05 de Março de 2008 -
O potencial de países como o Brasil para
a geração de energia por meio de fazendas
eólica é gigantesco e o custo (financeiro
e ambiental) bem menor do que o de fontes sujas
como a nuclear.
Washington, EUA — Presidente dos
EUA insiste na energia nuclear e em reduções
voluntárias de emissões na luta contra
o aquecimento global, ignorando mais uma vez a viabilidade
das energias renováveis.
A capital norte-americana está
sediando, de terça a quinta-feira desta semana,
a Terceira Conferência Internacional de Energias
Renováveis. Evento importantíssimo
para a segurança energética e o desenvolvimento
dos mercados de fontes renováveis, a conferência
atraiu a presença de 80 ministros de meio
ambiente e a representação de 120
países.
Apesar disso, as esperanças
de elaboração de um plano internacional
de ação, contendo metas ambiciosas
e projetos claros para as energias renováveis,
foram abaladas hoje de manhã pelo presidente
dos EUA, George W. Bush. Em seu discurso oficial,
Bush insistiu em soluções falsas como
energia nuclear e ações voluntárias
para reduzir emissões de gases estufa ao
invés de assumir a utilização
maciça de energias renováveis e a
eficiência energética como resposta
ao aquecimento global. “Bush continua a promover
o vazio, assim como tem feito em seus encontros
com outros grandes emissores, a fim de divergir
das negociações climáticas
lideradas pela ONU”, disse Sven Teske, especialista
em energia do Greenpeace Internacional.
A Terceira Conferência Internacional
de Energias Renováveis de Washington é
parte de um processo paralelo iniciado em Johanesburgo
em 2002. Por não tratar-se de um evento oficial
das Nações Unidas, não pode
gerar compromissos com vínculo legal para
os países participantes. Ainda assim, 60
países já se comprometeram com o “Programa
Internacional de Ação de Washington”,
que lista as metas nacionais de expansão
das renováveis, incluindo medidas de mercado
e políticas públicas.
Enquanto isso, no Brasil, as energias
renováveis ainda engatinham, por conta de
obstáculos políticos e financeiros
que não foram superados pelo PROINFA (Programa
de Incentivo às Fontes Alternativas) do governo
federal. Para o Greenpeace, apenas a adoção
de um marco regulatório que ofereça
garantias estruturais e contratuais para a geração
renovável pode efetivar esse mercado no país.
Discutir e aprovar essa legislação
ainda em 2008 é justamente a missão
da recém-criada Comissão Especial
sobre Fontes Renováveis de Energia do Congresso
Nacional.
A criação da Comissão
Especial e a aprovação de uma lei
de acesso prioritário à rede para
a geração renovável no curto
prazo são passos importantes para viabilizar
novos empreendimentos e abrir este mercado, que
movimentou no mundo cerca de US$ 75 bilhões
de dólares apenas no ano passado”, disse
Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energias
Renováveis do Greenpeace Brasil.