10 de Março de 2008
- Amanda Mota - Repórter da Agência
Brasil - Manaus - Apesar de ser proibida por lei
federal desde 1987, a pesca de botos na Amazônia
continua sendo praticada. De acordo com o Instituto
Chico Mendes, na fronteira Brasil-Colômbia,
a pesca desses animais foi intensificada nos últimos
anos, o que caracteriza uma preocupante situação
de caça predatória na região.
Para combater esse problema, nesta
semana, um grupo formado por representantes do Instituto
Chico Mendes, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa), da Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas
e ainda de instituições ambientais
colombianas dará início ao Plano de
Ação Emergencial para Redução
e Interrupção da Caça de Botos-da-Amazônia.
O plano inclui uma série de atividades, a
começar pela identificação
e fiscalização das áreas críticas
e pelas ações de educação
ambiental na região.
De acordo com o analista ambiental
do Instituto Chico Mendes, Paulo Flores, o problema
se intensificou há pelo menos um ano, quando
brasileiros descobriram que poderiam comercializar
na Colômbia um peixe característico
da Amazônia - a piracatinga - no lugar de
um peixe muito apreciado na culinária do
país vizinho e que já não era
tão facilmente encontrado, o mandi.
Segundo Paulo, a carne do boto
é utilizada por alguns pescadores como isca
para as piracatingas. Isso acontece porque o boto
é um animal grande, de carne gordurosa que
demora um pouco mais para apodrecer.
"Como não há
mais esse peixe em quantidade suficiente, começaram
a incentivar a pesca da piracatinga na Amazônia,
para comercializar o mandi por lá, já
que eles têm o sabor parecido", explica.
Ainda segundo Paulo Flores, do
Instituto Chico Mendes, a ação para
combater a pesca do boto não pretende impedir
a pesca da piracatinga. O objetivo é evitar
que a carne do boto seja utilizada como isca para
peixes.