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LEI DA BILLINGS PODE AGRAVAR DEGRADAÇÃO DO MANANCIAL

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2008

16/04/2008 - Além de receber as águas poluídas do Rio Pinheiros e os impactos da obra do Rodoanel, a represa Billings pode sofrer com o aumento da expansão urbana no seu entorno. A ameaça reside no atual texto da Lei Específica da Billings, que deve ser votada ainda este semestre pela Assembléia Legislativa de São Paulo. Para contribuir com a elaboração de uma lei que efetivamente proteja o manancial, o ISA lança no próximo dia 25 de abril a publicação “Contribuições para a elaboração de leis específicas de mananciais – o exemplo da Billings”.

A represa Billings fornece água a 1,6 milhão de pessoas na Grande São Paulo – mas poderia abastecer muito mais gente. Maior manancial em área urbana do mundo, a Billings vem perdendo sua capacidade de produção de água ao longo dos anos, apesar de mais da metade de sua bacia hidrográfica ainda estar coberta por vegetação nativa da Mata Atlântica. A degradação do manancial ocorre principalmente pelo bombeamento das águas dos rios Pinheiros e Tietê para a represa – quando há riscos de enchentes nas marginais-, pela ressuspensão dos sedimentos acumulados no fundo da represa – que podem chegar a 10 metros de altura -, e pelo despejo de esgoto doméstico e industrial nos córregos, rios e no próprio corpo central do reservatório. A população atual na Bacia da Billings é de aproximadamente 1 milhão de pessoas e a grande maioria dela não conta com infra-estrutura adequada de coleta e tratamento de esgotos. A Billings sofre ainda com os impactos ambientais da construção do Rodoanel, cuja obra vem provocando desmatamento no seu entorno e o assoreamento da represa.

Mais da metade da bacia da Billings ainda esta coberta por vegetação nativa da Mata Atlântica.

Para agravar a situação, a Lei Específica da Billings, prevista para ser encaminhada pelo governo do estado de São Paulo à Assembléia Legislativa até o meio do ano, consiste em um texto que, ao contrário de estabelecer mecanismos de proteção do manancial, incentiva a expansão urbana sobre a região e busca acomodar os interesses imobiliários dos municípios, impulsionados pela construção do Rodoanel. A proposta de lei ainda se choca contra outros marcos legais, como a Lei da Mata Atlântica, lei dos mananciais e resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Para colaborar no processo de construção de uma lei realmente efetiva para a proteção da Billings, o ISA lança na sexta-feira, 25 de abril, a publicação “Contribuições para a elaboração de leis específicas de mananciais – o exemplo da Billings”. Veja abaixo detalhes do evento de lançamento da publicação, que possui uma linguagem acessível para o público em geral, retoma a história das políticas voltadas para os mananciais do estado, definições jurídicas e faz recomendações gerais sobre a elaboração e definição de leis específicas.

A importância das leis de proteção aos mananciais

As leis específicas são responsáveis por determinar os limites de cada Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRM), definir diretrizes e normas ambientais e urbanísticas de interesse regional, estabelecer as Áreas de Intervenção para a proteção e recuperação dos mananciais. A primeira lei específica para a proteção dos mananciais da Grande São Paulo, por sinal, foi criada em 2006. É a Lei Específica da Guarapiranga, que até hoje não foi implementada.

A publicação “Contribuições para a elaboração de leis específicas de mananciais – o exemplo da Billings” está organizada em cinco partes: uma apresentação contextualizando o tema; histórico e definições jurídicas da política para proteção dos mananciais em São Paulo; caracterização, trabalhos produzidos e considerações sobre a Lei Específica da Billings; e, ao final, traz recomendações gerais para leis específicas que ainda venham a ser feitas pelas diversas bacias que compõem o estado.

Definir e elaborar leis específicas são ações importantes nesse momento, considerando a gestão atual sobre as áreas de mananciais, em especial aquelas próximas à cidade de São Paulo, onde já se percebe um forte investimento em projetos de recuperação, a partir de intervenções que, embora pouco articuladas, representam um montante considerável de recursos e iniciativas. São projetos junto ao Governo Federal (Plano de Aceleração do Crescimento - PAC), Estado de São Paulo (Projeto Mananciais, com financiamento do Banco Mundial) e municípios que prevêem a (re)urbanização de favelas, investimento em saneamento, com recursos do orçamento da cidade de São Paulo, entre outros.

Por tudo isso, a elaboração da Lei da Billings – assim como a de todas as leis específicas – deve conter um bom diagnóstico da situação atual da bacia – o texto da lei em gestação ignora o quadro de poluição da represa -, dimensionar corretamente o passivo ambiental a ser recuperado, ser complementada com um Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental e, ainda, ser compatível com a legislação vigente e programas governamentais em andamento, entre outras características. Assim é possível que a lei contribua efetivamente para garantir a qualidade e a quantidade de água para o abastecimento público nos dias de hoje e no futuro.

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Projeto de porto internacional ameaça unidades de conservação e turismo no sul da Bahia

16/04/2008 - O Instituto Floresta Viva, organização não-governamental de Ilhéus, divulga notícia sobre o projeto do porto internacional que o governo da Bahia quer construir no sul do estado, em parceria com a iniciativa privada e que poderá causar enormes impactos à biodiversidade da região.

Leia a notícia escrita e divulgada pelo Instituto Floresta Viva.

Desde que o governo da Bahia anunciou, em janeiro deste ano, um novo porto internacional na costa entre Ilhéus e Itacaré, a sociedade civil em Ilhéus debate intensamente, sem a atenção da mídia brasileira e internacional. Denominado Porto Sul, o projeto contempla recursos de R$ 4 bilhões e, segundo o anúncio oficial, envolve aeroporto internacional, ferrovia Oeste Leste, mineroduto, retroporto, e, potencialmente, uma nova zona industrial - liderada por uma eventual siderurgia. A motivação maior: o escoamento do minério de ferro de Caetité ao Sul da Bahia, fruto de parceria público-privada com a Bahia Mineração Ltda. Caetité é conhecida na Bahia pela produção de urânio.

O Diário Oficial do dia 19 de março anunciou a abertura de 10 mil empregos. Em 4 de janeiro, o governo criou um GT entre as secretarias do governo para gerar um estudo preliminar, capaz de selecionar áreas potenciais para a construção do porto. A primeira apresentação dos estudos, há um mês, indicou que a melhor área fica a 20 Km da cidade de Ilhéus, ao lado de uma imensa lagoa natural, conhecida como Lagoa Encantada. O mirante de Serra Grande seria impactado pela nova imagem, com um porto em alto mar e grandes navios ao seu lado.

O Sul da Bahia possui extensas praias ainda preservadas, conhecidas como as mais bonitas do Brasil. Itacaré é um dos destinos mais citados pela mídia especializada desde que a rodovia, em 1998, a ligou a Ilhéus, 65 Km ao sul. Conhecida como estrada-parque e construída com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, ela passa por áreas de proteção ambiental. O Ministério do Meio Ambiente elegeu esta região como área prioritária para implementar corredores ecológicos, já tendo investido no Parque Estadual da Serra do Conduru para a elaboração do Plano de Manejo, com recursos do Banco Mundial. A APA de Itacaré Serra Grande hospeda florestas com altíssima diversidade de árvores lenhosas, record mundial detectado pelo New York Botanical Garden e a CEPLAC, órgão de cacau do Sul da Bahia. Além de árvores, a região hospeda muitas espécies ameaçadas de extinção, como o macaco prego de peito amarelo (Cebus xanthosternos), mutum do nordeste (Mitu mitu mitu) e a preguiça de coleira (Bradypus torquatus).

O receio dos ambientalistas é de que as áreas protegidas e a economia do turismo possam ser comprometidos pela nova lógica de povoamento da costa – o que inclui imensa área de beneficiamento de minério de ferro, similar ao que ocorre na Grande Vitória, propagando fuligem mineral em um raio de 30 Km. O mais grave: sem estudo de impacto ambiental, o governo decretou como utilidade pública área de 1.780 hectares para mineroduto, retroporto e aeroporto internacional, em plena Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada, ao lado de povoados de pescadores artesanais, a exemplo da Ponta da Tulha.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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