Normalizado
acesso à Terra Indígena Raposa Serra
do Sol
10 de Abril de 2008 - Marco Antonio
Soalheiro - Enviado especial - Vila Surumu (RR)
- A suspensão da operação Upatakon
3 resultou na melhoria de acessos à Terra
Indígena Raposa Serra do Sol, que tinham
sido danificados. A estrada que liga a BR-174 a
Vila Surumu tem cenário distinto daquele
verificado há uma semana. Nos igarapés
onde as pontes foram destruídas a passagem
está facilitada por terra jogada pelos arrozeiros
sobre as pedras.
Carros pequenos conseguem passar
após a obra, patrocinada para garantir o
escoamento das carretas de arroz. Um pouco mais
à frente, uma grande escavação
que fora aberta na estrada pode ser vencida por
uma passagem improvisada com estacas de madeira.
Na ponte sobre o Rio Surumu, onde
estava montada a base de resistência, mais
surpresas: sumiu a bandeira da Venezuela, que dividia
espaço com a do Brasil e agora há
uma grande bandeira brasileira, além de pessoas
que desmontam o aparato.
O que não mudou é
o discurso do líder dos arrozeiros, Paulo
César Quartiero. Cercado por seus seguidores
na região onde se localizam suas fazendas,
ele continua negando que a destruição
das pontes tenha sido orquestrada por seu grupo.
E diz não temer as investigações
da Polícia Federal sobre os atos de vandalismo
ocorridos.
“Os responsáveis estão
no governo federal e, quando chegar a chuva, a região
pode ficar isolada”, disse o arrozeiro, que insistiu
não ser o mentor da base de resistência
montada e agora desfeita no Surumu: “Eu seria um
gênio se fosse inventar isso tudo. A revolta
foi o governo quem colocou na cabeça do povo.”
Apesar da negativa, ele confirmou
ter ordenado a retirada da bandeira venezuelana
da ponte e a colocação de uma bandeira
brasileira maior. “Vi umas imagens e estava meio
esquisito. A da Venezuela era maior do que a nossa”,
explicou.
+ Mais
Conselho Indígena garante
paz em Roraima só até julgamento final
sobre homologação
10 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado Especial - Boa Vista (RR) -
No dia seguinte à decisão do Supremo
Tribunal Federal, que determinou a suspensão
da Operação Upatakon 3, até
o julgamento de mérito de ações
que tratam da homologação da Terra
Indígena Raposa Serra do Sol, o clima no
Conselho Indígena de Roraima , que cobrava
a retirada dos arrozeiros da área, ainda
é de fazer com que comunidades aguardem em
paz a manifestação final da Justiça.
Mas um resultado desfavorável poderá
acirrar os ânimos.
"Vamos fechar toda a terra
e reunir muita gente. Queremos apoio dos xavantes
e vamos retomar nossas casas. Se querem desrespeitar
os povos indígenas, vamos desrespeitar as
autoridades", ameaçou o coordenador
geral do CIR, Dionito José de Souza.
Em entrevista à Agência
Brasil, Dinonito demonstrou irritação
com a vitória parcial dos arrozeiros, que
ganharam mais tempo para permanecer na terra indígena.
"Os arrozeiros quebram pistas na cara do governo
federal. Até parece que queimar casa não
é crime, destruir pontes não é
crime, soltar bombas não é crime",
reclamou Dionito, em alusão a atos de vandalismo
que ele atribui aos que resistiam em deixar a área.
A Polícia Federal já
informou que a apuração dos crimes
de depredação do patrimônio
público continua, independentemente da suspensão
da operação de desintrusão.
Dionito considerou o voto do ministro
Carlos Ayres Brito, na concessão da liminar,
um indicativo de que o posicionamento do relator
no mérito será favorável aos
arrozeiros. O argumento usado pelo ministro de que
os arrozeiros ocupam apenas 1% da área de
1,7 milhão de hectares não é
suficiente para o que o CIR aceite a permanência
dos produtores.
No documento intitulado A Luta
Continua até o Último Índio!,
comunidades ligadas ao CIR avisam: "Chega de
sofrimento, já esperamos demais! Tivemos
calma, muita paciência e confiança
nas autoridades, mas agora basta!".
+ Mais
O povo de Roraima venceu, afirma
governador
9 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Boa Vista (RR) -
O governador de Roraima, José de Anchieta
Filho, disse agora há pouco em entrevista
coletiva que a decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) que suspendeu a Operação
Upatakon 3 foi benéfica para o estado. A
decisão do STF atendeu a pedido feito pelo
próprio governo de Roraima.
“O povo de Roraima venceu. Venceu
a coerência, a ética e o sentimento
de um povo sofrido que trabalhava lá [na
Terra Indígena Raposa Serra do Sol] e que
aguarda o julgamento final de mérito para
que eles ganhem e possam ficar por lá.”
O governador disse estar preparado
para atuar caso ocorram conflitos entre índios
ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR)
que cobravam a expulsão dos arrozeiros e
aqueles favoráveis à permanência
dos não-índios na área.
“O CIR, agora, tem que respeitar
a decisão do Supremo. Se for necessário,
e a Polícia Federal não agir, vou
pedir o apoio do Exército brasileiro para
garantir a paz na região.”
Neste momento, um grupo de simpatizantes
e de arrozeiros de Roraima fazem uma carreata em
comemoração à decisão
do Supremo.
+ Mais
Simpatizantes e arrozeiros em
Roraima comemoram decisão do STF
9 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Roosewelt Pinheiro/Abr
- Boa Vista - Arrozeiros e simpatizantes comemoram
a decisão do Supremo Tribunal Federal que
suspendeu a desocupação da Terra Indígena
Raposa Serra do Sol pela Polícia Federal
Boa Vista - Um grupo de simpatizantes e de arrozeiros
de Roraima comemora neste momento, na porta do Palácio
Senador Hélio Campos, sede do governo estadual,
a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)
que suspendeu a Operação Upatakon
3.
Os manifestantes aguardam a chegada
do deputado federal Márcio Junqueira (DEM
-RR) para saírem em carreata pelas ruas da
capital. Dezenas de caminhões estão
estacionados no pátio diante do palácio.
“Isso é tudo o que a gente
queria. Queremos que o Supremo diga se a gente tem
ou não razão. Agora não podemos
mais ser enxotados de nossas terras por um ato administrativo
do governo federal”, disse o arrozeiro Agenor Luís
Faccio.
Está prevista para daqui a pouco entrevista
coletiva do governador José de Anchieta Filho.
+ Mais
STF suspende retirada de não-índios
da Terra Indígena Raposa Serra do Sol
9 de Abril de 2008 - Antonio Arrais
- Repórter da Agência Brasil - Brasília
- O Plenário do Supremo Tribunal Federal
(STF) acompanhou o voto do relator, ministro Carlos
Ayres Britto, e decidiu, por unanimidade, suspender
qualquer operação de retirada de ocupantes
não-índios da Terra Indígena
Raposa Serra do Sol, em Roraima. A decisão,
que vale até o julgamento do mérito
da ação cautelar, atendeu a pedido
feito ontem (8) pelo governo de Roraima.
Na ação, o governo
informava temer confrontos "com conseqüências
imprevisíveis" entre arrozeiros, índios
e a Polícia Federal, responsável pelo
Operação Upakaton 3.
O ministro Carlos Ayres Britto
atendeu ao pedido do governo de Roraima com o argumento
de que para evitar a eclosão de um confronto,
que poderia levar a "uma verdadeira guerra
civil", deixou de ouvir a outra parte, representada
pela União e a Fundação Nacional
do Índio (Funai).
O ministro considerou, ainda,
que os não-índios, na maioria arrozeiros
da região que moram na reserva, representam,
com sua produção, 6% da economia de
Roraima e ocupam "uma faixa de terra que representa
um por cento de toda a reserva Raposa Serra do Sol".
Na ação cautelar,
o governo de Roraima acusou a União de não
ter cumprido sua parte nas ações compensatórias
que anunciou em contrapartida à saída
dos arrozeiros e não-índios da área
da reserva, quais sejam a destinação
de 150 mil hectares para a implantação
de pólos agropecuários; a regularização
de dez mil propriedades familiares, habilitando-as
a poder receber créditos do Programa Nacional
de Agricultura Familar (Pronaf); e a garantia de
que nenhum ocupante não-índio da área
fosse retirado da área sem indenização
e sem um local para seu reassentamento.
Mais cedo, o superintendente da
Polícia Federal (PF) em Roraima, José
Maria Fonseca, tinha anunciado que a operação
Upatakon 3 terá uma trégua pelo menos
até a próxima segunda-feira (14).
A operação visa retirar não-índios
da terra indígena Raposa Serra do Sol. A
informação foi transmitida após
uma reunião entre policiais federais e nove
arrozeiros que têm plantações
na área.
"Eles pediram um prazo até
segunda-feira, quando voltaremos a sentar para definir
como será a desocupação",
afirmou, reiterando que o acordo com os arrozeiros
será respeitado.
"Até segunda-feira,
não tem surpresa e não há enganação.
A Polícia Federal não age assim. Não
pode haver quebra de confiança".
+ Mais
Vannuchi diz que governo vai cumprir
lei e retirar arrozeiros da Raposa Serra do Sol
9 de Abril de 2008 - Yara Aquino
- Repórter da Agência Brasil - Brasília
- O secretário especial dos Direitos Humanos,
ministro Paulo Vanucchi, afirmou hoje (9) que o
governo vai cumprir a lei e retirar os arrozeiros
que relutam em deixar a Terra Indígena Raposa
Serra do Sol, em Roraima.
“O governo federal está
presente lá, com atitude de serenidade, mas
vai cumprir a lei: os arrozeiros serão retirados”,
disse o ministro.
Segundo Vanucchi, a ação
da Policia Federal no local não é
“açodada” e o sistema constitucional brasileiro
precisa ser respeitado. “O ponto de vista do governo
federal, reafirmado pelo Supremo [Supremo Tribunal
Federal] é o ponto de vista de que está
encerrado o processo de homologação.
Já foi dado tempo de dois anos a mais que
a primeira data [para saída dos não-índios],
a desintrusão dos pequenos produtores já
foi feita, e agora resta um grupo pequeno.”
A terra indígena, cuja
área é de 1,7 milhão de hectares,
foi homologada em maio de 2005 pelo Supremo Tribunal
Federal. Desde então, intensificaram-se os
conflitos entre índios e plantadores de arroz,
os chamados arrozeiros, que resistem em deixar a
área. Para retirar os não-índios
do local, a Polícia Federal organizou a Operação
Upatakon 3.
Nos últimos dias, os conflitos
pela desocupação se intensificaram,
e hoje o superintendente da Polícia Federal
em Roraima, José Maria Fonseca, anunciou
que a Operação Upatakon 3 terá
uma trégua até a próxima segunda-feira
(14) a pedido dos arrozeiros, que ainda querem discutir
a questão.
+ Mais
Arrozeiro que pediu prazo à
PF diz que não pode deixar terra indígena
9 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Boa Vista - O arrozeiro
Nelson Itikawa, um dos nove agricultores que estabeleceram
hoje (9) uma trégua com a Polícia
Federal em relação à saída
da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, disse
que não há condições
de os produtores se retirarem a partir de segunda-feira
(14).
“Nós não vamos sair,
porque não temos para onde ir. Não
temos onde colocar nossas criações
e máquinas”, afirmou Itikawa, em entrevista
à Empresa Brasil de Comunicação.
Apesar da declaração
do arrozeiro, o superintendente da Polícia
Federal em Roraima, José Maria Fonseca, disse
que pretende traçar um cronograma para uma
retirada pacífica na segunda-feira, data
de um novo encontro entre as partes. Fonseca não
revelou o prazo que seria dado aos arrozeiros: “Isso
é estratégico. Vai depender da conversa.”
Itikawa negou que o grupo de produtores
tenha ordenado a formação da base
de resistência montada por moradores na Vila
Surumu e a destruição de pontes de
acesso à área: “Não sei [quem
mandou destruir pontes]. Eu posso responder por
mim. Não posso responder pelo grupo. Mas
não acredito que seja arrozeiro, porque temos
ainda 25% de plantação para ser colhida
e precisamos de acesso para isso.”
O líder dos arrozeiros,
Paulo César Quartiero, não participou
da reunião com a Polícia Federal,
nem foi encontrado para comentar a trégua.
A informação é de que ele estaria
na Vila Surumu.
Itikawa confirmou a presença
de representantes do grupo em Brasília que
trabalham em busca de solução pela
via judicial: “Queremos que nossa questão
seja julgada no Supremo Tribunal Federal.”
+ Mais
Operação para retirada
de arrozeiros continua, diz representante do governo
federal
9 de Abril de 2008 - Da Agência
Brasil - Brasília - O governo federal não
pretende suspender a operação de retirada
dos arrozeiros da Terra Indígena Raposa Serra
do Sol, em Roraima.
"A operação
não está suspensa. Ela segue com planejamento
que está a cargo da Polícia Federal
em apoio à Funai [Fundação
Nacional do Índio] e ao Ibama [Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis]”, disse o coordenador executivo
do comitê gestor do governo federal em Roraima,
José Nagib Lima, em entrevista à Agência
Brasil.
Segundo Nagib, a operação
de retirada dos não-índios da área
prossegue de acordo com o planejamento da Polícia
Federal, que trabalha para que a remoção
seja feita de forma pacífica. Para ele, é
“natural” que a polícia leve algum tempo
para concluir a operação, uma vez
que os agentes chegaram recentemente ao local e
ainda estão estudando o terreno.
Nagib disse ainda que foi informado
que de dois arrozeiros estariam em Brasília
tentando embargar a retirada judicialmente.
+ Mais
Polícia Federal nega recuo
em negociações com arrozeiros
9 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Boa Vista - O superintendente
da Polícia Federal em Roraima, José
Maria Fonseca, negou hoje (9) que a trégua
estabelecida com os arrozeiros que insistem em permanecer
na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, pelo
menos até a próxima segunda-feira
(14), signifique um recuo da força policial.
“Não houve recrudescimento.
Somente repassamos para eles [arrozeiros] a ordem
que recebemos de que a operação será
executada. Eles sabem que será desencadeada
no tempo certo”, disse o delegado.
O líder dos arrozeiros,
Paulo César Quartiero, não compareceu
à reunião que definiu a trégua.
Apenas mandou representante.
Segundo Fonseca, os nove proprietários
rurais representados disseram que “há pretensão
de saída e que a violência ocorrida
na região não partiu deles, que não
teriam nenhuma responsabilidade.” Os arrozeiros
afirmaram também que têm representantes
em Brasília trabalhando em busca uma saída
negociada.
Fonseca informou que prosseguem
as investigações sobre os responsáveis
pelos atos de violência e vandalismo praticados,
com a destruição de pontes e abertura
de escavações em estradas que dão
acesso à Terra Indígena Raposa Serra
do Sol.
A Polícia Federal pretende,
a partir de segunda-feira, definir uma forma para
que a retirada dos não-índios ocorra
sem necessidade de uso da força: “Vamos traçar
um cronograma para a desocupação de
maneira ordeira, pacífica, e documentar o
que existe no local para que eles [produtores] não
sejam prejudicados nos seus direitos.”
+ Mais
Índios aliados a arrozeiros
exigem "respeito" da Polícia Federal
9 de Abril de 2008 - zarco Antônio
Soalheiro - Enviado Especial - Boa Vista (RR) -
“Não é só o Lula [presidente
da República] que é autoridade. Nós
que temos nossa terra também somos autoridade.
Queremos respeito.” As palavras do vice-presidente
da Sociedade dos Índios em Defesa de Roraima
(Sodiur), o macuxi Sílvio da Silva, são
endereçadas aos delegados da Polícia
Federal (PF) que coordenam a Operação
Upatakon 3, deflagrada para retirar os não-índios
da reserva Raposa Serra do Sol. “Eles [policiais
federais] chegaram e já foram entrando nas
áreas indígenas sem conversar. Chegaram
abusando, querendo assustar”, reclamou Silva. “Lá
é nossa área e nós deixa quem
nós quer”, acrescentou.
A Sodiur é uma entidade
aliada aos arrozeiros e defende a permanência
deles na área. “Somos favoráveis que
os brancos que estão ali dentro permaneçam
trabalhando e com amizade conosco. Eles estão
plantando , produzindo e dando emprego”.
O dirigente da Sodiur diz que
os índios representados pela entidade não
têm armas, apesar de parte deles ter ido reforçar
a base de resistência montada pelos moradores
e arrozeiros na Vila Surumu. Ele também reclama
de abandono por parte da Fundação
Nacional do Índio (Funai): “Veja se a Funai
tem lavoura, escola ou posto médico lá
dentro [da Raposa Serra do Sol] . O governo federal
não vem olhar nossa área indígena
e nem sabe o que um índio sente ali dentro”.
Ontem, o coordenador-geral da
Upatakon 3, delegado Fernando Segóvia, disse
que a PF está em Roraima para cumprir a lei
e usará todos os meios necessários
para desempenhar suas missão: “Se eles [não-índios]
não quiserem sair [da Raposa Serra do Sol],
infelizmente, teremos que tirá-los de lá.”
+ Mais
Delegado da PF diz que "todos
os não-índios" terão quer
deixar Raposa Serra do Sol
8 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Boa Vista (Roraima)
- O delegado da Polícia Federal (PF) Fernando
Segóvia, coordenador geral da operação
Upatakon3, não confirma o prazo de 48 horas
para iniciar a ofensiva na terra indígena
Raposa Serra do Sol.
"Todos os não-índios
vão ter que sair. Só isso eu posso
dizer".
Ele ressaltou que ainda acredita
em uma saída pacífica do local. Segundo
ele, negociações nesse sentido estão
em curso.
E fez uma recomendação
à população de Roraima: "pedimos
que as pessoas não vão para a terra
indígena nos dias da operação".
O delegado ironizou a iniciativa
de arrozeiros em pedir apoio ao Exército.
"É uma piada de mau gosto instigar uma
instituição federal contra outra.
Isso pode até ser caracterizado como crime".
Arrozeiros de Roraima buscam pistoleiros
na Venezuela, diz superintendente da PF
8 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Boa Vista - O novo
superintendente da Polícia Federal (PF) em
Roraima, delegado José Maria Fonseca, afirmou
hoje (8), em entrevista coletiva, ter conhecimento
de que os líderes do movimento de resistência
à retirada de não-índios da
Terra Indígena Raposa Serra do Sol “estão
buscando assassinos pagos, em Manaus e na Venezuela,
para atuar na região.”
Fonseca disse que não acredita
“em nenhum incentivo do governo venezuelano” ao
grupo encabeçado pelos arrozeiros. Há
rumores de que militares do país vizinho
tenham se juntado à base montada na Vila
Surumu. Segundo o delegado, as táticas de
guerrilha adotadas pelos resistentes, que incluem
a fabricação de bombas caseiras, indicam
que eles foram alvo de preparação
especial: “Com toda certeza, estão sendo
treinados.”
A lado do delegado Fernando Segóvia,
coordenador geral da Operação Upatakon
3, Fonseca não confirmou o prazo de 48 horas
para deflagrar a ofensiva, conforme dito pelo governador
de Roraima, José de Anchieta Júnior,
mas salientou que “ a coordenação
está pronta para ser desencadeada”, condicionada
apenas ao esgotamento das tentativas de negociação
para um saída pacífica.
A Polícia Federal informou
ainda que um homem preso com uma bomba ontem (7),
durante manifestações em Pacaraima,
confessou ter recebido de um fazendeiro da região
a incumbência de detonar o explosivo, em troca
de emprego e dinheiro. O nome do fazendeiro será
mantido em sigilo enquanto não forem concluídas
investigações.
+ Mais
Delegado avisa que PF revidará
eventuais agressões em Raposa Serra do Sol
8 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Boa Vista (RR) -
O coordenador geral da Operação Upatakon
3, o delegado da Polícia Federal Fernando
Segóvia, garantiu que a retirada dos não-índios
da Terra Indígena Raposa Serra do Sol vai
ocorrer, inevitavelmente, com ou sem o uso da força.
“Tem várias maneiras de
você avançar, não atacar, não
machucar pessoas, mas dependendo do tipo de agressão
que for feita à polícia, sempre alguém
vai acabar ficando ferido”, alertou Segóvia
em sua primeira entrevista depois de chegar a Boa
Vista (RR).
“O uso da força será
o necessário para cumprir a ordem de desocupação”,
reforçou o novo superintendente da PF em
Roraima, José Maria Fonseca.
Para Segóvia, a lei será
cumprida de forma indistinta para todos os não-índios.
“Vão todos sair. Mulher, criança,
menino, mesmo que estiver chorando, não vai
poder ficar lá.”
Ele afirmou que microfones deverão
ser usados para convencer os manifestantes que se
concentram na Vila Surumu a saírem da área
pacificamente. “Mas se eles não quiserem
sair, infelizmente, teremos que tirá-los
de lá.”
A PF não revela o total
do efetivo envolvido na operação nem
confirma que a ofensiva será deflagrada nas
próximas 48 horas.
Hoje (8) mais 45 agentes da Força
Nacional de Segurança chegaram à cidade
para reforçar a operação. “Recebemos
reforço todos os dias”, disse Segóvia.
+ Mais
Sem arrozeiros, índios
vizinhos à Raposa Serra do Sol dizem viver
em paz
6 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Roosewelt Pinheiro/Abr
- Terra Indígena São Marcos (RR) -
Líder da comunidade do Milho, Manduca Tavares,
diz que índios podem viver sem apoio de arrozeiros
Terra Índigena São Marcos (RR) - No
meio da tarde, o wapichana Manduca Tavares, 46 anos,
colhe melancias na roça da Comunidade do
Milho, na Terra Indígena São Marcos,
área de 111 mil hectares vizinha à
Raposa Serra do Sol – em que a Polícia Federal
(PF) pode deflagrar a qualquer momento uma ofensiva
para a retirada de arrozeiros e não-índios,
como manda o decreto de homologação
de 2005.
“Desenvolvemos nossa área
com nossa própria produção.
Não precisamos de arrozeiro”, resume o anfitrião,
que é vice-coordenador da Associação
dos Povos da Terra Indígena São Marcos
A lista de produtos inclui ainda
mandioca e banana, vendidos nas cidades, assim como
carne bovina e suína. “Comemos arroz porque
compramos”, ressaltou, ao revelar o apoio da Fundação
Nacional do Índio (Funai) e o recebimento
de recursos do Programa Nacional de Agricultura
Familiar (Pronaf) pelas famílias para investir
no cultivo próprio.
Na bem-estruturada vila da comunidade
– com escola, telefone, igreja e antena parabólica
– Maria Elza Tavares, mulher de Manduca, garante
ser “um bom lugar para criar os filhos, tranqüilo
e sem perturbação”. A conversa com
o marido dela se aprofunda em uma sombra que alivia
o calor de Roraima, sob olhar atento de jovens,
mulheres e crianças dali. Um gole d’água
e Manduca diz o que pensa sobre o iminente confronto
na área vizinha, que tem 1,7 milhão
de hectares: “Eles [arrozeiros] são invasores.
Não são de Roraima, não têm
20 anos aqui e vieram usufruir sem dar porcentagem
para a população”.
A divisão dos indígenas
da Raposa Serra do Sol entre o apoio e o repúdio
aos arrozeiros seria, conforme Manduca, reflexo
da ocupação da área por não-índios:
“A gente vive integrado, mas quando alguém
coloca na cabeça dos parentes promessa de
ajuda...”. Uma pausa e a reflexão continua:
“Os parentes apoiam [arrozeiros] sem ter conhecimento.
São poucos índios que trabalham com
eles”.
A presença do arrozeiros
na região poderia ser até admitida,
argumentou Manduca, mas diante de um novo tipo de
relacionamento com as comunidades tradicionais:
“Podem voltar como parceiros e não invasores.
E precisam dar maior assistência”.
Para ele, o fato de os índios
da área já adotarem costumes típicos
de quem vive nas cidades não significa que
possam viver no mesmo espaço que os brancos.
A explicação vem com uma metáfora:
“Um homem tinha um tamanduá
e passou cinco anos dando leite para ele beber.
Mas o tamanduá não virou bezerro nem
vaca”, disse. “Podemos usar sapatos e calças
bonitas, pegar um avião para ir em Brasília,
mas vamos morrer índios”, acrescentou.
O caminho de volta a Boa Vista
inclui uma travessia de balsa sobre o rio Uraricoera.
Apesar de não ser o foco do iminente confronto
entre a PF e os não-índios da região,
a Terra Indígena São Marcos - que
engloba 39 comunidades - já foi prejudicada
com a destruição de duas pontes em
estradas que dão acesso à Raposa Serra
do Sol.
+ Mais
Arrozeiro diz que quer justiça
e contesta valor de indenização da
Funai
8 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Boa Vista - A tentativa
do governador de Roraima, Anchieta Filho, de convencer
os arrozeiros da Terra Indígena Raposa Serra
do Sol a deixarem a área a tempo de se evitar
um possível confronto com a Polícia
Federal parece não ter surtido efeito.
Após reunião no
palácio do governo estadual, no início
da tarde de hoje (8), a disposição
do grupo de resistência permanecia a mesma.
“Ele [governador] se ofereceu a nos ajudar a sair
de lá, mas não é isso que queremos.
A minha idade já não permite recomeçar
e também não há outras regiões
para fazer a atividade que temos lá dentro”,
disse o arrozeiro Luís Afonso Faccio, 65
anos, na condição de representante
da Associação dos Arrozeiros de Roraima.
O governador contou aos arrozeiros
que em reunião com a Polícia Federal
foi informado de que a ofensiva da Operação
Upatakon 3 pode ser deflagrada em 48 horas.
Faccio, que possui fazenda na
área há dez anos, disse que o grupo
“quer justiça” e lembrou um item do decreto
de homologação que prevê não
se fazer retirada sem prévia e justa indenização.
Ele reconheceu que o ressarcimento foi depositado
em juízo pela Fundação Nacional
do Índio (Funai), mas contestou o valor:
“Querem nos pagar 5% do que valem nossas benfeitorias.”
Ao defender que o governo federal
aguarde o julgamento de mérito, no Supremo
Tribunal Federal, de ações que contestam
a homologação da área, Faccio
questionou a presença de policiais federais
em Roraima: “A PF invadiu a cidade com armamento
bélico e caminhonetes sem placa.O presidente
lula está colocando as forças nacionais
para expulsar brasileiros da fronteira desse país.”
Segundo a Associação
dos Arrozeiros de Roraima, a atividade representa
13% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas
produzidas) do estado e gera cerca de 7 mil empregos
diretos e indiretos. O governador de Roraima aponta
outros números: 6% do PIB e a existência
de 2 mil empregos diretos que podem ser comprometidos
de imediato.
+ Mais
Deputados pedem a Lula fim de
operação para retirar não-índios
de Raposa Serra do Sol
8 de Abril de 2008 - Yara Aquino
- Repórter da Agência Brasil - Antônio
Cruz/Abr - Brasília - Acompanhado por parlamentares
estaduais e vereadores de Roraima, o deputado Márcio
Junqueira (direita) fala à imprensa, depois
de protocolar documento pedindo a retirada da Polícia
Federal da Terra Indígena Raposa Serra do
Sol.
Brasília - Deputados federais e estaduais
de Roraima e arrozeiros encaminharam ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva carta em que pedem
o fim da operação da Polícia
Federal na Terra Indígena Raposa Serra do
Sol, para a retirada de não-índios
da reserva, e a judicialização da
questão. A carta foi protocolada hoje (8)
no Palácio do Planalto.
O deputado federal Márcio
Junqueira (DEM-RR), que foi ao Planalto acompanhado
de parlamentares do município de Pacaraima,
explicou que a intenção é que
o assunto seja resolvido pelo Supremo Tribunal Federal
(STF). “O fórum para se dirimir questões
de direito é o Supremo. Então não
há necessidade do gasto de dinheiro público
em Roraima com essa operação desnecessária.”
A terra indígena, cuja
área é de 1,7 milhão de hectares,
foi homologada em maio de 2005. Desde então,
intensificaram-se os conflitos entre índios
e plantadores de arroz, chamados de arrozeiros,
que resistem em deixar a terra. Para retirar os
não-índios do local, a Polícia
Federal organizou a Operação Upatakon
3.
Ontem (7), manifestantes que protestam
contra a medida bloquearam a BR-174 na altura do
município de Pacaraima, que fica nos limites
da terra indígena, em frente a um posto da
Polícia Federal.
O ministro da Justiça,
Tarso Genro, afirmou ontem que terra indígena
é da União, a quem cabe controlar
e fazer e cumprir a determinação.
“O que está havendo lá é a
chegada do Estado de Direito. O Estado de Direito,
às vezes, chega com a força e agora
está chegando com a força porque durante
três anos o governo federal negociou, recebeu
propostas, fez propostas e não houve sensibilidade”,
disse.
+ Mais
Arrozeiros incitam prática
de crimes em reserva indígena, afirma superintendente
da PF
8 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Boa Vista - Os grandes
arrozeiros que insistem em permanecer na Terra Indígena
Raposa Serra do Sol, em Roraima, insuflam a população
com mentiras e incitam a prática de crimes.
Essa é a convicção do novo
superintendente da Polícia Federal (PF) no
estado, José Maria Fonseca, que assume o
cargo na iminência de um confronto entre a
força policial e o grupo de moradores que
montou uma base de resistência na Vila Surumu,
a fim de evitar a retirada dos não-índios.
“Um grupo pequeno, que tem interesse
econômico na área, engana as pessoas
com inverdades, distorce os fatos e danifica bens
públicos de forma que, quando vierem as chuvas,
será praticamente impossível transitar
naquela região”, afirmou Fonseca em entrevista
à Empresa Brasil de Comunicação
(EBC). Ele disse encarar com naturalidade o envolvimento
em uma missão do porte da Operação
Upatakon 3.
O superintendente descreveu ainda
a utilização de táticas de
guerrilha pelos manifestantes. “Eles têm usado
coquetel molotov, bombas e pranchas com pregos para
impedir o tráfego de viaturas [na estrada
de acesso]”.
Fonseca também condenou
o “uso de índios, velhos e crianças
como escudo” por parte dos mentores da resistência.
E garantiu que a punição chegará
aos responsáveis. “Serão usados todos
os rigores da lei. A PF não vai tolerar isso,
porque reverte o comportamento das pessoas e incita
a prática de crimes e a desobediência
civil.”
+ Mais
Conselho indígena denuncia
à PF incêndio criminoso em Raposa Serra
do Sol
8 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Roosewelt Pinheiro/Abr
- Boa Vista - Dionito José de Souza, coordenador-geral
do Conselho Indígena de Roraima (CIR), protocola
na Polícia Federal denúncia de incêndio
criminoso em aldeias na Terra Indígena Raposa
Serra do Sol.
Boa Vista - O coordenador-geral do Conselho Indígena
de Roraima (CIR), Dionito José de Souza,
protocolou na sede da Superintendência da
Polícia Federal (PF) em Boa Vista denúncia
referente a incêndio criminoso praticado na
comunidade Socó, dentro da Terra Indígena
Raposa Serra do Sol.
O documento do CIR relata a queima
de um malocão – casa de palha e madeira,
usada para encontros, festas e reuniões.
Questionado sobre a autoria do
atentado, Souza afirmou que “está na cara,
todo mundo já sabe quem é”, em alusão
ao grupo de moradores ligados aos arrozeiros que
insiste em permanecer na área homologada.
O CIR é a entidade que
encabeça a defesa da retirada de não-índios
da Raposa Serra do Sol. Na noite de ontem (7), manifestantes
bloquearam a BR-174 em Pacaraima, na fronteira do
Brasil com a Venezuela, em frente a um posto da
Polícia Federal. Eles atearam fogo em uma
barricada feita com pneus velhos e madeira, como
relatou uma moradora local.
A PF confirma a prisão
de duas pessoas. Uma delas carregava explosivos
que seriam atirados no posto. Na manifestação,
controlada com reforço de efetivo, um prédio
da Receita Federal foi atingido por pedras.
+ Mais
Arrozeira organiza abaixo-assinado
para pedir atuação do Exército
em Roraima
7 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Roosewelt Pinheiro/Abr
- Boa Vista - A empresária arrozeira Izabel
Itikawa quer a intervenção do Exército
para evitar operação da Polícia
Federal naTerra Indígena Raposa Serra do
Sol.
Boa Vista - Integrante do grupo de grandes arrozeiros
que resistem em deixar a Terra Indígena Raposa
Serra do Sol , a empresária Izabel Itikawa
decidiu coletar assinaturas para um documento que
pretende entregar na quarta-feira (9) ao Comando
Militar da Amazônia, em Manaus.
A esperança dela é
convencer o Exército a intervir no estado
e evitar um confronto entre moradores e a Polícia
Federal. “Acreditamos que a história do Exército
sempre foi em favor da pátria e que ele pode
fazer um trabalho de pacificação da
região. A classe do agronegócio lamenta
a atitude arbitrária do governo federal”,
disse a arrozeira.
Itikawa contou ter adquirido,
em 1991, uma área na zona rural do município
de Normandia com escritura pública de 1928
e que "não pertencia" à
terra indígena. “Depois a demarcação
cresceu e tomou conta da nossa fazenda”, reclamou,
ao argumentar que na época da compra consultou
o Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra), que não
teria feito objeções à localização
da parcela de terra.
Após afirmar que admite
cumprir a lei, desde que receba indenização
justa e seja realocada em área compatível
para a produção de arroz, a empresária
disse que "na minha conta nunca foi depositado
nada” E ressaltou que gera empregos para "índios
abandonados pela Funai [Fundação Nacional
do Índio]”, com carteira-assinada, apesar
de não saber precisar quantos.
Desde a última quinta-feira
os arrozeiros paralisaram suas atividades em protesto
contra o governo federal, segundo Izabel Itikawa,
sem prazo para voltar. No pátio do silo da
empresa, funcionários comentavam que todos
os acessos à Terra Indígena Raposa
Serra do Sol tinham sido obstruídos por pessoas
simpáticas à causa dos arrozeiros.
A Associação dos Arrozeiros de Roraima
sustenta que o segmento gera mais de 7 mil empregos
diretos.
+ Mais
Para Tarso, não haverá
conflito entre PF e não-índios em
Raposa Serra do Sol
7 de Abril de 2008 - Ivan Richard
- Repórter da Agência Brasil - Brasília
- O ministro da Justiça, Tarso Genro, não
acredita na possibilidade de conflito entre a Polícia
Federal e o grupo que resiste à saída
dos arrozeiros e não-índios da Terra
Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Por outro lado, garantiu que o Estado de Direito
irá cumprir, mesmo que seja necessário
o uso da força, a determinação
de desocupar a região.
“Não vai haver conflito.
O que está havendo lá é a chegada
do Estado de Direito. O Estado de Direito, às
vezes, chega com a força e agora está
chegando com a força porque durante três
anos o governo federal negociou, recebeu propostas,
fez propostas e não houve sensibilidade”,
disse Tarso Genro após cerimônia de
assinatura de convênio de cooperação
técnica para o Programa Nacional de Segurança
Pública com Cidadania (Pronasci) com a Organização
do Estados Ibero-americanos para Educação
Ciência e a Cultura.
O ministro da Justiça acusou
os não-índios que resistem à
desocupação de buscar apoio do presidente
da Venezuela, Hugo Chávez.
“Essas pessoas que estão
fazendo resistência chegaram a manifestar
publicamente que estavam buscando apoio do governo
Chávez para dar sustentação
a seus interesses. São essas pessoas que
estão defendendo o território nacional?
O território nacional é defendido
pela autoridade do Estado”, ressaltou.
Para o ministro, a desocupação
da Terra Indígena Raposa Serra do Sol é
uma questão de soberania.
“Terra indígena não
é terra livre para ninguém. A terra
indígena não é disponível
para pessoas explorarem de maneira privada. Terra
indígena é terra da União e
a União tem que controlar, e vai fazer e
cumprir a determinação”, afirmou.
+ Mais
Reassentado da Raposa Serra do
Sol diz que terra nova “não presta”
7 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Roosewelt Pinheiro/Abr
- Projeto de Assentamento Nova Amazônia (RR)
- O fazendeiro Adílio Araújo, 61 anos,
diz que teve prejuízos com a saída
da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.
Projeto de Assentamento Nova Amazônia (RR)
- De família nordestina, Odílio Soares
de Araújo nasceu na Terra Indígena
Raposa Serra do Sol e quase 60 anos depois teve
de deixar uma fazenda na área homologada
em abril de 2005, onde criava gado e praticava agricultura
de subsistência. Agora, já reassentado
no Projeto de Assentamento (PA) Nova Amazônia,
nos arredores de Boa Vista, ele, que optou por não
resistir, diz, resignado, que “não é
como antes, mas não tinha mais saída”.
Araújo mora na capital
e vai ao assentamento nos fins de semana. A antiga
fazenda de aproximadamente mil hectares foi trocada
por uma parcela de terra no projeto de assentamento,
de 446 hectares. A sede é uma casa de madeira
de quatro cômodos. A principal reclamação
é com a qualidade da nova posse: “A terra
não presta e nessa quantidade é muito
pouco para fazer pecuária extensiva”.
Araújo não revela
o valor da indenização recebida pelas
benfeitorias, mas definiu-a como “insatisfatória”
e deu um exemplo: “Se uma cadeira custa R$ 10, eles
[Funai] fazem depreciação e pagam
R$ 5”. Acrescentou que enfrenta “a realidade como
ela é, mas o prejuízo não se
discute”.
Segundo Odílio, seus antepassados
“ajudaram a construir Roraima e a desbravar o interior”.
Ele garante que nunca houve divergências entre
agricultores com o seu perfil e indígenas
na Raposa Serra do Sol, que “daria para abrigar
todos”. E prefere não fazer juízo
de valor sobre a resistência dos arrozeiros
em sair de lá: “Cada um toma a sua decisão”.
A reportagem visitou outras parcelas
de terras recebidas por donos de antigas posses
na reserva indígena. Em muitas delas, os
assentados não foram encontrados. Há
uma associação representativa de parte
deles, mas o responsável pela entidade disse
que preferia não conceder entrevista antes
de “deliberar sobre o assunto” com os companheiros.
Alegou que o grupo já foi prejudicado por
reportagens que não teriam tido a repercussão
desejada.
De acordo com o Incra, havia 292
famílias de não-índios cadastradas
na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Delas,
139 já foram reassentadas em lotes. Além
do PA Nova Amazônia, há famílias
na zona rural do município de Alto Alegre,
a 55 quilômetros da capital. Sessenta e quatro
lotes têm até 100 hectares e o restante,
de 100 a 500 hectares.
+ Mais
PF diz que vai superar bloqueios
montados por moradores de Raposa Serra do Sol
7 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Roosewelt Pinheiro/Abr
- Boa Vista - Caminhonetes transportam equipamentos
a serem usados em caso de confronto na Terra Indígena
Raposa Serra do Sol.
Boa Vista - Pontes derrubadas, escavações
em estradas com pregos espalhados, interdição
de balsas e pistas de pouso – nenhuma dessas medidas
já adotadas pelo grupo de moradores que resiste
em deixar a Terra Indígena Raposa Serra do
Sol preocupa a Polícia Federal.
A coordenação da
Operação Upatakon 3 não revela
estratégias, mas garante ser possível
superar todos os bloqueios montados para o acesso
à área. “A gente sempre dá
um jeito”, resumiu um dos delegados.
Hoje (7), dezenas de policiais trabalharam no recebimento
e transporte de material para o possível
confronto. Chegaram armas como escudos, balas de
borracha e bombas de efeito moral, que ficarão
armazenadas em um depósito até o momento
da ofensiva. As caminhonetes à disposição
também são muitas. A ordem é
para que os agentes atuem com cuidado para evitar
que ocorram mortes, o que poderia prejudicar a imagem
da operação.
Na base de resistência montada
por moradores e arrozeiros na Vila Surumu, manifestantes
usaram máquinas agrícolas e armas
de fabricação caseira para implantar
novos obstáculos.
“A estrada está minada
com escavações e bombas”, confirmou
Saradilson Reis, um dos líderes do grupo.
Ele disse que estão na base mais de 600 pessoas,
100 delas índios mascarados que fazem patrulhamento
na região.
“Se a PF vier nos tirar de nossas
casas e das terras em que nossos avós moraram
haverá um confronto sangrento”, previu Saradilson,
que não quis revelar em detalhes as armas
do grupo. Disse apenas, em tom ameaçador,
serem suficientes para abater um helicóptero
policial que fizer sobrevôo baixo na Vila
Surumu.
+ Mais
Arrozeiro diz que quer justiça
e contesta valor de indenização da
Funai
8 de Abril de 2008 - Marco Antônio
Soalheiro - Enviado especial - Boa Vista - A tentativa
do governador de Roraima, Anchieta Filho, de convencer
os arrozeiros da Terra Indígena Raposa Serra
do Sol a deixarem a área a tempo de se evitar
um possível confronto com a Polícia
Federal parece não ter surtido efeito.
Após reunião no
palácio do governo estadual, no início
da tarde de hoje (8), a disposição
do grupo de resistência permanecia a mesma.
“Ele [governador] se ofereceu a nos ajudar a sair
de lá, mas não é isso que queremos.
A minha idade já não permite recomeçar
e também não há outras regiões
para fazer a atividade que temos lá dentro”,
disse o arrozeiro Luís Afonso Faccio, 65
anos, na condição de representante
da Associação dos Arrozeiros de Roraima.
O governador contou aos arrozeiros
que em reunião com a Polícia Federal
foi informado de que a ofensiva da Operação
Upatakon 3 pode ser deflagrada em 48 horas.
Faccio, que possui fazenda na
área há dez anos, disse que o grupo
“quer justiça” e lembrou um item do decreto
de homologação que prevê não
se fazer retirada sem prévia e justa indenização.
Ele reconheceu que o ressarcimento foi depositado
em juízo pela Fundação Nacional
do Índio (Funai), mas contestou o valor:
“Querem nos pagar 5% do que valem nossas benfeitorias.”
Ao defender que o governo federal
aguarde o julgamento de mérito, no Supremo
Tribunal Federal, de ações que contestam
a homologação da área, Faccio
questionou a presença de policiais federais
em Roraima: “A PF invadiu a cidade com armamento
bélico e caminhonetes sem placa.O presidente
lula está colocando as forças nacionais
para expulsar brasileiros da fronteira desse país.”
Segundo a Associação
dos Arrozeiros de Roraima, a atividade representa
13% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas
produzidas) do estado e gera cerca de 7 mil empregos
diretos e indiretos. O governador de Roraima aponta
outros números: 6% do PIB e a existência
de 2 mil empregos diretos que podem ser comprometidos
de imediato.