Transporte
caótico, poluição e degradação
ambiental: paulistas entendem sua relação
com as mudanças climáticas
São Paulo (27/08/2008) - A sociedade paulista
tem uma boa percepção dos problemas
causados pelo aquecimento global e sabe encaminhar
propostas para combater ou ao menos minimizar os
efeitos das mudanças climáticas. A
avaliação é do engenheiro ambiental
Sourak Borralho, coordenador executivo da III Conferência
Estadual do Meio Ambiente - III CEMA, que acontece
amanhã (28) e sábado (29) na Assembléia
Legislativa de SP.
Segundo Sourak, as discussões
e propostas recolhidas nas 12 conferências
macrorregionais, que ocorreram por todo o Estado
de SP entre o final do ano passado e meados de março,
mostram que a população sabe fazer
as conexões entre as causas e conseqüências
do aquecimento e tem soluções aplicáveis
para o problema. “Toda agressão ao meio ambiente
reflete-se cada vez mais rápido na vida das
pessoas, seja nas metrópoles ou no interior.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, entre
as grandes queixas levantadas estavam o trânsito
caótico e a poluição. No Vale
do Ribeira, a pressão sobre a Mata Atlântica
e os recursos hídricos foi a tônica”,
diz Borralho.
“Por si só essas questões
não são as responsáveis pelo
aquecimento global, mas a população
entende que elas também contribuem para o
problema. Logo, ao apresentar idéias ou possíveis
soluções para a realidade local as
pessoas estão colaborando para mudar a realidade
global, e isso é amplamente desejável”,
explica.
Entre as sugestões apontadas
pela macrorregional de São Paulo para melhorar
o trânsito e a poluição na capital,
estão:a necessidade de implantar transporte
coletivo mais eficiente e sustentável diminuir
o uso de veículos individuais automotores
o poder público deve priorizar o uso do transporte
público com menor potencial poluidor (como
ônibus movidos a gás, álcool,
eletricidade, metrô e trens) implantação
de mais corredores de ônibus e de ciclovias
Essas propostas e todas as demais
levantadas nas conferências macrorregionais
serão novamente debatidas e votadas no sábado
na III CEMA. As mais votadas serão defendidas
pelos delegados paulistas na III Conferência
Nacional do Meio Ambiente, que acontece de 7 a 11
de maio, em Brasília. Propostas de competência
da União serão encaminhadas ao governo
federal para subsidiar a elaboração
do Plano Nacional de Mudanças Climáticas.
As que forem de competência estadual serão
encaminhas ao governo do Estado de SP.
A III CEMA SP começa amanhã,
dia 28, às 17h, no plenário JK da
Assembléia Legislativa, Av. Pedro Álvares
Cabral, 201, Ibirapuera, São Paulo - SP.
Entenda a III Conferência Estadual do Meio
Ambiente - III CEMA SP A III CEMA é o final
da etapa paulista para a Conferência Nacional.
Desde o ano passado foram realizadas 12 conferências
macrorregionais no Estado, nas cidades de Americana,
Araçatuba, Bauru, Bebedouro, Ourinhos, Registro,
Ribeirão Preto, Santos, São Caetano
do Sul, São José dos Campos, São
Paulo e Votorantim. Cada encontro respeitou a divisão
por Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(UGRHI´s). Foram mobilizadas em torno de 2
mil pessoas de diversos segmentos (setor público,
iniciativa privada e sociedade civil) de pelo menos
200 municípios.
As Conferências Estaduais
e suas prévias macrorregionais contribuem
para a construção do Plano Nacional
de Mudanças Climáticas, a partir do
debate e identificação de um conjunto
de medidas apontadas pelas comunidades. Servem também
para disseminar e descentralizar dados e atualidades
sobre as ações e avanços na
área socioambiental e subsidiarão
a elaboração de políticas públicas.
Entenda a Conferência Nacional
do Meio ambiente:
A Conferência Nacional do
Meio Ambiente, agora em sua terceira edição,
é uma das deliberações da Rio-92,
Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada
no Rio de Janeiro, em 1992.
A Conferência é um
espaço de convergência social, de caráter
transversal, que permite a participação
democrática dos setores da sociedade brasileira
(empresarial 30%, governamental 20% e sociedade
civil 50%) com o objetivo de compartilhar problemas,
buscar soluções, discutir e assumir
responsabilidades individuais e coletivas e apresentar
reivindicações e sugestões
de aprimoramento da política visando à
sustentabilidade sócio-ambiental brasileira.
Nas duas primeiras conferências,
realizadas nos anos de 2003 e 2005, foram definidos
temas para o debate participativo com foco no “Fortalecimento
do SISNAMA” e na “Política Ambiental Integrada
e no Uso Sustentável dos Recursos Naturais”,
respectivamente. Somando-se a participação
direta, a I CNMA e a II CNMA reuniram cerca de 150
mil pessoas.
A terceira edição
da Conferência Nacional do Meio Ambiente será
realizada em Brasília, no período
de 07 a 11 de maio de 2008 e terá como foco
as “Mudanças Climáticas”. O tema,
até então restrito à comunidade
científica, governos e ambientalistas, ganhou
mais visibilidade após a divulgação,
no primeiro semestre de 2007, de mais um relatório
de avaliação do Painel Intergovernamental
sobre Mudança do Clima (IPCC). No Brasil,
ao promover a III CNMA tendo como temática
as Mudanças Climáticas, o MMA espera,
com esta iniciativa pioneira no mundo, contribuir
para o debate, disseminar o conhecimento técnico-científico
e político relativo ao tema e submeter ao
processo de conferências a formulação
da “Política Nacional e do Plano Nacional
sobre Mudança do Clima”, em fase de elaboração
pelo governo brasileiro.
Airton De Grande