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LIMINAR DETERMINA RETIRADA IMEDIATA DE INVASORES DE RESERVA EXTRATIVISTA NO MÉDIO XINGU

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2008

9 de Abril de 2008 - Juliana Maya - Repórter da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília - Liminar concedida pela Justiça Federal na última sexta-feira (4) determina a retirada imediata de invasores da reserva extrativista no Médio Xingu, na Terra do Meio, no estado do Pará. A decisão busca acelerar o processo de desintrusão na região.

A retirada dos grileiros e fazendeiros da reserva do Médio Xingu já havia sido determinada há um mês. Mas a situação na região tem ficado cada vez mais tensa por conta da demora no processo de desintrusão.

O procurador da República em Altamira, Marco Antônio Delfino de Almeida, acusa o governo federal de omissão. Segundo ele, a demora em cumprir as decisões acaba gerando um sentimento de impunidade na população.

“O atraso somente fortalece pessoas que historicamente sempre enriqueceram à custa do patrimônio público, sempre enriqueceram à custa do desmatamento", diz Almeida.

O procurador acredita que a liminar concedida pelo juiz federal em Altamira Antônio Campelo pode realmente acelerar o processo de desintrusão na região. Segundo Almeida, enquanto não houver recurso que altere a decisão judicial, ela terá que ser cumprida.

O analista ambiental do Instituto Chico Mendes e gestor das unidades de conservação de proteção integral da Terra do Meio, Walber Oliveira, explica que o momento é de elaboração de um planejamento estratégico para a desocupação e informa que haverá uma reunião com a Polícia Federal e com a Justiça para definir como será o trabalho de desintrusão.

“Na verdade nós estamos traçando um planejamento e uma estratégia para poder proceder da melhor forma e cumprir todos esses mandados na região da Terra do Meio”, ressalta o gestor.

Segundo Walber Oliveira, a proposta do instituto é que a medida seja cumprida o mais rápido possível, mas isso depende de inúmeros fatores como a disponibilidade da Polícia Federal e da Justiça, além da liberação de recursos do próprio órgão.

A reserva extrativista do Médio Xingu tem 303 mil hectares e é o último trecho que ainda depende de decreto presidencial para composição de um bloco contínuo de áreas protegidas na Terra do Meio, no Oeste do Pará.

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Índios cometeram maioria dos assassinatos de indígenas apontados pelo Cimi

10 de Abril de 2008 - Adriana Brendler - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil 2006/2007, divulgado hoje (10) pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), revela que a maioria dos 149 assassinatos registrados nesse período entre indígenas, com autoria definida, foi cometida por pessoas das próprias comunidades, em situações de brigas, muitas delas familiares. Mais da metade do total dos crimes ocorreu em Mato Grosso do Sul.

Para a antropóloga Lúcia Rangel, coordenadora do levantamento, o aumento da violência entre os próprios índios é reflexo das condições degradantes a que eles estão submetidos, principalmente em Mato Grosso do Sul, por estarem “confinados” em pequenas reservas onde há superpopulação e condições precárias de saúde e subsistência.

A antropóloga explicou que, apesar das várias comunidades de uma mesma reserva - como é o caso de Dourados, onde estão os Guarani-Kaiwoá - terem a mesma cultura e falarem a mesma língua, elas estão organizados em unidades autônomas (chamadas tekohá) baseadas em relações familiares e com chefias políticas e religiosas independentes.

“Quando várias dessas unidades são colocadas em uma área sem espaço, começam a competir entre si, o conflito vai aumentando e entra-se num ciclo de violência interna que não se resolverá, a não ser que cada uma das unidades retome a terra que corresponde ao seu tekohá.”, afirmou Lúcia Rangel, referindo-se à reivindicação dos 45 mil índios da etnia Guarani-Kiaowá por 100 áreas de terra no estado.

Ao comentar os suicídios registrados entre jovens indígenas no país (33 em 2006 e 28 em 2007), a antropóloga disse que trata-se de um fenômeno de difícil compreensão. “Parece um grito de alerta da juventude de que as coisas não vão bem, de que a vida está violenta, de que são ameaçados, e eles buscam no mundo dos espíritos a segurança e a paz que não encontram aqui.”

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Para Cimi, falta de política para povos indígenas contribui com aumento da violência

10 de Abril de 2008 - Adriana Brendler - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O governo brasileiro não tem priorizado uma política que atenda aos interesses e direitos dos povos indígenas. A avaliação é do vice-presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Roberto Liegbott.

"O governo tem sido sempre submisso a pressões de fazendeiros, latifundiários e grupos econômicos no que se refere a demarcações de terras o que tem contribuído para que a violência contra os povos indígenas tenha se alastrado", afirmou ao comentar os dados do relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil 2006/2007 apresentado hoje (10) pela entidade na 46ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Indaiatuba (SP).

Segundo o levantamento, o número de indígenas assassinados cresceu 64% no país de um ano para o outro e 11 conflitos pela disputa de terras foram registrados no período em vários estados do país.

Para Liegbott, a lentidão na demarcação de terras indígenas favorece a violência contra e entre os índios. De acordo com ele, a regularização de uma área demora em média 10 anos para ser concluída e há situações em que os processos se estendem por mais de duas décadas, como é o caso dos índios Pataxó Hã-Hã-Hãe, no sul da Bahia, que esperam há mais de 25 anos por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da posse da terra pleiteada por eles.

“Os procedimentos demarcatórios são muito morosos. Esse tempo todo faz com que as forças que se opõem aos direitos indígenas façam pressão sistematicamente contra a demarcação de terras. Nesse processo, os ânimos vão se acirrando e as violências são uma conseqüência disso”, afirmou.

Segundo o Cimi, das 850 terras reivindicadas por povos e comunidades indígenas junto à Fundação Nacional do Índio (Funai), órgão responsável pela condução técnica da demarcação de áreas indígenas, 364 estão com procedimentos demarcatórios concluídos, totalizando 105,7 milhões de hectares que correspondem a cerca de 12% do território brasileiro.

Outras 49 áreas foram homologadas, mas aguardam registro, 52 foram declaradas indígenas mas dependem de demarcação, 126 estão na programação da Funai para serem identificadas no futuro e 222 não tem previsão de providências.

Para ele, o que impede o andamento dos processos demarcatórios são pressões políticas de madeireiros, grandes produtores rurais e empresas que têm a posse ou interesses nas terras pleiteadas pelos índios.

“Os estados entregaram áreas onde viviam índios para colonização e elas foram loteadas e vendidas para fazendeiros e outros ocupantes. Os índios foram sendo espremidos em reservas, hoje ele reivindicam essas terras. É um processo complexo e o grande gargalo no processo de demarcação são as pressões políticas”, avaliou.

De acordo com o representante do Cimi, além de estimular a violência por causa das disputas de terras, a "morosidade" do governo federal em resolver a questão fundiária indígena deixa comunidades inteiras “confinadas” em pequenas áreas sem condições de trabalho, alimentação, saúde e educação o que gera violência entre os próprios índios. Ele apontou como exemplo o caso dos 12 mil Guarani-kaiowá que vivem na reserva de Dourados, no sul do Mato Grosso do Sul num espaço de 3,4 mil hectares, onde o espaço médio para cada índio é cerca de 30m².

Segundo ele, desde o começo deste ano até agora, nenhuma ação da Funai foi realizada no sentido de cumprir o Termo de Ajustamento de Conduta assinado pelo órgão e proposto no ano passado pelo Ministério Público Federal para demarcação de 30 novas áreas indígenas no Mato Grosso do Sul em 2008 a fim de minimizar o problema fundiário regional. De acordo com o relatório do Cimi, cerca de 40 mil guaranis vivem em 40 mil hectares demarcados no estado ou em faixas de terra localizadas entre fazendas e estradas.

Procurada para comentar as informações do Cimi, a Funai respondeu, por meio da assessoria de imprensa, que o presidente do órgão, Márcio Meira, não tinha agenda disponível para entrevista.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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