1 de Março de 2008 - Marco
Antônio Soalheiro - Enviado especial - Wilson
Dias/Abr - Tailândia (PA) - Morador denuncia
aumento da violência na cidade que recebe
operação de combate à exploração
ilegal de madeira na região.
Tailândia (PA) - Além de funcionar,
segundo as autoridades ambientais, como entreposto
de exploração ilegal de madeira, Tailândia
também ganhou destaque nacional por ocupar
a sexta posição no Mapa da Violência
dos Municípios Brasileiros de 2008, com média
de 96,2 homicídios para cada 100 mil habitantes.
Entre os moradores, há
aqueles para quem a classificação
não reflete o cotidiano local e outros que
contam histórias que justificam a fama. Em
comum, a ressalva de que há muita "gente
de bem" na cidade e algumas explicações
para os homicídios computados.
“Esse alto índice de homicídio
está em estatística ultrapassada.
Ano passado, o número de homicídios
caiu depois que um grupo de extermínio foi
preso em nossa cidade”, argumentou o prefeito Paulo
Jasper (PSDB), o Macarrão, dizendo ser injusta
a classificação da cidade no ranking
da violência.
Na zona rural, o pedreiro Damião
(que não revela o sobrenome nem deixa fotografar
o rosto por temer represálias) diz haver
um grupo de pistoleiros especializado em invadir
áreas que têm muita madeira e extrair
tudo. Segundo ele, criminosos também praticam
roubo seguido de morte em estradas vicinais.
Para Damião, a polícia
local “faz vista grossa”. Ele teme pelo aumento
da violência quando a tropa da Força
Nacional de Segurança que participa da Operação
Arco de Fogo deixar a cidade. “Tem que vir mais
investigadores para cá”.
Silas de Almeida, 43 anos, diz
que em muitos casos vítimas de assaltos preferem
não dar queixa em delegacias porque “podem
ser mortas depois”.
Na delegacia da Polícia
Civil de Tailândia, investigadores afirmaram
que a equipe atual está há pouco tempo
no município e não teria autonomia
para divulgar dados sobre as ocorrências ou
conceder entrevistas. O delegado estava viajando.
O corretor Daniel Monteiro, por
sua vez, não vê necessidade de grande
preocupação da comunidade com a violência.
“Quem fica até tarde da noite na rua, nas
madrugadas, acaba encontrando confusão. Mas
pelo tamanho e por ter gente de todas as regiões
do Brasil, acho a cidade até calma”, avaliou.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), o município
possui 66 mil habitantes.
O comerciante Ademar Farias, há
18 anos em Tailândia, alega que homicídios
ocorridos em municípios vizinhos, nas divisas,
acabam sendo incorporados às estatísticas
locais. E reclama que a imprensa passa uma imagem
distorcida da realidade local. “Não é
terra de bandido. Estou aqui e sou cidadão
de bem. Somos é obrigados a trabalhar de
sol a sol, pagando imposto para manter salário
da governadora e dos deputados”, afirmou Farias.
A prefeitura de Tailândia
estima que 70% do dinheiro que circula na cidade
venha da madeira. O nome da cidade foi dado, confirmam
moradores mais antigos, por militares que na década
de 70 compararam a luta por terras na região
a uma guerra que ocorria no país asiático
homônimo.
A Tailândia brasileira foi
emancipada em 10 de maio de 1988, pela Lei Estadual
5.452 . Até então, pertencia ao município
de Acará (PA).