26 de Fevereiro
de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Enviado
especial - Tailândia (PA) - A Polícia
Federal (PF) vai trabalhar em conjunto com órgãos
de fiscalização na Operação
Arco de Fogo, iniciada hoje em Tailândia (PA),
para inibir não apenas a ação
dos que estão na ponta da exploração
ilegal de madeira, mas também daqueles que,
de fato, financiam e estimulam a atividade.
Foi o que afirmou o diretor-geral
da PF, Luiz Fernando Corrêa, em entrevista
ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.
“Estamos levando para a região uma capacidade
considerável de investigação
e perícia contábil para entrar na
vida financeira dos operadores”, afirmou.
Ontem, chegaram a Tailândia
cerca de 300 agentes da Polícia Federal,
da Força Nacional de Segurança e do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) para implantar
uma fiscalização ostensiva nas madeireiras
e serrarias da cidade nos próximos dias.
Há registros de, pelo menos, 160 pessoas
jurídicas na atividade no município,
segundo a secretaria estadual de Meio Ambiente.
Na última terça-feira
(19), madeireiros e moradores que trabalham no setor
tentaram impedir a retirada de madeireira que tinha
sido apreendida na Operação Guardiões
da Amazônia. No total, mais de 13 mil metros
cúbicos foram recolhidos pelos fiscais.
Além de conter a exploração
ilegal de madeira, a PF também terá
pela frente o desafio de atuar em um dos municípios
mais violentos do país. Tailândia é
a 6ª cidade com maior taxa média de
homicídios (96,2 para cada 100 mil habitantes),
de acordo com o Mapa da Violência dos Municípios
Brasileiros de 2008.
“Nossa estratégia é
estar mais presente, porque, a partir da derrubada
da madeira, se desencadeia uma sequência de
violência de toda ordem, que passa por homicídios
e corrupção”, afirmou Luiz Fernando
Corrêa.
+ Mais
CMN aperta o cerco contra desmatamento
irregular na Amazônia
29 de Fevereiro de 2008 - Stênio
Ribeiro* - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - O Conselho Monetário
Nacional aprovou voto do Ministério do Meio
Ambiente segundo o qual, a partir de agora, os bancos
oficiais e particulares só podem conceder
crédito rural aos produtores da região
da fronteira agrícola na amazônia mediante
a apresentação de documentação
de regularidade ambiental e outras condicionantes
exigidas como pré-requisitos para a aprovação
dos projetos.
A decisão, aperta o cerco
aos produtores agrícolas e pecuaristas que
se instalaram na Amazônia e promovem desmatamento
irregular.
No final de janeiro, o Ministério
do Meio Ambiente e o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) divulgou dados preliminares de
um levantamento que revelou um desmatamento na região
amazônica de 3.235 quilômetros quadrados
entre agosto e dezembro de 2007, o equivalente a
cerca de 320 mil campos de futebol.
Segundo a ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, o número representa uma tendência
“preocupante” de aumento.“O governo não quer
pagar para ver. Não vamos aguardar a sorte,
e sim, trabalhar para fazer frente a esse processo”,
disse a ministra na ocasião.
A maior parte dos desmatamentos detectados no período
se concentrou em três estados: Mato Grosso
(53,7% do total desmatado), Pará (17,8%)
e Rondônia (16%).
Entre as causas para o aumento,
Marina citou a seca prolongada e uma possível
influência do avanço da produção
de soja e da pecuária nas regiões.
Ela evitou responsabilizar diretamente as atividades
econômicas, mas ao lembrar que a carne e a
soja estão com preços internacionais
favoráveis, afirmou: “ Não acredito
em coincidência.”
Marina silva afirmou na época
que debateria com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e outros ministros medidas para fortalecer
a fiscalização nos locais considerados
mais críticos. Desde então têm
sido anunciadas medidas para punir os responsáveis
pelas irregularidades e deter o avanço do
desmatamento.
+ Mais
Para madeireiros no Pará,
estado atrasa exploração legal da
floresta
26 de Fevereiro de 2008 - Gilberto
Costa - Repórter da Rádio Nacional
da Amazônia - Brasília - Os produtores
de madeira do estado do Pará afirmam que
o déficit dos planos de manejo florestal,
a ausência de zoneamento sócio-econômico
ambiental e o atraso nos processos de concessão
de florestas públicas impedem a exploração
legal dos recursos naturais e favorecem o desmatamento
sem controle na Amazônia.
Segundo o presidente em exercício
do sindicato das empresas madeireiras no município
de Tailândia, João Batista Medeiros,
"a demanda pela matéria-prima é
muito grande e a oferta legal, muito pequena".
Ele afirma que nesta situação "a
maioria das empresas toma a iniciativa" e não
consulta o sindicato quanto à autorização
para extrair madeira.
Luiz Carlos Tremonte, presidente
do Sindicato da Indústria Madeireira do Sudeste
do Pará, contabiliza que os produtores têm
uma demanda de exploração de mais
de 12 milhões de metros cúbicos de
madeira por ano, mas as autorizações
da Secretaria de Meio Ambiente do estado somaram
apenas 3 milhões de metros cúbicos
no ano passado.
Segundo o produtor, há
mais de três anos a lei autoriza a concessão
de floresta pública, mas ainda não
houve licitação no Pará. Ele
defende a necessidade de um levantamento socioeconômico
e ecológico, que determine os locais e percentuais
autorizados para a retirada de árvores.
A falta do zoneamento ambiental
e o atraso nos planos de manejo também são
criticados por parlamentares, como o deputado Lira
Maia (DEM-PA), para quem "o aparelho do estado
não está preparado para legalizar
as atividades". Ele propõe a adoção
de mecanismos como a garantia de renda aos trabalhadores
que serão impedidos de desmatar: "Quando
se proíbe a pesca nos rios, o governo concede
um salário no período do defeso. Como
é que ficarão as famílias proibidas
de trabalhar na indústria madeireira e que
não têm outra atividade?"
Hoje (26), a 5ª Vara do Tribunal
de Justiça do Pará negou pedido de
liminar de duas empresas autuadas em Tailândia,
no nordeste do estado, por terem depósito
de madeira sem comprovação de origem.
As empresas queriam impedir a remoção
da madeira apreendida.
Cerca de 70 caminhões vindos
do município já chegaram ao depósito
utilizado pela Secretaria de Meio Ambiente, na Região
Metropolitana de Belém. As equipes de fiscalização
da Secretaria e do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) retomaram as vistorias nas serrarias de
Tailândia e a partir de amanhã (27)
a madeira apreendida será transportada em
balsas no Rio Moju.