14/03/2008
- O secretário estadual do Meio Ambiente,
Xico Graziano, divulgou nesta sexta-feira (14/03),
o primeiro Inventário Estadual de Fontes
Fixas de Emissões de CO2 (dióxido
de carbono). A apresentação do inventário
aconteceu durante o III Encontro Latino-Americano
e Caribenho da Rede de Governos Regionais para o
Desenvolvimento Sustentável – nrg4sd - ,
que teve como tema “Mudanças Climáticas:
discutir o presente para garantir o futuro”, no
auditório do Parque do Ibirapuera, em São
Paulo.
A identificação preliminar das indústrias
com maior potencial de emissão do CO2 no
Estado foi obtida a partir da aplicação
dos critérios para avaliações
das emissões de CO2 do Intergovernmental
Panel on Climate Change – Guideline for National
Greenhouse Gas Inventories – IPCC/2006 e da Diretiva
da Comunidade Européia, de 1996, sobre a
base de dados dos empreendimentos licenciados pela
CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.
Com base nesses critérios,
foram selecionadas 371 empresas a partir da relação
de indústrias de maior potencial emissor.
Destas, 329 forneceram as informações
voluntariamente. O inventário mostrou que
a produção industrial responde por
51% das emissões de CO2 anuais, enquanto
a queima de combustível representa os outros
49%. Ao todo, 38 milhões de toneladas de
dióxido de carbono foram emitidas pela indústria
paulista no ano de 2006.
No “ranking” dos setores potencialmente
mais poluidores, a indústria de aço
e ferro gusa apareceu na primeira colocação
(39% das emissões), seguida da indústria
petroquímica (25%). Também tiveram
participação considerável as
indústrias de minerais não metálicos
(17%), química (8%), papel e celulose (6%),
alimentícia (2%), ferro ligas (2%) e têxtil
(1%).
Graziano fez uma comparação
do setor industrial com o de transportes viário
e aéreo, que emitiu 43 milhões de
toneladas de CO2 em 2006. Juntos, estes dois setores
foram responsáveis pela emissão de
81 milhões de toneladas do gás de
efeito estufa no Estado de São Paulo. No
entanto, os combustíveis renováveis
utilizados pela indústria, substituindo os
fósseis, evitaram em 2006 uma emissão
de cerca de 50 milhões de toneladas de CO2.
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O secretário informou
que a divulgação da lista com as 100
maiores empresas emissoras de CO2 no Estado será
feita nos próximos dias. Ele explicou que
está dando um prazo de mais alguns dias para
que 42 empresas que ainda não apresentaram
os seus dados à Secretaria, do universo de
371 indústrias envolvidas, enviem as informações,
que junto com os dados já obtidos serão
consolidados, e que está sendo aguardado
o retorno do prof. José Goldemberg, de viagem
ao exterior. Conforme ele enfatizou, o ex-secretário
do Meio Ambiente foi o idealizador do inventário
e será convidado para participar da divulgação
do documento.
Graziano lembrou que a SMA já
implantou várias medidas e metas que visam
contribuir para a redução de emissão
de gases de efeito estufa, ainda que o Brasil nã
faça parte do grupo de países que
possuam uma meta de redução de emissão
de gases de efeito estufa (GEF). São os 21
Projetos Estratégicos da Secretaria Estadual
do Meio Ambiente, como o Programa Respira São
Paulo, São Paulo Amigo da Amazônia
e Etanol Verde. “Metas de redução
de emissões desses gases fazem parte das
diretrizes para o meio ambiente no nosso Estado”,
acrescentou.
Graziano já garantiu as
próximas etapas do inventário, que
consistem em levantar as emissões do uso
de combustíveis renováveis, bem como
as emissões decorrentes da produção
agrícola, associada à produção
da biomassa.
O Encontro
O evento teve início às
9 horas e reuniu ministros, representantes de governos
regionais e de agências da área ambiental
de cinco continentes, para traçar um desenho
de um regime internacional para o enfrentamento
das questões do aquecimento global, que contemple
os esforços dos países da América
Latina e Caribe para lidar com este problema e,
particularmente, as ações dos estados
brasileiros para combater o efeito estufa.
Estiveram presentes ainda, representantes
de governos regionais da Itália, Espanha,
Portugal, Austrália, Bélgica, Grã-Bretanha,
Alemanha, Romênia, Indonésia, África
do Sul e Argentina. Entre os brasileiros, além
de São Paulo também estavam presentes
representantes dos estados de Pará e Mato
Grosso.
A Rede de Governos Regionais para
o Desenvolvimento Sustentável (nrg4SD) foi
formada em Joanesburgo, na África do Sul,
durante a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, e reúne representantes
de governos regionais subnacionais, incluindo sete
estados brasileiros. Além da divulgação
do Inventário de CO2 em São Paulo,
as delegações de 28 países
discutiram o incentivo do uso de energias renováveis,
eficiência energética, mecanismos de
desenvolvimento limpo (MDL) e, principalmente, fechou
um acordo de redução da emissão
de dióxido de carbono a ser levado, como
proposta da Rede, ‘a próxima cúpula
mundial do clima, marcada para dezembro de 2009,
em Copenhagen, na Dinamarca, quando serão
negociadas novas metas de redução
após o protocolo de Kyoto.
Texto: Rose Ferreira e Evelyn Araripe
Fotos: Zé Jorge