17 de Fevereiro
de 2008 - Luana Lourenço - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - Ao contrário
do que defende o Painel Intergovernamental de Mudança
Climática (IPCC, na sigla em inglês),
a temperatura da terra não vai aumentar nos
próximos anos. A teoria é defendida
por pesquisadores “céticos” do aquecimento
global, que rejeitam a tese da contribuição
do homem para o fenômeno e apontam a influência
de fatores externos ao planeta – entre eles os raios
cósmicos galácticos – como justificativas
para variações do clima terrestre.
Com base em dados do programa
Cosmics Leaving Outdoor Droplets (Cloud), que reúne
cientistas de dez países, um grupo de pesquisadores
entregou uma carta ao ministro da Ciência
e da Tecnologia, Sérgio Rezende, na última
semana.
Eles questionam a ação
antrópica (do homem) no aquecimento e pedem
a participação do ministério
em seminários que pretendem realizar neste
ano. Nos encontros, o grupo pretende discutir a
teoria dos raios cósmicos e “trazer o debate
para o público”, segundo o pesquisador Luis
Carlos Molion, professor da Universidade Federal
de Alagoas (Ufal), PhD em meteorologia e um dos
signatários do documento.
“Os raios cósmicos galácticos
interagem com a troposfera e induzem a formação
de núcleos de condensação essenciais
à formação de nuvens que aumentam
a refletividade da Terra e a esfriam”, afirma a
carta entregue ao ministro.
De acordo com o professor Molion,
nos próximos 50 anos “o número de
raios deve aumentar, elevando a produção
de nuvens baixas, e com isso haverá um resfriamento
da Terra, ao invés de um aquecimento”, afirmou.
A hipótese, segundo o professor, já
foi testada em laboratório em um experimento
anterior ao Cloud.
De acordo com o documento, “o
IPCC não faz precisões, faz projeções
baseadas em cenários hipotéticos e
utilizando modelos simplificados do clima global
cujos resultados carecem de validação”.
Molion defende a ampliação do debate
sobre o tema no Brasil, que segundo ele, é
enviesado por uma visão única do tema,
a do IPCC.
“A informação que
chega ao público é muito distorcida,
como se o homem fosse o grande vilão, o responsável
pelo aquecimento global. O que nós queremos,
e isso foi dito ao ministro, é que se faça
um debate desprovido de qualquer emoção,
de qualquer tendência dogmática, para
que se esclareça o que há de verdade
nesse aquecimento global e quais são os pontos
favoráveis e discordantes de cada teoria”,
apontou.
Na avaliação de
Molion, no debate brasileiro há uma confusão
entre mudanças climáticas e conservação
ambiental. “Não se deve confundir conservação
– por exemplo, a necessidade de frear o desmatamento
na Amazônia – com aquecimento global. Não
importa se o clima do globo aquece ou resfria, a
conservação ambiental é uma
necessidade para que as próximas gerações
possam desfrutar das mesmas riquezas naturais que
nós temos hoje”.