14 de
Março de 2008 - Paula Laboissière
- Repórter da Agência Brasil - Antonio
Cruz/Abr - Brasília - Professor de engenharia
florestal da Universidade de Brasília (UNB),
Henrique Leite Chaves, fala sobre a luta contra
barragens
Brasília - Quase todas as regiões
metropolitanas brasileiras precisam de barragens
para armazenar água durante a época
de chuva. Cidades como Brasília, São
Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte não
conseguiriam abastecer suas populações
se não existissem represas.
A avaliação é
do professor de Engenharia Florestal da Universidade
de Brasília (UnB) Henrique Leite Chaves que
acredita que usinas hidrelétricas garantem
o crescimento e o desenvolvimento do país.
“A hidrelétrica, pelo volume
e pela grande energia geradas, tem um apelo muito
forte em países como o Brasil. Se o país
quiser manter as taxas de crescimento que deseja
e pretende, e atender as demandas de emprego, de
bens e ofertas de produtos, temos que aumentar essa
oferta de energia porque a demanda hoje é
maior do que a oferta. Se a população
quer ter água em casa e energia garantida,
e não apenas na época de chuva, são
fundamentais obras como essas.”
Ele lembra que o Brasil, apesar
de ser o quarto maior país em área
do mundo – com mais de 8 milhões de quilômetros
quadrados –, possui “apenas” 20% do seu potencial
hidrelétrico explorado.
Chaves reforça, entretanto,
que como toda obra, a construção de
barragens possui aspectos positivos e negativos
a serem considerados.
“É uma mão de duas
vias. Quando uma área é inundada,
não há muito o que fazer. Aquele ambiente
de rio passa para um ambiente de lago. Há
uma mudança radical. Vai haver uma perda
de área de floresta, de cerrado ou de áreas
agrícolas. Tem que se examinar qual seria
o benefício, o outro lado da moeda. Que há
uma perda, há. Mas, feito de maneira criteriosa,
essas perdas podem ser minimizadas e quando comparadas
a perdas de outras alternativas, podem ser interessantes.”
Para Chaves, podem ser detectadas
no país barragens “boas e ruins”. Para ser
considerada uma boa obra, a represa precisa possuir
uma pequena área inundada e um volume relativamente
grande de produção de energia.
“Um bom exemplo é Itaipu,
que gera uma quantidade enorme de energia para o
Brasil e para o Paraguai de maneira sustentável,
sem inundar uma grande área. Os municípios
ribeirinhos estão recebendo essas compensações.
Já uma barragem que deveria ser repensada
é Balbina [na região amazônica].”
Chaves destaca que, apesar de
“atrativa”, a energia hidrelétrica deve ser
confrontada com alternativas.
“Não há uma solução
mágica, dizendo que uma hidrelétrica
é melhor ou que outra forma de aproveitamento
é melhor. A decisão sobre o tipo de
geração elétrica deve ser analisado
no local, levando em conta os critérios de
potencial elétrico e a questão ambiental
e social.”
Para o Movimento dos Atingidos
por Barragem (MAB), o número de represas
construídas no Brasil é suficiente
para abastecer todo o país e ainda poderia
ajudar a suprir a necessidade de energia elétrica
em países vizinhos.