Conservação Ambiental
- 29/02/2008 - Os dois peixes-boi, Xibó e
Puru, estão no Instituto desde 1999 e 1995,
respectivamente
O Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa/MCT) dá mais um passo
para conservação e repovoação
dos peixes-bois (Trichechus inunguis) nos rios da
Amazônia. Neste sábado (01), uma equipe
formada por pesquisadores do Inpa, do Instituto
de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e da
Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa)
partem em direção a Reserva do Cuieiras
- localizada a 60 km ao norte de Manaus (AM) -,
onde serão soltos, pela primeira vez, dois
peixes-bois machos sub-adultos de cerca de 180 kg
cada um.
Os dois animais, Xibó e
Puru, estão no Instituto desde 1999 e 1995,
respectivamente, e chegaram ainda filhotes. Antes
de serem soltos eles passaram por uma bateria de
exames, que envolveu o monitoramento da freqüência
respiratória, exames clínicos (sangue,
urina, etc) para saber se os indivíduos estavam
em condições de serem soltos. Também
passaram por uma dieta reforçada para ganharem
peso.
Segundo o pesquisador do Laboratório
de Mamíferos Aquáticos (LMA/Inpa),
Fernando Rosas, a soltura do peixe-boi na natureza
é um passo gigante para a conservação
da espécie. O Instituto realiza trabalhos
com o peixe-boi há 33 anos, e hoje domina
a reprodução em cativeiro de um animal
que está ameaçado de extinção.
As pesquisas realizadas no Inpa já possibilitaram
o nascimento de cinco filhotes em cativeiro. Atualmente,
o laboratório possui 33 animais e o objetivo
é soltar mais peixes-bois nos próximos
anos.
"O que adianta 33 anos de
pesquisas para manter o animal em cativeiro se não
conseguirmos aumentar a população
natural. Durante décadas, os animais foram
explorados indiscriminadamente pelo homem. Como
a reprodução do peixe-boi é
lenta, até hoje o animal não conseguiu
se recuperar da matança. Soltá-lo
significa repovoar a Amazônia, e garantir
o equilíbrio populacional da espécie
e a saúde dos ecossistemas", ressalta
o pesquisador.
Rosas diz que será um desafio
reintroduzir os animais na natureza, pois eles já
estão acostumados com o ser humano e, por
isso, provavelmente se aproximarão de comunidades,
crianças tomando banho e de embarcações.
Para solucionar a questão é fundamental
o trabalho de educação ambiental nas
comunidades próximas da Reserva. O que já
vem sendo feito, de acordo com o pesquisador, há
alguns anos por profissionais da AMPA e do IPÊ.
"É importante que os moradores participem
ativamente do processo de reintrodução
do peixe-boi, pois o sucesso deste projeto depende
muito disto", lembra.
Os peixes-bois serão soltos
em uma região onde há a presença
de outros indivíduos. O objetivo é
fazer com que eles consigam interagir com os outros
animais. O pesquisador explica que os peixes-bois
estão sendo soltos agora durante o período
de enchente/cheia do rio porque assim terão
mais tempo para se adaptarem ao ambiente. Ou seja,
encontrar alimentação abundante e
com facilidade, e migrar para o rio durante a vazante.
"Caso os animais fossem soltos na seca eles
não teriam tanto tempo para se adaptarem",
informa.
Luís Mansuêto - Assessoria de Comunicação
do Inpa