(07/03/2008)
- Uma tecnologia social, de saneamento básico
na área rural, está modificando a
vida de famílias que vivem nos municípios
ocupados pela usina hidrelétrica de Corumbá
4, em Goiás.
O objetivo é substituir
as fossas negras das propriedades rurais - responsáveis
pela disseminação de inúmeras
doenças, como diarréia, hepatite e
cólera - por fossas sépticas biodigestoras,
que tratam o dejeto humano e produzem adubo orgânico
líquido para culturas perenes.
A Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) participa neste sábado,
dia 8, às 10h da inauguração
de cem unidades do projeto na cidade de Santo Antônio
do Descoberto/GO. A iniciativa é da Fundação
Banco do Brasil e vai garantir ainda a construção
de 195 unidades em outros municípios da região,
como Abadiânia e Luziânia.
No entorno do Distrito Federal
mais de mil famílias utilizam a tecnologia
social. Em Cristalina/GO, o sistema foi reaplicado
em dois assentamentos, de forma a garantir a saúde
dos agricultores que já colhem os frutos
do uso do adubo orgânico: plantam arroz, feijão,
milho, mandioca, maracujá, manga, goiaba,
laranja, chuchu, batata baroa, verduras e legumes.
Além de garantir a subsistência, as
famílias estão se organizando para
comercializar o excedente.
Ganhadora de prêmio
A fossa séptica biodigestora
foi vencedora, em 2003, do Prêmio Fundação
Banco do Brasil de Tecnologia Social. O sistema,
desenvolvido pela Embrapa Instrumentação
Agropecuária (São Carlos – SP), contribui
para a melhoria da saúde da população,
já que promove o saneamento básico
na zona rural, preserva o meio ambiente e ainda
gera adubo orgânico de qualidade em substituição
ao químico.
É uma fórmula simples,
barata e eficaz de tratar o esgoto na zona rural
e consiste em desviar a tubulação
dos vasos sanitários para caixas de amianto,
nos quais os coliformes fecais são transformados
em adubo orgânico, pelo processo de biodigestão.
A instalação do
sistema será acompanhada pelo pesquisador
e veterinário Antônio Pereira de Novaes,
responsável pelo projeto, que explicará
passo a passo a instalação do sistema.
Segundo Novaes, a tecnologia é importante
também no tratamento de fezes de bovinos
e suínos, para impedir a transmissão
de verminoses. O adubo proveniente desses biodigestores
podem retornar para o pasto economizando a adubação
química.
Corumbá 4
A hidrelétrica está
localizada a 100 quilômetros de Brasília.
Cinco vezes maior que o lago Paranoá, a usina
será usada no abastecimento do Distrito Federal
e de várias cidades, podendo atender até
30 milhões de habitantes. Segundo a Companhia
Energética de Brasília (CEB), o lago
de Corumbá 4 conseguirá suprir 15%
da atual demanda do DF.
As fossas sépticas ajudam
a preservar o lençol freático e as
nascentes, evitando a contaminação
da represa.