Para garantir
o plantio e o crescimento das 77,5 milhões
de mudas já plantadas pelo Programa Mata
Ciliar, o governo conta com uma equipe que envolve
1.800 pessoas diretamente - entre técnicos
da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos,
Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Instituto
Ambiental do Paraná (IAP), Emater e funcionários
municipais e de entidades privadas, cedidos por
meio de convênios.
“Quando olhamos os resultados
do Mata Ciliar, sabemos que grande parte do seu
sucesso é devido a cada uma das pessoas envolvidas
no processo, que vai desde a coleta da semente na
floresta, até a orientação
ao agricultor que recebe a muda no campo. Cada uma
dessas pessoas tem amor pelo que faz e, sem dúvida,
isso influência muito os resultados” ressalta
o secretário de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos, Rasca Rodrigues.
O Programa foi criado para recuperar
a vegetação às margens de rios
e mananciais de abastecimento, consideradas Área
de Preservação Permanente (APP). Apenas
nos três corredores de Biodiversidade que
estão sendo formados no Estado - Araucária,
Caiuá-Ilha Grande e Iguaçu-Paraná-
133 mil hectares a mais de matas ciliares foram
recompostas para promover a preservação
da diversidade de fauna e flora.
Mas para que esse trabalho possa
ser realizado um longo caminho é percorrido.
A técnica de laboratório do viveiro
do IAP em São José dos Pinhais, Terezinha
Camila Scrippo, conta que o primeiro passo do programa
é a coleta das sementes. Hoje, as sementes
são coletadas em todo o Estado, em propriedades
particulares previamente cadastradas. “Realizamos
um cadastro, para que seja feita a seleção
das árvores de cada espécie. As árvores
que nos servem de matrizes têm que ter qualidade,
para conseguirmos boas sementes” afirma Terezinha.
Após a coleta, as sementes
são levadas para os laboratórios de
análise, instalados nos maiores viveiros
do Estado, em São José dos Pinhais
(Região Metropolitana de Curitiba) e Engenheiro
Beltrão (Noroeste do Estado), e lá
cada espécie recebe tratamento adequado de
lavagem e secagem, para que sejam encaminhadas ao
laboratório. “Esse processo varia de acordo
com a quantidade e com a espécie coletada.
Pode levar apenas um dia ou até mesmo quatro.
As sementes têm de secar na sombra para que
não percam seu poder germinativo” explica
Terezinha.
Já no laboratório,
são analisados vários quesitos de
cada espécie: o poder germinativo, pureza,
quantidade de sementes por quilograma, peso a cada
1000 sementes e teor de umidade que, segundo Terezinha,
é um dos itens mais importantes de cada espécie.
Somente depois são embaladas e seguem para
a sala de armazenagem, onde permanecem em temperatura
variante de 3° a 5°graus.
A técnica explica que hoje,
no viveiro de São José dos Pinhais,
cerca de 40 espécies são produzidas,
mas há mais de 60 espécies armazenadas.
“Como nem todas as espécies podem ser plantadas
na mesma época, temos uma grande quantidade
de sementes estocadas para que se possa atender
a demanda do Estado e de cada época do ano
propícia ao plantio”.
Somente após esse processo
a semente pode ser plantada nos tubetes e de lá
seguir para a casa de vegetação, onde
se analisa a porcentagem de germinação
de cada espécie, para então ir para
o plantio. Segundo o coordenador do programa na
região metropolitana, Benedito Eugênio
Santos Padilha, o tempo em que cada muda fica na
casa de vegetação varia com a espécie.
“A mais rápida é a Marica, que em
45 dias já está pronta para o plantio.
Mas no caso da Imbuia, depois de plantada no tubete,
até ficar pronta para ser plantada no campo,
ela permanece um ano e meio na casa de vegetação”.
É quando a muda está
pronta para ser plantada no campo que entram os
outros parceiros do programa. Como o IAP, as entidades
e municípios conveniados ficam responsáveis
pela coleta, distribuição de sementes
e desenvolvimento das mudas. Já a Emater
e a SEAB se encarregam do acompanhamento e orientação
dos agricultores que recebem essas mudas.
Osvaldo Antônio Andrade,
é técnico da Emater há 26 anos
e atende cerca de 4000 agricultores da região
de São José dos Pinhais. Ele conta
que desde a implantação do programa
muita coisa mudou. “O programa é fantástico,
porque dá a oportunidade de se corrigir erros
cometidos no passado, e os agricultores têm
se conscientizado cada vez mais da importância
em se preservar a mata ciliar de suas propriedades”
afirma.
Segundo ele, a idéia da
Emater para 2008 é promover na região
um ciclo de reuniões para se conscientizar
cada vez mais os agricultores, “explicando a cada
um deles que se não preservarem a mata ciliar,
o solo de suas áreas ficará pobre,
ocorrerá um diminuição do lençol
freático, ocasionando assim um desequilíbrio
do ecossistema, que futuramente prejudicará
a nós todos” destacou.
Até o final deste ano,
a meta do Programa Mata Ciliar é chegar ao
plantio de 100 milhões de mudas de espécies
plantadas. No site do Programa Mata Ciliar – www.pr.gov.br/mataciliar
você encontra informações sobre
a vegetação típica do estado,
quais espécies são cultivadas pelo
programa e também pode conferir quais os
municípios plantaram mais mudas desde o inicio
deste projeto.
Confira quais as espécies
mais plantadas no Estado e sua quantidade de sementes
por quilo: (Box)
Aroeira pimenteira (Schinus terebinthifolius)
– 42 mil sementesAngico Vermelho (Anadenanthera
macrocarpa) – 14 mil sementes
Urucaia – 32 mil sementes
Araucária – 100 sementes
Imbuia – 580 sementes
Pitanga – 3,5 mil sementes
Araçá – 4,8 mil sementes
Programa Mata Ciliar já plantou 78,1 milhões
de mudas em todo o Paraná
O Programa Mata Ciliar já
garantiu, desde 2003, o plantio de 78,1 milhões
de mudas de espécies nativas para a recuperação
das matas que protegem as margens dos rios. A meta
para este ano é plantar outros 25 milhões
de árvores. O programa é desenvolvido
pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(SEMA) e coordenado pelo Instituto Ambiental do
Paraná (IAP),
Para o secretário do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues,
a maior conquista do programa foi garantir a adesão
dos agricultores paranaenses nas ações
de plantio, isolamento e abandono da área
às margens dos rios para a recomposição
da mata ciliar.
“Todas as 370 mil propriedades
agrícolas do Paraná sabem hoje da
existência do Mata Ciliar e da importância
de uma nascente preservada, ou de um rio para o
meio ambiente e para a produção”,
diz o secretário. Segundo ele, as 78,1 milhões
de mudas já plantadas são resultado
de um trabalho pensado, construído e realizado
em parceria.
“Nesta Semana da Água,
quero agradecer a participação de
cada cidadão, agricultor, cooperativa, município
ou instituição, que colaboram a cada
dia para que as árvores plantadas cresçam
e, com elas, a consciência das pessoas”, acrescentou
Rasca.
Evolução – Atualmente,
cinco anos após sua implantação,
o Programa Mata Ciliar está presente nos
399 municípios do Paraná e virou referência
pela adesão estadual. Para alcançar
a meta de plantar 100 milhões de árvores,
o governo do Estado reestruturou os 20 viveiros
do IAP. Até 2003, eram produzidos três
milhões de mudas anualmente nestes viveiros.
Em 2007 foram dez milhões.
Além disso, foram adquiridos
outros 412 viveiros, modernizados, que foram entregues
a parceiros do programa, como municípios,
colégios agrícolas, Sanepar, Apaes,
Centros de Socioeducação, penitenciárias,
instituições públicas e privadas,
para descentralizar a produção. Juntos
estes viveiros produzem, em média, 15 milhões
de mudas por ano.
Segundo Rasca, até 2003
eram produzidos dois milhões de mudas de
espécies exóticas, como pinus e eucalipto,
e apenas um milhão de árvores nativas.
Hoje, 100% da produção é de
espécies nativas. “Se comparássemos
a produção de espécies nativas
até 2003, com o que produzimos atualmente
somente nos viveiros do IAP, já seria um
aumento de 1.000%”, destaca o secretário.
Legislação - A mata
ciliar é toda vegetação encontrada
nos córregos, nascentes, represas, lagos
e rios, entre outros. É considerada pelo
Código Florestal Federal como "área
de preservação permanente", com
diversas funções ambientais.
Conforme a legislação,
a faixa reservada para mata ciliar é de 50
metros nas nascentes e 30 metros nas margens dos
cursos de água. Segundo orientação
do IAP, as mudas recebidas pelo agricultor devem
ser plantadas em espaçamentos de 3m x 2m
e isoladas por arame, de forma a impedir o acesso
de animais.
De acordo com o coordenador estadual
do programa, Paulo Roberto Caçola, é
importante o acompanhamento de cada muda plantada.
“Após o plantio deve-se cuidar do desenvolvimento
das mudas e sempre procurar ajuda do IAP ou dos
técnicos da Emater para isso”, diz. Segundo
ele, muitos produtores já constatam o aumento
da quantidade de água e melhora na qualidade
da produção, após a recomposição
da mata ciliar.
“Isso porque a mata ciliar promove
o processo de filtragem dos resíduos agroquímicos,
evitando que os mesmos atinjam os cursos d’água”,
destacou. Em contrapartida, em áreas onde
a mata ciliar é mínima ou inexistente,
há um aumento significativo nas pragas das
lavouras, levando prejuízos às propriedades
rurais. “Outra conseqüência é
a escassez de água. Sem vegetação
não é possível a infiltração
da água para os lençóis fluviais”,
ressalta Caçola.
Para conhecer mais sobre o programa
Mata Ciliar acesse http://www3.pr.gov.br/mataciliar
. O site divulga o ranking de municípios
que têm mais arvores plantadas, as espécies
cultivadas no Estado e a quantidade de mudas plantadas
por minuto.