19 de Março de 2008 - Vladimir
Platonow - Enviado especial - Valter Campanato/Abr
- Tabatinga (AM) - O coordenador de Assuntos Indígenas
da prefeitura do município, Alberto Gaspar
Jorge, fala à EBC
Tabatinga (AM) - O consumo de álcool e drogas
começa logo cedo na vida dos jovens da aldeia
de Umariaçu 2, em Tabatinga (AM), e acaba
repercutindo no desempenho escolar dos estudantes.
A avaliação é do professor
de artes Nilson Alexandre Ferreira.
"A gente está enfrentando
um sério problema, devido ao contato direto
com a cidade. Eles estão perdendo sua cultura
e trazendo outra cultura que não é
deles e estão enfrentando problemas sociais,
como as drogas e a violência."
Por causa das drogas, muitos alunos
deixam de estudar. "Eles desistem e não
vão para a aula. É uma preocupação
muito grande dos professores e das autoridades.
A situação é muito difícil
e nós temos que nos preocupar com os jovens,
oferecer o melhor para eles, porque são o
nosso futuro. Oferecer esporte e cultura seria um
meio de minimizar a situação. Está
faltando apoio das autoridades", diz o professor.
Ele admite que há pouco
o que fazer em relação aos traficantes.
"Todo mundo tem medo. Ninguém sabe a
que horas eles vêm. É um problema sério",
avaliou Ferreira.
De acordo com o coordenador de Assuntos Indígenas
da Prefeitura de Tabatinga, Alberto Gaspar Jorge,
o que dificulta o combate ao tráfico na aldeia
é justamente sua posição, próxima
ao Rio Solimões, em frente à margem
peruana e a poucos quilômetros da Colômbia.
"Quem produz droga na Colômbia
e no Peru vem vender droga na comunidade. É
um problema para nós e para o país
também. A cocaína é trazida
de fora", revela Alberto Gaspar Jorge, que
mora na aldeia.
Segundo ele, a produção
de cocaína já envolve os indígenas
dos países vizinhos. "Na comunidade
peruana indígena, que fica a aproximadamente
três horas de viagem, estão plantando.
Na Colômbia é a mesma coisa. Os índios
peruanos e colombianos são incentivados por
comerciantes brasileiros e colombianos. Se o governo
federal não tomar providência, acho
que [as comunidades] vão acabar. A coca está
acabando com a juventude."