Panorama
 
 
 

RIBEIRINHO AMAZÔNICO AMEAÇADO DE MORTE PEDE PROTEÇÃO AO GOVERNO FEDERAL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2008

25 Mar 2008 - O presidente da Associação dos Moradores do Médio Xingu, Herculano Costa Silva está em Brasília para pedir proteção policial e cobrar do governo federal a criação da Reserva Extrativista do Médio Xingu, na Terra do Meio, no Pará. O decreto de criação da reserva extrativista está na Casa Civil da Presidência da República desde maio do ano passado.

A demora no processo de criação tem colocado em risco a vida dos moradores da Resex, que sofrem ameaças feitas por grileiros e fazendeiros, que insistentemente ocupam a região com gado, promovendo desmatamentos e gerando insegurança entre os moradores.

Herculano Silva e Lauro Freitas Lopes, moradores da região do Médio Xingu, vão cumprir uma extensa agenda em Brasília, incluindo audiência na Secretaria Executiva do Ministério de Minas e Energia, que, segundo informações da própria Casa Civil, está paralisando o processo em função da possível necessidade de instalação de uma das hidrelétricas do complexo de Belo Monte naquele trecho do rio. Técnicos da Eletronorte e da Eletrobrás presentes em audiência pública realizada em Altamira dia 7 de março, entretanto, afirmam que a construção da hidrelétrica de Belo Monte não demandará outros barramentos ao longo do rio Xingu.

A futura Resex do Médio Xingu terá 303 mil hectares de área total. É uma faixa de terra que ocupa 100 quilômetros na margem esquerda de quem desce o rio Xingu em direção a Altamira. É considerada estratégica para consolidar o mosaico de áreas protegidas projetado para a região, que inclui terras indígenas e unidades de conservação estaduais e federais. A criação da Resex do Médio Xingu representa a possibilidade de regularização fundiária da região, que beneficiará cerca de 59 famílias locais, que vivem atualmente em clima de total insegurança.

No início do mês, o Procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, de Altamira, deu entrada numa ação cautelar com a finalidade de garantir a imediata retirada das pessoas destituídas de títulos da área onde será criada a Reserva Extrativista Médio Xingu. A Polícia Federal também instaurou inquérito policial para apurar ameaças de morte realizadas por pessoas que se declaram proprietárias (grileiros) das terras onde será criada a Reserva Extrativista Médio Xingu.

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WWF-Brasil defende nascentes no Dia Mundial da Água

24 Mar 2008 - Um inflável gigante, de 15 metros de altura, no formato de um tradicional filtro de barro, foi instalado nas Cataratas do Iguaçu, no Paraná, destacando o provérbio chinês “ao beber a água, lembre-se da nascente”. A manifestação teve objetivo de alertar a população e as autoridades para a necessidade de proteção das áreas de cabeceiras no Brasil

O ato marcou o lançamento do Movimento Nascentes do Brasil, conduzido pelo Programa Água para a Vida, do WWF-Brasil, dentro da iniciativa global HSBC Climate Partnership, um programa ambiental do Grupo HSBC desenvolvido para responder às urgentes ameaças das mudanças climáticas em todo mundo.

O Movimento Nascentes do Brasil, que também conta com o apoio da top model Gisele Bünchen e da Grendene, busca mobilizar pessoas comuns, comunidades e governos para ações concretas de proteção de nascentes e cabeceiras, ao mesmo tempo em que conclama a população a refletir sobre a água e seus diversos significados.

A ação contou com o apoio fundamental das equipes do Parque Nacional do Iguaçu, do Parque Nacional Iguazú (Argentina), e da Fundación de la Vida Silvestre – ONG irmã do WWF-Brasil, também da Argentina.

Ação e pressão
O movimento propõe que a população, além de tomar para si o cuidado com as nascentes, pressione os governos por políticas públicas de proteção às nascentes e áreas de cabeceira com base em um modelo de Proposta de Projeto de Lei que está disponível no site do WWF-Brasil (www.wwf.org.br/agua). O modelo foi inspirado no sucesso do Programa Adote uma Nascente, do Governo do Distrito Federal, que foi apoiado pelo WWF-Brasil.

Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação do WWF-Brasil, destacou a importância de políticas públicas de proteção das florestas. “É importante manter as florestas de pé, já que elas são produtoras de água para a natureza, para a produção e para o consumo humano”, afirmou o Scaramuzza.

Entre outras iniciativas, o WWF-Brasil planeja levar o movimento para o Pantanal, maior área úmida do planeta de enorme biodiversidade e, também, fragilidade em razão do fato de que parte de suas nascentes estão localizadas no Cerrado, que sofre pressão de atividades agropecuárias implementadas sem respeito às boas práticas. Em Brasília, o movimento está apoiando o projeto Salve o Urubu como um projeto demonstrativo de mobilização da comunidade em torno da proteção dos recursos hídricos.

Ação global – Com investimento de U$ 100 milhões e duração de cinco anos, o HSBC Climate Partnership prevê ações em parceria com as ONGs WWF, The Climate Group, Earthwatch Institute e Smithsonian Tropical Research Institute (STRI).

Lançado em maio de 2007, o Climate Partnership está focado em quatro pontos estratégicos: defesa de rios que provém água doce, mitigação do CO2 em grandes metrópoles e pesquisa de biodiversidade em florestas tropicais além do engajamento pessoal para transformação de atitude dos indivíduos em todo mundo.

Iguaçu
Cartão postal do Brasil, em especial do sul do País, as Cataratas do Iguaçu localizam-se na bacia do Rio Iguaçu, que conta com 113 afluentes. O cenário natural foi escolhido para simbolizar o Movimento Nascentes do Brasil em razão de sua grandeza. Seus 275 saltos despejam uma vazão de nada menos que 1.500 m3 de água por segundo. Isto significa que, caso essa água pudesse ser usada para abastecimento, a cada segundo, Iguaçu abasteceria 62,5 famílias por um mês, ou 1.875 famílias por um dia.

Divididas entre Brasil e Argentina, as Cataratas são um Patrimônio Natural da Humanidade, gerido pelos dois países e protegido pelo Parque Nacional do Iguaçu, no Brasil, e Parque Nacional de Iguazu, na Argentina. Esta é uma das poucas áreas remanescentes da Mata Atlântica que cobriam a bacia do Iguaçu.

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Interação com moradores e registros científicos raros para o Juruena são destaque da 2ª fase da expedição

24 Mar 2008 - Por Denise Cunha - Marcada pelos grandes desafios que caracterizam qualquer iniciativa em uma área ainda pouco estudada, a segunda fase da expedição científica, realizada no setor norte do Parque Nacional do Juruena entre os dias 25 de fevereiro a 15 de março, trouxe novidades e resultados que surpreenderam os pesquisadores participantes. Além de promover uma interação inédita entre os gestores e os moradores de dentro e do entorno da recém-criada unidade de conservação, a atividade possibilitou localizar espécies nunca antes encontradas na região que também ampliaram a lista de possíveis novos registros para a ciência.

A diversidade de ambientes identificados no parque está entre os bons desdobramentos da expedição. Há poucos dias para o fim da atividade, o parque, mais uma vez, mostrou guardar singularidades que não mais se esperava conseguir encontrar àquela altura. Segundo Ayslaner Gallo, engenheiro florestal do Instituto Centro de Vida (ICV) e responsável pelo estudo sobre a vegetação na expedição, mesmo com toda a tecnologia disponível, localizar-se na floresta não é tarefa fácil. Assim, nem sempre é possível encontrar em campo o que as imagens de satélite indicam existir.

“Mas, na última semana, enquanto abríamos as trilhas para dar acesso aos sítios amostrais da pesquisa, nos surpreendemos ao encontrar áreas de campinarana bem no meio da mata densa e fechada. Trata-se de um tipo de vegetação comum em solos arenosos, muito parecida com as encontradas no cerrado”, disse Ayslaner que também informou que lá foram registradas espécies que ainda não compunham o levantamento sobre a flora do parque, rendendo um número muito maior de amostras do que as adquiridas durante a primeira campanha. “Conseguimos acabar com os mais de vinte quilos de jornais, material que utilizamos para prensar as coletas que serão analisadas e confirmadas em laboratório”, afirmou.

Alguns quilômetros adiante, já no último ponto de pesquisa da expedição, Júlio Dalponte, pesquisador da Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat) responsável pelo estudo sobre mamíferos, voltou do campo com uma novidade. Na área do entorno, há cerca de cinco quilômetros do limite do parque, o pesquisador conseguira identificar um tabocal, como são chamados os ambientes da floresta compostos por bambus nativos da Amazônia.

As características do lugar explicam o entusiasmo. Mesmo que o caminho tenha mostrado sinais da presença constante da população local, que usava uma área próxima como acesso a um dos garimpos, a possibilidade de encontrar espécies raras e até mesmo novas naquele ambiente era muito grande.
Dante Buzzetti, ornitólogo e responsável pelo estudo sobre as aves da região, foi quem mais se animou com a notícia. O local possivelmente abrigaria espécies que só lá existem. “Estávamos tentando encontrar um tabocal desde a primeira campanha. Foi uma grata surpresa termos conseguido identificá-lo tão próximo do fim da expedição”, disse o pesquisador.

O entusiasmo não era exagero. Dante, que costumeiramente traz do campo anotações com várias dezenas de exemplares listados, desta vez trouxe uma lista composta por algumas espécies até então ainda não encontradas na região. O papagaio-de-cabeça-laranja (Pionopsitta aurantiocephala), o ferreirinho-picaça (Poecilotriccus capitalis), o arapaçu-rabudo (Deconychura longicauda), o anambé-preto (Cephalopterus ornatus) e o falcão-de-peito-laranja (Falco deiroleucus), são alguns componentes ilustres dos últimos registros do pesquisador que revelou que, entre os mais de 400 registros adquiridos durante as duas campanas, a possibilidade de haver uma nova espécie para a ciência é grande. “Mas a confirmação ainda será feita em laboratório”, explicou.

No entanto, por traz da reunião de todos esses bons resultados - que, além de ressaltarem a importância da criação e implementação do Parque Nacional do Juruena, são componentes essenciais para elaboração do seu plano de manejo - está a eficiência e flexibilidade no planejamento da expedição. Em alguns momentos as adversidades impostas pela natureza obrigaram adaptações em parte do trajeto que contemplou o segmento entre o Rio São Tomé (afluente do rio Juruena, no Mato Grosso) até o trecho inicial do rio Tapajós (no Amazonas).

Inicialmente, a segunda campanha navegaria o rio Juruena, ancorando em pelo menos dois pontos para coleta de dados e amostras. Porém, a dificuldade em encontrar áreas adequadas para atracar o barco, devido a cheia do rio, obrigou pequenas mudanças no plano. Porém, o fator que ais mobilizou adaptações no planejamento foi a quantidade assustadora de mosquitos em dois pontos do rio, próximos a sua afluência com o Teles Pires. Isso impossibilitou a permanência da equipe.

Segundo a maioria dos pesquisadores, até a respiração tornava-se tarefa complexa nessas áreas. Para se ter uma idéia do tamanho do problema, a média de repelente utilizado era de um litro por dia para tentar afastar pernilongos, “piuns” e flebotominios, um tipo de organismo que é um vetor do protozoário causador da leishmaniose.

Finalizado oficialmente no último dia 15 de março, o diagnóstico científico para a construção plano de manejo do Parque Nacional do Juruena está sendo realizado por meio de uma cooperação técnica entre Instituto Centro de Vida (ICV), WWF-Brasil e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal do Acre (Ufac).

Mamíferos da noite – o rato que guarda mistérios e o macaco que tem hábitos de morcego

A equipe da mastofauna, área que estuda os mamíferos, também conseguiu novidades. Na penúltima semana da expedição a equipe localizou um roedor amazônico de hábitos noturnos que é geralmente encontrado em tabocais e popularmente conhecido como rato toró, ou rato da taboca. Tão grande quanto o desejo de identificar a área de tabocal, a expectativa de encontrar o bicho também nasceu durante a primeira fase da expedição ocorrida em novembro de 2007. Após três noites inteiras de trabalho em busca do roedor, Júlio Dalponte e o piloteiro Adelson Carvalho Souza, conhecido como Baixinho, retornaram eufóricos ao acampamento após a captura bem sucedida.

Não é difícil imaginar a razão de sua localização ter sido tão desejada. Pouco se sabe sobre as duas espécies existentes na Amazônia: o Dactylomys dactylinus e o Dactylomys bolivianus que são essencialmente arborícolas. “Ainda não sabemos qual dessas duas é a espécie do animal coletado. Além disso, ele guarda outro mistério que nos intriga muito. Entre as poucas informações disponíveis sobre o animal, sabe-se que ele é associado aos ambientes de tabocais e são muito sensíveis às mudanças de ambiente a à caça, graças ao porte mediano de cerca de 70 centímetros. Mas esse indivíduo, especificamente, não foi encontrado no seu habitat original o que nos leva a crer que pode se tratar de uma espécie diferente das conhecidas até hoje”, revelou Julio.

Outro mamífero, igualmente difícil de ser avistado, também compôs a lista de registros da equipe de mastofauna. Única espécie de primatas com hábitos noturnos do mundo, o Macaco-da-noite (Aotus sp.) também foi encontrado em um dos sítios amostrais do último ponto de coleta da expedição. “Ele prefere dormir de dia, como os morcegos, e realizar suas atividades durante a noite, especialmente em fase de lua cheia”, informou Ednaldo Candido Rocha, membro da equipe de mastofauna que conseguiu avistar o animal e ajudou a viabilizar um dos poucos registros fotográficos do bicho solto na natureza, realizado por Adriano Gambarini, profissional contratado pelo WWF-Brasil que acompanhou a atividade.

Interação com locais

As reuniões abertas com moradores de comunidades localizadas no entorno e o contato com moradores que habitam áreas que compõe o setor norte do Parque Nacional do Juruena foram uma das peculiaridades que diferenciou a segunda fase da primeira etapa da expedição científica.

Considerado o primeiro contato oficial com essas populações, a atividade envolveu os principais grupos sociais, compostos por lideranças e outras pessoas representativas das comunidades, e mobilizou reações que reafirmaram o entendimento de que a criação e implementação de alternativas – que contemplam mudanças socioeconômicas essenciais e atendam tanto às condições ideais para a gestão do parque, quanto às necessidades básicas dessas populações – seria um dos maiores desafios do processo de construção do plano de manejo para a área.

As reuniões, realizadas nas comunidades Pontal (no último dia dois) Barra de São Manoel (no dia nove de março) e Colares (no dia dez de março), foram marcadas por um clima de incertezas em relação aos desdobramentos que concernem a criação de uma unidade de conservação nas proximidades da área em que residem e tiram seu sustento.

“Mudanças são sempre temidas. Estaríamos surpresos se a reação fosse de completa aceitação. Esse primeiro contato foi importante por ter sido uma oportunidade para ouvir as percepções e angústias dos moradores e também para tranqüilizá-los ao informar que sua rotina não deve mudar até que sejam levantadas alternativas que, além de garantir a manutenção de sua dignidade, também promovam melhorias na qualidade de vida deles”, declarou Roberta Freitas, uma dos quatro analistas ambientais do Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que são responsáveis pelo Parque Nacional do Juruena e que também ministrou a reunião com os moradores.

O próximo encontro com os comunitários acontecerá em maio quando será realizado um curso de capacitação sobre associativismo e cooperativismo.

 
 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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