1 de Março de 2008 -
Marco Antônio Soalheiro - Enviado especial
- Wilson Dias/Abr - Tailândia (PA) - José
Paiva mostra corredores de seu supermercado vazio.
Comerciantes reclamam de movimento fraco na cidade,
especialmente após o início das fiscalizações
feitas pelo Ibama em madeireiras e serrarias e da
Operação Arco de Fogo, que combate
desmatamento ilegal.
Tailândia (PA) - O movimento do comércio
em Tailândia é aparentemente fraco
e quem trabalha garante que os dias são mesmo
de vendas escassas, especialmente após o
início das fiscalizações feitas
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em madeireiras
e serrarias da cidade e da Operação
Arco de Fogo.
Rogélio Oliveira, 58 anos,
dono de uma loja de material de construção
diz que tinha faturamento mensal de R$ 60 mil e
que, em fevereiro, obteve apenas R$ 6 mil.
A queda brusca também foi
provocada pela chegada do período chuvoso
(o “inverno” da região), mas, segundo Oliveira,
a operação também influenciou.
“Como dependemos da extração de madeira
e do carvão, todos os materiais caíram
de venda.”
No balcão da loja, o jovem
Ronaldo Bentes, 21 anos, afirmou que teme perder
o emprego. “Se não tiver gente para atender,
não posso fazer nada. Vou engrossar o bloco
dos desempregados.”
Em um dos maiores supermercados
da cidade, o proprietário José Paiva
de Souza, 40 anos, descreveu como os moradores passaram
a se comportar em relação às
compras depois do início da operação.
“Nossa principal fonte de renda é a madeira
e os derivados. Sem ter com o que trabalhar, as
pessoas param de consumir. Quando vêm aqui,
levam só o básico: arroz, feijão,
óleo, biscoito e mais nada”.
Para Souza, o governo federal
deveria investir em estradas, ferrovias e portos
para gerar emprego na região. Ele considera
desnecessária a presença de agentes
da Força Nacional de Segurança na
cidade e sai em defesa dos madeireiros. “Tem dezenas
de projetos de manejo para serem aprovados, mas
a burocracia é grande e encaminha as pessoas
para a ilegalidade.”
Entre os estabelecimentos mais
afetados estão as lojas de moto-serras, espalhadas
por Tailândia. Em uma delas, o gerente José
Ribamar, 33 anos, informou que dois funcionários
já foram demitidos. Em relação
a outro com o salário atrasado, Ribamar disse
que vai pagar “quando apurar dinheiro”. Cabos de
aço, correntes e motores estão sem
saída, segundo ele.