15 de
Março de 2008 - Amanda Mota - Repórter
da Agência Brasil - Manaus - Atenção
especial aos seringueiros do Amazonas pelos próximos
três anos. Essa é a proposta do governo
estadual que, por meio do titular da Secretaria
de Produção Rural (Sepror), Eron Bezerra,
apresentou, nesta semana, em Manaus, um conjunto
de medidas que farão parte do plano de revitalização
do setor de cultivo e de extração
da borracha no estado.
Entre as propostas estão
a ampliação do número atual
de seringueiros no Amazonas, a compra e o estoque
da produção dos extrativistas que
não encontrarem outros compradores, a implantação
de uma política de preço mínimo
e a instalação, até o fim do
ano, de uma beneficiadora de borracha na calha do
Rio Purus e outra na do Rio Juruá, duas das
regiões de maior produção de
látex no Amazonas.
A apresentação do
secretário Eron Bezerra foi realizada na
abertura do 1º Encontro de Lideranças
Extrativistas da Borracha no estado, na terça-feira
(11). Durante dois dias, o encontro reuniu 25 seringueiros
do interior do Amazonas, que trataram, sobretudo,
das melhorias das condições de trabalho
desses profissionais e ainda das possibilidades
para aumentar a produção da borracha
no Amazonas, que hoje não chega a mil toneladas.
As propostas foram consideradas
positivas pelos participantes. Ainda assim, eles
não deixaram de apresentar algumas reivindicações.
De acordo com o presidente do Conselho Nacional
de Seringueiros, Manoel Cunha, as reivindicações
estão relacionadas às melhorias das
condições de comercialização,
apoio para abertura das estradas de seringueiros,
distribuição de materiais para extração
(tigelas, facas e baldes) e também recursos
para garantir o pagamento dos trabalhadores pelas
cooperativas no momento da entrega do produto. "Isso
aqui é o começo de uma política
pública que está sendo implantada
e que é específica para a cadeia da
borracha", ressaltou.
Os participantes do encontro em
Manaus representam municípios situados nas
calhas dos Rios Madeira, Juruá e Purus –
que possuem tradição no cultivo e
na extração da borracha. Entre eles
está Manicoré, o maior produtor de
borracha do Amazonas e também o município
onde é pago o maior valor por quilo do produto
no estado (R$ 3,20). No Amazonas, como forma de
subsídio e incentivo à produção,
o governo do estado paga às associações
e cooperativas R$ 0,70 por cada quilo de borracha
produzido. O benefício é ainda maior
para os produtores de Apuí, Lábrea
e Pauini, cujas prefeituras também concedem
o benefício – nesses casos em nível
municipal e variando de R$ 0,30 a R$ 0,70.
O representante de Manicoré,
João dos Santos, avalia que o cultivo da
borracha no Amazonas vem obtendo resultados positivos,
mas que questões relacionadas ao transporte,
ao armazenamento, ao beneficiamento e à comercialização
ainda precisam ser resolvidas. Para ele, o aumento
da produção está relacionado
ao beneficiamento dos seringais. Santos ressalta,
ainda, que menos de 30% dos seringais do Amazonas
são aproveitados do ponto de vista comercial.
"Além de tudo isso, temos que atentar
para o fato de que uns 70% dos nossos seringais
não estão sendo beneficiados. Se isso
se reverter, nossa produção vai aumentar
com certeza."
No Amazonas, a borracha é
produzida, anualmente, entre os meses de março
e dezembro. O país produz média de
170 mil toneladas anuais do produto, apesar do consumo
interno chegar a 300 mil toneladas. O secretário
Eron Bezerra lembrou que, apesar da produção
atual estar abaixo das expectativas, há 100
anos o Amazonas produzia 2 milhões de toneladas
de borracha por ano. Segundo Bezerra, isso prova
de que é possível "reerguer"
a cultura da borracha no estado.
"O preço do produto
sintético está aumentando e os seringais
da Ásia estão perdendo suas qualidades
produtivas. É o melhor momento para a borracha
no Amazonas ser reerguida, e desenvolver maneiras
de aproveitar essa situação será,
com certeza, um dos maiores desafios da Sepror [Secretaria
de Produção Rural]", completou
Bezerra.