileiras que se preocupam com a
vida.
Para dom Cappio, o projeto de
transposição é um modo retrógrado
de gestão da água, não representa
o desenvolvimento que se deseja para o Nordeste.
Segundo ele, o atlas é o projeto ideal, mas
o governo considera o trabalho da ANA como um complemento
da obra de transposição.
O bispo afirmou que nunca houve
diálogo do governo com a população
civil sobre a obra e que a população
difusa do Nordeste vai continuar marginalizada do
acesso à água. Para ele, a população
urbana vai ter que pagar o elevado custo do acesso
à água. “É o pobre colocando
a mesa para o rico. Privilegia-se o grande em detrimento
do pequeno”.
Segundo dom Cappio, a rota da
água passa a centenas de quilômetros
das regiões mais necessitadas. Ele afirmou
que o projeto ignora 34 povos indígenas,
156 comunidades quilombolas “e um sem número
de populações ribeirinhas”.
O Atlas de Desenvolvimento do
Semi-Árido do Nordeste é um documento
produzido durante três anos. Traz um diagnóstico
dos sistemas de rede de distribuição
de água e dos mananciais (fontes, rios e
reservatórios) de cerca de 1,3 mil municípios
nordestinos com mais de cinco mil habitantes.
Além disso, apresenta alternativas
para cada um deles solucionar o problema do abastecimento,
via adutoras, águas subterrâneas ou
através da captação em rios
e reservatórios.