O secretário
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca
Rodrigues, e o presidente do Instituto Ambiental
do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko, apresentaram
nesta segunda-feira (04) 103 pontos de desmatamento
detectados na região centro-sul do Paraná
pelo novo sistema de monitoramento ambiental, lançado
em outubro de 2007, que sobrepõe imagens
do satélite LANDSAT5 - registradas em dois
momentos diferentes – identificando redução
aumento da cobertura florestal.
As imagens de satélite
estão auxiliando nas ações
fiscalizatórias em áreas onde houve
desmate para verificar se o corte foi autorizado
ou não. Dos 103 pontos, 36 propriedades já
foram visitadas e 18 foram multadas, após
constatação do crime ambiental. Ao
todo, as multas já somam R$50 mil,sendo que
os outros 67 pontos serão fiscalizados a
qualquer momento.
“Com os investimentos feitos na
aquisição de aeronaves e equipamentos,
garantimos a redução de 88% no desmatamento,
segundo pesquisa do Instituto SOS Mata Atlântica
divulgada em 2006. Agora, com estas imagens vamos
zerar o desmatamento no Paraná”, garantiu
o secretário Rasca Rodrigues. Segundo ele,
um dos fatores mais importantes da medida é
que o Paraná está sendo dotado de
um instrumento próprio e preciso.
“Não seremos mais pautados
por instituições de pesquisa ou por
Organizações Não-Governamentais
(ONGs) para avaliar a evolução ou
‘involução’ no crescimento da nossa
cobertura florestal. Além disso, poderemos
acompanhar o desenvolvimento dos remanescentes florestais
em áreas de Reserva Legal, mata ciliar e
nos corredores de biodiversidade”, declarou Rasca.
A metodologia para essa interpretação
foi desenvolvida pelo Laboratório de Inventário
Florestal da Universidade Federal do Paraná
(UFPR).
EVOLUÇÃO - O presidente
do IAP e responsável pela implantação
do Sistema, Vitor Hugo Burko, explicou que as imagens
possibilitam detectar desmates a partir de 900 metros
quadrados, sendo que para os próximos 30
dias será possível captar desmates
a partir de 400 metros quadrados.
“Em julho do próximo ano,
com uma nova aquisição de imagens
o IAP poderá constatar desmates a partir
de 7 metros quadrados, o que equivale a uma árvore
cortada no solo”, detalhou Burko. O governo investiu
R$ 300 mil no Sistema, que segundo Burko é
inédito no país, para os anos de 2007
e 2008. “Neste grau de detalhamento não há
nada igual”, disse.
O presidente do IAP contou ainda
que os todos os municípios localizados nas
proximidades das cidades de Pato Branco, Guarapuava
e União da Vitória são considerados
pelo IAP áreas prioritárias para preservação,
por abrigarem os maiores remanescentes florestais
do Paraná.
A cada 60 dias, os escritórios
regionais do IAP recebem uma relação
com os desmates ocorridos dentro de sua área
de abrangência, com informações
como a tipologia florestal desmatada e o volume
retirado. O próximo passo é promover
vistorias em campo para conferir o que indicam as
imagens. Se comprovado o dano ambiental, o proprietário
é autuado.
“Acabamos com a possibilidade
de os criminosos jogarem a sujeira para debaixo
do tapete. Se antes eles atuavam de madrugada e
a noite enterrando a madeira cortada, hoje não
adianta mais fazer isso. Serão pegos da mesma
maneira”, reforçou o presidente.
RECOMPENSA - Em contrapartida,
o presidente do IAP destacou que os produtores que
mantêm áreas de florestas serão
recompensados como novo sistema.
“Estaremos quantificando o carbono
capturado por áreas florestais e certificando
os proprietários dessas áreas. Com
isso, eles poderão vender os títulos
de carbono da floresta em pé, ganhando com
a preservação”, registrou.
O Programa permite ainda que outras
instituições públicas e privadas
utilizem suas informações, já
que retira das imagens áreas agrícolas,
definindo áreas florestais.
Imagens de satélite serão
‘prova do crime’
Durante a entrevista coletiva
para apresentar os primeiros resultados do monitoramento
via satélite, nesta segunda-feira (03), o
secretário Rasca Rodrigues explicou que as
imagens geradas pelo satélite serão
a ‘prova do crime’. “Na autuação,
a imagem servirá para confirmar o crime e
penalizar economicamente o proprietário que
ainda insiste em atentar contra o meio ambiente”,
explicou.
Antes, segundo o secretário,
os desmates partiam da floresta em direção
à estrada, escondendo as clareiras atrás
de cortinas florestais, e os infratores derrubavam
as árvores e as levavam para a serraria.
“Hoje eles levam a serraria à floresta utilizando
os chamados ‘picadores’ para cortar as árvores
sem deixar vestígios, sequer farelo, e inviabilizar
a comprovação do dano”, comentou.
“Mas com esse novo sistema em prática isso
não acontecerá mais”, completou.
O sistema também trará
mais agilidade à fiscalização,
segundo o presidente do Instituto Ambiental do Paraná
(IAP), Vitor Hugo Burko. “Iremos aumentar nossa
capacidade de vistorias, uma vez que os crimes contra
a flora correspondem a cerca de 60% das ocorrências”,
afirmou. “O fiscal que antes demorava dois, três
dias para achar o desmate irá localizar,
com ajuda das coordenadas, no próprio dia.
Assim poderemos atender mais denúncias e
nos dedicar a outras ocorrências, por exemplo”,
explicou.
AUTUAÇÕES - Apenas
no ano passado, foram emitidas mais de 5,4 mil autuações
e quase 63% delas – 3.393 multas – foram emitidas
para punir crimes contra a flora. Outras 711 foram
destinadas a indústrias irregulares sob o
ponto de vista ambiental.
Mais 463 autuações
foram autuadas por crimes contra a fauna, 318 relacionadas
à pesca e 122 por irregularidades no segmento
‘Mineração’. Há ainda irregularidades
enquadradas em outros grupos de ocorrência,
que totalizam 433 autuações. Se somadas,
todas estas multas ultrapassariam os R$ 75 mil.