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FUNAI SUSPEITA QUE ÍNDIOS FORAM MANIPULADOS PARA FAZER REFÉNS NO XINGU

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2008

23 de Fevereiro de 2008 - Marcos Chagas - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, disse ter sido surpreendido pela decisão dos índios da etnia Ikpeng, do Xingu (MT), de fazer reféns 12 servidores da instituição e técnicos que realizavam um estudo de impacto ambiental no Rio Culuene. Segundo ele, antes da viagem à região, a Funai solicitou aos líderes indígenas autorização para o trabalho no Alto Xingu, inclusive dos Ikpeng.

Em entrevista à TV Brasil, Meira afirmou suspeitar que os Ikpeng foram "manipulados" para tomar tal atitude. Ele não disse, no entanto, de quem teria partido a manipulação. "Nós suspeitamos, não temos certeza, que eventualmente até tenham influências ou manipulações que a gente não sabe [de quem partiu] para que esses índios tenham tomado essa atitude."

A Funai fez um acordo com os guerreiros da tribo para que uma delegação de 40 representantes viesse neste fim de semana a Brasília negociar a liberação dos reféns. A previsão era que o grupo se reunisse com Márcio Meira amanhã, mas o encontro foi adiado porque os indígenas resolveram fazer uma assembléia para escolher os guerreiros que participarão das negociações.

Segundo Meira, a assembléia será realizada amanhã (24). O avião para transportar os Ikpeng da aldeia ao município de Canarana (MT) e o ônibus para a viagem a capital federal estão à espera dos índios.

O presidente da Funai disse que está em contato permanente com as lideranças dos Ikpeng. Ele descarta qualquer possibilidade de ir ao Alto Xingu negociar diretamente com os líderes enquanto os servidores da instituição e os pesquisadores forem mantidos reféns. "Essa é a posição do Ministério da Justiça", ressaltou.

A aeronave que está no local levou medicamentos e mantimentos aos índios e reféns. Uma das pessoas retidas pelos Ikpeng é hipertensa e necessita de medicação de uso contínuo.

Os oito pesquisadores retidos realizavam um estudo de impacto ambiental sobre os efeitos que uma central hidrelétrica de pequeno porte, construída, segundo Meira, fora das terras indígenas, poderia causar à 14 etnias do Alto Xingu. "A Funai exigiu da companhia que construiu a hidrelétrica que fizesse um estudo detalhado para que a gente pudesse ter meios de compensar eventuais impactos que essa hidrelétrica causaria para as águas dos rios formadores do Rio Xingu", disse ele.

Para a representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) em Brasília, Valéria Paye Pereira, é difícil haver qualquer influência externa na decisão tomada pelos Ikpeng. O problema, segundo ela, concentra-se no fato de o governo federal não consultar as tribos do Xingu no processo de construção de hidrelétricas.

De acordo com Valéria, as obras são danosas aos rios do Xingu, uma vez que "prejudicam suas nascentes, poluem suas águas e comprometem a pesca, principal base alimentar dos índios da região". As hidrelétricas, explicou, interrompem o processo de procriação dos peixes (piracema), tornando mais escasso o principal alimento dos indígenas.

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Índios mantêm 12 reféns no Parque do Xingu em Mato Grosso

21 de Fevereiro de 2008 - Leandro Martins - Repórter da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília - Índios da etnia Ikpeng, que vivem no Parque do Xingu, no nordeste de Mato Grosso, mantêm reféns desde ontem (20) oito pesquisadores que prestam serviço à empresa Paranatinga Energia S/A.

A ação é um protesto contra os impactos ambientais causados pela construção de uma pequena central hidrelétrica (PCH) na região. Quatro funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) também estão retidos. Para libertar os reféns, os indígenas do Xingu pedem a presença dos presidentes da Funai e da Paranatinga.

A assessora de imprensa da empresa, Josana Sales, informou que os pesquisadores faziam levantamento de impacto ambiental quando foram retidos no posto Pavuru, da Funai, na aldeia Moygu. O levantamento, acrescentou, está em fase de complementação e somente após concluído será possível avaliar a extensão do impacto da obra no meio ambiente.

"Tudo vinha caminhando de acordo com todas as reivindicações feitas pelas comunidades indígenas e as determinações do Ministério Público Federal. Então, para nós, foi uma surpresa o ocorrido, até porque esse estudo é importante justamente para definir essas compensações", afirmou.

Os motivos alegados pelos indígenas para manter os pesquisadores e servidores da Funai como reféns foram expostos em carta enviada ao Instituto Sócio Ambiental (ISA). Nesta carta, representantes de nove etnias do Parque Indígena do Xingu se dizem descontentes com os impactos ambientais causados pela construção da usina, como a derrubada de árvores e o uso descontrolado de agrotóxicos em lavouras perto das nascentes do Rio Culuene, um dos principais formadores do Rio Xingu.

Em setembro de 2006, uma liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região autorizou a continuidade das obras da Pequena Central Hidrelétrica Paranatinga II, no Rio Culuene.

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Conflito em terra indígena no Pará termina com prisão de suposto mandante de seqüestro

21 de Fevereiro de 2008 - Morillo Carvalho - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O conflito entre índios e colonos que moram próximos à Reserva Indígena do Alto Rio Guamá terminou na madrugada de hoje (21), com a prisão do ex-vereador do município paraense de Garrafão do Norte Manoel Evilásio e outras três pessoas.

Eles resistiam à entrada das polícias Federal, Militar e Civil no povoado de Livramento, onde eram mantidos reféns o filho do cacique Joca Tembé e um enfermeiro que trabalha no Pólo de Saúde de uma das aldeias da reserva.

Manoel é apontado como um dos mandantes do seqüestro do filho do cacique e do enfermeiro.

De acordo com o administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Belém, Juscelino Bessa, cerca de 100 pessoas colaboravam com o seqüestro, que teria sido motivado por causa da reabertura de uma estrada nas terras indígenas.

"Havendo uma estrada interna, que foi, na verdade, construída pelos próprios invasores [os colonos], nem nós [da Funai], nem os índios, precisaríamos mais passar pelos vilarejos que ficam nos limites das terras. A estratégia da Funai vai ser garantir essa reabertura", explicou Bessa.

A passagem pelos vilarejos, segundo o administrador, assegura aos colonos a vigilância da área.

Uma das líderes indígenas da reserva, Puíra Tembé, informou que conflitos como esse são comuns em anos eleitorais.

“Eles atuam como laranjas de madeireiros e em conjunto com políticos da região que prometem aos colonos a posse da terra, caso resistam, já que antigamente eles moravam dentro da nossa terra”, denunciou.

Bessa concorda com a líder indígena. Segundo ele, o conflito teve viés eleitoral e a pacificação é momentânea. "Essa história não acaba aqui. Estes conflitos são recorrentes, nós estamos apenas em fevereiro, e temos aí sete meses para as eleições. E, logicamente, outros problemas virão à tona. Vamos continuar atuando por aqui", promete.

As lideranças da terra indígena estão reunidas na Aldeia São Pedro, onde devem se encontrar ainda hoje com o procurador-geral da República no estado do Pará, Felício Pontes, para definir uma agenda de ações para desocupação dos colonos da reserva e evitar novas invasões.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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