20 de
Abril de 2008 - Ivan Richard - Repórter da
Agência Brasil - Roosewelt Pinheiro/Abr -
Brasília - O agricultor Ivo Barfnecht mostra
espécies de milho orgânico cultivadas
no Assentamento Cunha, na Cidade Ocidental, região
do entorno do Distrito Federal
Brasília - Embora o preço dos produtos
orgânicos esteja distante da realidade de
boa parte da população do país,
o aumento do consumo dos alimentos sem aditivos
químicos tem contribuído para melhorar
a qualidade de vida de assentados da reforma agrária.
É o caso das 62 famílias
do assentamento Cunha, na Cidade Ocidental, a cerca
de 50 quilômetros de Brasília. Os agricultores
produzem diversas variações de milho,
feijão, mandioca, além de girassol,
abóbora e frutas todos sem a utilização
de agrotóxicos.
"Com nosso modelo, podemos
agregar muito mais valor aos produtos", afirma
um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) do Distrito Federal e Entorno
Ivo Barfnecht.
"Enquanto você vai
a um sacolão comprar um quilo de tomate a
R$ 0,99, vendemos a R$ 5 o quilo. Um frango, que
no mercado comum custa de R$ 2, a R$ 3 o quilo,
estamos vendendo a R$ 24 um frango caipira com dois
quilos", exemplifica o líder do assentamento.
Ontem (19), durante o Dia de Campo promovido pela
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), os assentados mostraram a representantes
de órgãos públicos do Brasil,
Itália e Venezuela e também a pesquisadores
de vários estados o modelo agroecológico
utilizado na propriedade. Um dos coordenadores do
MST nacional, Ciro Correa, explica que a preocupação
com o meio ambiente é uma prioridade.
"É um trabalho de
transformação de paisagem que antes
[do assentamento] era utilizada para plantação
de soja", resumiu. "Esse modelo de reforma
agrária, além de melhorar a vida dos
trabalhadores rurais, também mostra que a
reforma agrária é uma alternativa
viável", disse Correa.
No assentamento as famílias
cultivam diversas variedades de cada produto. "Temos
mais de 20 espécies de milho. Observamos
a que melhor se adapta ao solo e também atende
a demanda comercial", descreve Ivo Barfnecht.
Dessa forma, argumenta, é possível
produzir mais sem prejudicar as características
do solo.
Um outro exemplo do cuidado dos
assentados é a preocupação
com a vegetação às margens
do rio que corta a propriedade. Segundo Barfnecht,
há sete anos, quando o assentamento foi constituído,
o rio estava praticamente morto devido ao cultivo
de soja próximo às águas. Recuperado,
o rio é responsável pelo fornecimento
de água para as famílias.
"Hoje, temos uma roda d'água
que joga água para todo o assentamento a
custo zero de energia", afirma Barfnecht.