São Paulo (03/03/2008)
- Representantes da Fundação Florestal,
órgão ligado à Secretaria do
Meio Ambiente do Estado de SP, estiveram hoje
(03/03) na sede do Ibama, em SP, para discutir o
embargo das cavernas no Vale do Ribeira, no sul
do Estado. Na semana passada o Ibama multou o órgão
e interditou a exploração turística
de todas as cavernas dos Parques Estaduais Intervales,
do Petar e de Jacupiranga, cujo gestor é
a fundação. Nenhuma das cavidades
possui plano de manejo e várias delas apresentam
sinais de degradação, riscos à
segurança dos visitantes e intervenções
indevidas.
Na reunião a Fundação
Florestal não esclareceu quando terá
os planos de manejo espeleológicos requisitados,
mas comprometeu-se a apresentar em breve um cronograma
para a realização dos mesmos. Junto
deverá entregar um plano de ação
emergencial, listando medidas e procedimentos a
serem adotados para corrigir de imediato as irregularidades
nas cavernas. Os representantes da Fundação
não fixaram data para a entrega dos documentos.
A simples entrega da documentação
não resultará na desinterdição
das cavernas. Somente após a avaliação
do Centro Nacional de Estudo, Manejo e Proteção
de Cavernas - CECAV é que o Ibama poderá
se pronunciar sobre o assunto. Todas as decisões
serão informadas ao Ministério Público
Federal, que acompanha o caso de perto.
“Estamos dispostos a avaliar todos
os esforços feitos pela Fundação
Florestal para corrigir a situação,
mas não podemos oferecer expectativas falsas
à sociedade”, explica a superintendente do
Ibama SP, Analice de Novais Pereira. Ela esclarece
que a desinterdição depende agora
da agilidade e da qualidade dos estudos fornecidos
pelos técnicos da Fundação
Florestal.
Entenda o caso:
A exploração turística
das cavernas do Vale do Ribeira ocorre há
muitos anos, sem os devidos planos de manejo. Desde
2001, Ibama e Cecav (Centro Nacional de Estudo,
Proteção e Manejo de Cavernas, antes
Ibama e hoje vinculado ao Instituto Chico Mendes)
vêm realizando vistorias nas principais cavernas
turísticas da região. Nessas vistorias
foram identificados processos de deterioração,
falhas na conservação e irregularidades
diversas, como:
- Intervenções artificiais,
como barragens de rios subterrâneos, construção
de estruturas de concreto, passarelas, lixeiras,
além da retirada de sedimentos desses rios
para utilização em área externas
às cavernas;
- Iluminação interna
inadequada (emitindo luz e calor em excesso), produzindo
alteração no ecossistema local (estão
surgindo plantas inexistentes em cavernas, como
samambaias). As fiações também
estão expostas, colocando em risco a segurança
dos visitantes;
- Faltam equipamentos de segurança
para os visitantes e não existem orientações
sobre a capacidade-limite de visitantes por dia;
visitantes também ultrapassam os chamados
“trechos turísticos”, chegando a locais que
só podem ser visitados por pesquisadores
e técnicos, pois são pontos sensíveis
e oferecem risco de morte; algumas passarelas apresentaram
riscos aos turistas, especialmente às crianças;
- Venda de bebida alcoólica
nas proximidades de algumas cavernas.
Todas essas irregularidades vêm
sendo informadas à Fundação
Florestal desde 2001, mas poucas falhas foram corrigidas
até agora.
Airton De Grande
Ascom/Ibama/SP