9 de Maio
de 2008 - 08h24 - Última modificação
em 9 de Maio de 2008 - 08h24
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil deu mais um passo para
nacionalizar o ciclo do combustível nuclear.
A estatal Indústrias Nucleares do Brasil
(INB) comemora hoje (9) a produção
do milésimo primeiro elemento combustível
produzido por sua Fábrica do Combustível
Nuclear (FCN), instalada em Resende, no estado do
Rio de Janeiro. Esse é o primeiro elemento
combustível fabricado com urânio enriquecido
no Brasil pelo Centro Tecnológico da Marinha
de São Paulo (CTMSP).
O diretor da Área de Produção
Nuclear da INB, Samuel Fayad, afirmou ontem (8)
à Agência Brasil que o milésimo
primeiro combustível representa um marco
importante, que são as pastilhas fabricadas
com urânio enriquecido no território
nacional. “Isso marca principalmente a eficiência
das usinas de Angra 1 e 2 e representa a transição
entre uma nova geração de combustíveis,
que serão instalados a partir da próxima
recarga dos reatores da usina nuclear de Angra 2".
A nacionalização
completa do ciclo do combustível nuclear
poderá ser atingida no espaço de seis
anos, confirmou Fayad. “As possibilidades são
grandes de nos próximos seis anos atingirmos
essa maturidade”. Em termos da capacidade de produção
industrial, ele salientou que isso dependerá
da demanda. “O domínio para fabricarmos certos
componentes não significa que nós
vamos fazer todo o ciclo no Brasil. Porque, economicamente,
talvez não seja viável".
Ele estimou que o novo combustível
aumentará em torno de 8% a 10% a eficiência
do reator de Angra 2. Em relação à
Angra 1, apontou que o ganho poderá ser de
cerca de 10% na produção de energia
elétrica. “E esperamos [que isso ocorra]
já com os novos geradores de vapor, que começam
a ser instalados a partir do mês de outubro”.
Destacou que o novo elemento marca também
a capacidade dos engenheiros e trabalhadores brasileiros
da INB de inovar e de produzir combustível
e equipamentos de alta qualidade, sem um único
defeito até hoje.
O diretor da INB esclareceu que
esses combustíveis do tipo HTP ainda têm
componentes adquiridos no exterior. Isso ocorre,
principalmente, em relação aos que
abastecem o reator de Angra 2, comprados na Europa.
Esses elementos seguem a tecnologia do Acordo Brasil-Alemanha.
Samuel Fayad salientou, no entanto, que o Brasil
já tem parte desses componentes fabricada
no país.
A estatal começou já
a partir deste ano, na fábrica de Resende,
o processo industrial de enriquecimento do urânio,
em pequena escala. Fayad explicou que o processo
é feito por etapas. Por isso, a empresa pretende
agregar, ao longo dos anos, outro módulos,
até atingir a meta de ter 60% das necessidades
de Angra 1 e 2 atendidas em 2010.
Alguns componentes continuarão
a ser adquiridos no exterior. “Só que dominando
a fabricação, a tecnologia, como projetar.
E, com isso, nós discutimos de outra forma
com os parceiros do setor, melhorando a nossa performance
de industrialização e também
a deles”.