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AVANÇO DA AGROPECUÁRIA AMEAÇA UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, DIZ PROCURADOR

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2008

9 de Fevereiro de 2008 - Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O avanço da produção agropecuária em direção ao sul do Pará e a ocupação desordenada de terras públicas no estado, inclusive em unidades de conservação ambiental, ameaçam a chamada Terra do Meio, em plena floresta amazônica.

Para representantes do Ministério Público Federal (MPF), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da própria Secretaria de Meio Ambiente do Pará, além de regulamentar o uso das unidades e intensificar a fiscalização, é necessário enfrentar os problemas fundiários para impedir os abusos cometidos na região.

“Há um avanço da pecuária que começa a atingir a Terra do Meio, tanto as unidades de conservação quanto as áreas próximas a elas. Também temos constatado a presença ilegal de pecuaristas”, afirma o procurador da República no estado, Ubiratan Cazetta. “Não há servidores em número suficiente para fiscalizar [as unidades de proteção] e nem mesmo uma definição em relação a como a área deve ser utilizada. Se não houver uma resposta rápida, a falta de infra-estrutura pode tornar inútil a criação das unidades”, conclui Cazetta.

“Mesmo nas unidades de uso sustentável que possibilitam algum tipo de atividade econômica são permitidos apenas a exploração extrativista ou o manejo racional de florestas. Em nenhuma delas é permitida a produção extensiva de gado. Quando muito, apenas uma ou outra cabeça para subsistência familiar”, diz o procurador.

Cazetta afirma que os conflitos sociais vêm aumentando nos últimos anos, já que a degradação da floresta ameaça as populações tradicionais (indígenas, ribeirinhos e outras pessoas que habitam a região há muito tempo, vivendo de um extrativismo não-predatório). “As pessoas acabam expulsas de suas áreas pela indústria madeireira ilegal, que está à frente do desmatamento. Depois que a madeira é retirada, os espaços já degradados viram grandes plantações de soja e, por fim, pastos. O madeireiro, a esta altura, já partiu à procura de novas terras”.

Localizada entre os rios Xingu e Tapajós e cercada por unidades de conservação e áreas indígenas, a Terra do Meio é considerada um oásis de proteção ambiental devido à riqueza de sua biodiversidade. Também é cobiçada por guardar a maior reserva de mogno do planeta, madeira de grande valor econômico.

Ao todo, a Terra do Meio compreende uma área de 8,5 milhões de hectares e não deve ser confundida com a Estação Ecológica Terra do Meio, uma das unidades de conservação que compõe o chamado mosaico, ao lado do Parque Nacional da Serra do Pardo, da Área de Preservação Ambiental Triunfo do Xingu, da Floresta Estadual do Iriri, das Reservas Extrativistas do Iriri, do Riozinho do Anfrísio e do Médio Xingu, e das terras indígenas Xipaya e Kuruaya.

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Superintendente do Ibama confirma casos de atividade ilegal em reservas extrativistas

9 de Fevereiro de 2008 - Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Responsável pela equipe de 14 servidores a quem compete fiscalizar os 8,5 milhões de hectares de unidades de conservação existentes na Terra do Meio, no Pará, o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Altamira, Roberto Scarpari, confirma a presença de pecuaristas em áreas de proteção ambiental. E acusa também a pressão dos sojicultores mato-grossenses sobre as unidades de conservação.

Scarpari alega que a atividade agropecuária diminuiu nas unidades de proteção integral (aquelas que não podem ser habitadas pelo homem e que admitem apenas o uso indireto dos seus recursos naturais), mas persiste nas áreas de uso sustentável, principalmente nas reservas extrativistas (resex) criadas recentemente e ainda não regulamentadas. “Nessas, ainda existe algumas atividades que têm de ser proibidas. Não só a pecuária, mas também o garimpo e a extração de madeira”.

As unidades de uso sustentável permitem a utilização dos recursos naturais, desde que fique comprovada a sustentabilidade da atividade, como, por exemplo, a extração de óleos, resinas e fibras vegetais. À Agência Brasil, o procurador da República no estado, Ubiratan Cazetta, explicou que em nenhuma das duas categorias de unidades é permitida a produção extensiva de gado.

Segundo Scarpari, embora as reservas indígenas localizadas próximas à fronteira do Pará com o Mato Grosso ajudem a impedir o avanço da agricultura, os produtores de gado já se instalaram muito próximo às áreas de proteção. “Mais de um terço do rebanho do estado se concentra a partir de São Félix, ao sul da Estação Ecológica Terra do Meio e do Parque Nacional do Pardo”.

Chamando a atenção para a grilagem de terras públicas, Scarpari garante que o Ibama, além de autuar fazendeiros que ocupam áreas ilegais, tem procurado obter autorizações judiciais para retirá-los do interior das unidades de conservação. “Com mandados expedidos pela Justiça Federal, estamos prestes a efetivamente desativar esses empreendimentos. O pessoal simplesmente grilou essas terras, destruíram florestas e instalaram pastos”.

O secretário estadual de Meio Ambiente, Valmir Ortega, admite o problema, mas afirma que a situação melhorou. “Eu diria que hoje há um número menor [de grandes criadores]. Temos algumas situações que já vêm desde antes da criação das unidades, e ainda não houve um esforço de regularizar essas áreas. E há sinais de que alguns produtores tenham entrado nas unidades depois de elas terem sido criadas”.

Recentemente, após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) ter divulgado os dados do desmatamento na Amazônia entre os meses de agosto e dezembro de 2007, o próprio secretário afirmou que a expansão da pecuária no Pará era o principal fator para o estado ter ficado em segundo lugar no ranking dos que mais desmataram, tendo derrubado uma área de 591 quilômetros quadrados.

Ortega afirma que está preparando com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e o Ibama um conjunto de ações para enfrentar não só o desmatamento, mas também a questão da regularização fundiária. “Estimamos que deve haver, dentro das duas unidades estaduais [Floresta do Iriri, com 500 mil hectares, e a Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, de 1.679 milhão de hectares, ambas criadas em dezembro de 2006] mais de 500 famílias. Elas terão de ser remanejadas. Os que forem pequenos produtores terão de ser reassentados. E as grandes fazendas, fruto de grilagem, devem ser retomadas”.

A reportagem tentou ouvir o Instituto Chico Mendes, mas o órgão não se manifestou até a matéria ser publicada. Criado em abril do ano passado, a partir de uma divisão do Ibama, cabe ao instituto propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as unidades de conservação instituídas pela União, o que, segundo a Medida Provisória que o criou, não exclui o “exercício supletivo do poder de polícia ambiental” do Ibama.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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