8 de Maio
de 2008 - 19h30 - Última modificação
em 8 de Maio de 2008 - 19h54
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para reduzir os impactos das mudanças
climáticas no Brasil e garantir que as populações
mais vulneráveis se adaptem às possíveis
transformações no sistema climático,
é preciso antes detalhar as conseqüências
do aquecimento global sobre os ecossistemas do país,
de acordo com representantes do governo e da sociedade
civil, que participam da 3ª Conferência
Nacional do Meio Ambiente.
“O IPCC [Painel Intergovernamental
sobre Mudança Climática] tem seus
modelos, mas são modelos de larga escala,
o que nós estamos tentando fazer é
buscar aprofundar, melhorar a nossa capacidade de
projetar as vulnerabilidades dos vários sistemas
aos potenciais impactos que a mudança do
clima poderia trazer [para o Brasil]”, defendeu
a secretária de Mudanças Climáticas
e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio
Ambiente, Thelma Krug.
Entre as conclusões que
o painel de cientistas das Nações
Unidas apresentou em 2007, em seu quarto relatório,
estão cenários que prevêem a
savanização da Amazônia (a floresta
passaria a ter estrutura semelhante a do cerrado)
e a transformação do semi-árido
nordestino em deserto.
De acordo com a secretária
do MMA, um dos eixos da Política Nacional
de Mudança do Clima, que deve ser enviada
ao Congresso este ano, trata especificamente do
estímulo a atividades de pesquisa e desenvolvimento
relacionadas às transformações
climáticas. “É fundamental que a gente
conte com o apoio de pesquisas muito específicas
e modelos muito específicos para o Brasil,
que mostrem um perfil mais preciso sobre o nosso
território”, avalia.
A recém-criada Rede Brasileira
de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas
Globais – Rede Clima foi citada pelo representante
do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas,
professor Marcos Freitas, como uma das ações
fundamentais para subsidiar a elaboração
das políticas públicas sobre o assunto.
A necessidade de integração
entre a ciência e a realidade das populações
diretamente afetadas pelos possíveis efeitos
das mudanças climáticas também
foi apontada pelo coordenador-geral da Coordenação
das Organizações Indígenas
da Amazônia Brasileira (Coiab), Gecinaldo
Sateré-Maué. “É preciso uma
unificação entre a academia, a ciência,
o capital privado e os governos e para que a gente
realmente faça uma grande revolução
para salvar o nosso planeta”, sugeriu.
O líder indígena
listou as recentes secas na Amazônia e a mudança
no intervalo de ciclos biológicos, como o
início da piracema, entre os “fatos concretos”
identificados pelas populações tradicionais
como conseqüências do aquecimento do
planeta. “A natureza já começa a mostrar
fúria, isso tem que trazer uma reflexão
muito grande sobre o futuro do nosso planeta. E
as populações indígenas também
sofrem junto com o mundo esses impactos.”
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Ambientalistas entregam a Chinaglia
carta contra projetos prejudiciais a florestas
6 de Maio de 2008 - 14h01 - Última
modificação em 6 de Maio de 2008 -
14h01
Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Representantes de entidades ambientais
e de movimentos sociais entregaram hoje (6) ao presidente
da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), uma carta aberta, com 300 assinaturas,
manifestando preocupação com projetos
em tramitação no Congresso Nacional
que podem trazer impactos negativos para as florestas
brasileiras, principalmente a amazônica.
De acordo com o consultor de políticas
públicas da organização não-governamental
(ONG) Greenpeace, João Alfredo, o projeto
de lei (PL) que os ambientalistas consideram mais
prejudicial é o 6.424/05, que reduz a área
de vegetação de mata nativa da amazônia.
"Esse projeto reduz a área de reserva
legal, que é de 80%, para 50%, permite que
a compensação ambiental seja feita
fora da bacia hidrográfica e fora do próprio
estado e anistia os desmatadores", explicou.
Tal projeto tramita em conjunto
com o PL 1.207/07, que reduz o limite da reserva
legal na região da Amazônia. O PL 6.424
permite que sejam plantadas na área de reserva
legal não apenas espécies nativas
na região, mas outras espécies de
outras regiões.
Outra matéria em tramitação
no Congresso que os ambientalistas consideram prejudicial
é a Medida Provisória 422/08, que
permite que áreas de até 1.500 hectares
sejam legalizadas sem passar por um processo de
licitação.
João Alfredo disse que
há outros projetos em tramitação
no Senado que também podem causar danos às
florestas. Por isso, os ambientalistas também
entregaram a carta aberta ao presidente do Senado,
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN).