7 de Março
de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - Nas
cidades rondonienses de Machadinho D'Oeste e Cujubim,
a aproximadamente 400 quilômetros da capital
Porto Velho, os governos federal e estadual conduzem
operações paralelas de fiscalização
em madeireiras e serrarias locais. A informação
foi confirmada hoje (7) à Agência Brasil
pela superintendente substituta do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) em Rondônia, Nanci Silva, uma das
coordenadoras da Operação Arco de
Fogo.
“Quando eles [equipe do governo
de Rondônia] ficaram sabendo que chegaríamos
às cidades, também mandaram gente
para lá”, afirmou Silva. “Tentamos fazer
gestão compartilhada com o governo do estado,
mas nesta região houve um rompimento com
a decisão dele de não participar das
operações”, acrescentou.
A operação estadual
é apresentada com destaque no portal oficial
do governo de Rondônia. Matéria informa
que equipes da Secretaria de Estado do Desenvolvimento
Ambiental (Sedam), do Batalhão Ambiental
(BPA) e da Delegacia Especializada Contra Crimes
ao Meio Ambiente (Deccma) apreenderam 8 mil metros
cúbicos de madeiras e aplicaram R$ 6,5 milhões
em multas em Machadinho D'Oeste e Cujubim.
Contactada pela Agência
Brasil, a assessoria de imprensa do governo de Rondônia
disse que a fiscalização estadual
nos municípios teve início há
15 dias e que o governo defende o cumprimento da
Lei, não sendo contrário a nenhum
tipo de combate ao desmatamento ilegal. Mas não
concorda, segundo a assessoria, com que madeireiros
e agricultores sejam tratados como criminosos. O
governador Ivo Cassol se encontrava em Corumbiara,
no extremo sul do estado, município sem sinal
de telefone celular.
Dificuldade de diálogo
entre o governo federal e o de Rondônia em
relação a temas ambientais já
tinha sido evidenciada em janeiro, quando a Ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva, definiu Cassol como
“o governador com quem nós temos mais dificuldades
de trabalhar nas ações de combate
ao desmatamento e combate ao uso ilegal das áreas
protegidas; tanto as áreas federais quanto
as áreas estaduais”.
A Operação Arco
de Fogo, conduzida pelos fiscais federais, inciou
sua atuação em Rondônia no última
segunda-feira (3) e, conforme informou a superintendência
do Ibama, os técnicos estão finalizando
a medição de material encontrado nos
pátios das duas maiores madeireiras de Machadinho
D'Oeste.
Participam da operação
16 fiscais do Ibama, 28 agentes da Força
Nacional de Segurança e 20 da Polícia
Federal.
Segundo a superintendente Nanci
Silva, os municípios fiscalizados têm
base econômica consolidada no setor madeireiro,
com alto índice de ilegalidade: “Os planos
de manejo em Machadinho são poucos e não
cobrem todas as 30 madeireiras existentes lá.
Muitas delas trabalham com 50% de madeira legal
e 50% ilegal. Varia um pouco para mais ou para menos,
mas é uma média.”
Machadinho D'Oeste está
na 32ª colocação na lista dos
36 municípios que mais desmataram na Amazônia
de agosto a dezembro de 2007, conforme divulgado
em janeiro pelo Ministério do Meio Ambiente.
A previsão do Ibama é que em maio
a operação seja estendida ao município
de Nova Mamoré e posteriormente a Pimenta
Bueno, que também integram a lista ocupando,
respectivamente, a 25ª e a 6ª posições.
A primeira cidade a receber a
operação Arco de Fogo foi Tailândia,
no Pará, onde em dez dias as multas aplicadas
já ultrapassaram R$ 3 milhões, segundo
o Ibama, com seis madeireiras autuadas, fornos de
carvoarias destruídos, máquinas lacradas
e apreendidas.