05 de
Maio de 2008 Usinas termelétricas a carvão,
como essa da Alemanha, são as principais
fontes de emissões de gases do efeito estufa,
contribuindo para o aquecimento global.
Pittsburgh (EUA) — Governos deveriam priorizar investimentos
em soluções energéticas sustentáveis
para combater a crise climática.
Que tal pegar uma doença
desconhecida, de propósito, e apostar que
um dia, quem sabe, a ciência médica
encontrará a cura para ela? No mínimo,
absurdo, não? Pois é justamente que
a indústria de energia e muitos governos
estão sugerindo ao defender a tecnologia
de captura e armazenamento de carbono para combater
o aquecimento global e as mudanças climáticas.
A tecnologia é uma vã
promessa ainda, já que ninguém conseguiu
encontrar meios de se capturar, eficientemente,
a quantidade de carbono emitido por termelétricas
a carvão e petróleo, e armazená-la
no subsolo para que não aqueça nosso
planeta ainda mais. Ainda assim a indústria
têm usado o desenvolvimento dessa tecnologia
como desculpa para construir mais e mais usinas
a carvão, grandes emissoras de dióxido
de carbono (CO2).
Relatório lançado
pelo Greenpeace nesta segunda-feira, Falsa Esperança,
põe o dedo nessa ferida e defende que os
governos devam priorizar investimentos em soluções
de energia sustentável para combater a crise
climática.
Mais de 100 ONGs de 20 diferentes
países se juntaram ao Greenpeace nas críticas
à tecnologia de captura e armazenamento de
carbono, exigindo que ela não seja usada
como desculpa para a construção de
novas termelétricas a carvão. Os governos
devem dar prioridade a soluções de
energia sustentável.
"A tecnologia de captura
e armazenamento de carvão é uma fraude",
afirma Emily Rochon, autora do relatório
e campaigner de clima e energia do Greenpeace Internacional.
"É uma insanidade, quase uma negligência
criminosa, trocar investimentos em energia limpa
por uma tecnologia que ainda não foi comprovada.
Governos e empresas precisam reduzir suas emissões,
não procurar desculpas para continuar queimando
carvão."
Repleta de incertezas sobre sua
praticidade e seu custo, a tecnologia de captura
e armazenamento de carbono só deve ser tecnicamente
possível a partir de 2030, se tanto. Até
lá, no entanto, pouco será útil
para combater as mudanças climáticas,
que precisa de soluções imediatas,
para os próximos anos. O consenso entre especialistas
de clima é que as emissões globais
de gases do efeito estufa têm que atingir
um pico em 2015 e serem reduzidas pela metade em
2050.
Investimentos fúteis nessa
tecnologia ameaçam as iniciativas voltadas
para energias renováveis e esforços
de economia de energia. Mas a indústria de
energia que continuar poluindo como sempre e não
consegue enxergar o horizonte além do carvão.
Enquanto a indústria e
alguns governos se deixam envolver pelo canto da
sereia da captura de carbono, soluções
viáveis e inteligentes como o investimento
em energias limpas (solar, eólica, geotérmica,
etc) são ignoradas, num claro sinal de que
não pretendem mudar o status quo de produção
de energia. O relatório [R]evolução
Energética, lançado pelo Greenpeace
no início de 2007, mostra que se tivéssemos
programas de eficiência energética
e investimentos em energia renovável, as
emissões de gases do efeito estufa poderiam
ser diminuídas pela metade até 2050.
As fontes de energia renovável do mundo hoje
são suficientes para suprir até seis
vezes as atuais necessidades energéticas
do planeta.
+ Mais
Notícias Sob pressão,
Comissão Européia decide futuro de
milhos transgênicos
05 de Maio de 2008 A Comissão
Européia está sob pressão interna
para rejeitar o plantio de duas variedades de milho
transgênico no continente. Cientistas apontam
problemas à biodiversidade e à vida
selvagem.
Bruxelas (Bélgica) — Variedades da Syngenta
e da Pioneer/Dow, criticadas por cientistas e opinião
pública, serão avaliadas esta semana.
A credibilidade da Comissão
Européia poderá ficar seriamente abalada
se conseguir responder à intensa pressão
existente para a reforma da política européia
relacionada aos transgênicos. O debate há
muito esperado será enfim realizado na próxima
quarta-feira, dia 7 de maio.
Atualmente, cinco países
europeus proíbem o cultivo de transgênicos
em seus territórios (França, Áustria,
Polônia, Hungria e Grécia) e outros
16 estão livres dessa tecnologia. O público
europeu é claramente contra o consumo de
alimentos transgênicos e há pedidos
de diversos países-membros da União
Européia para que o processo de autorização
dos produtos geneticamente modificados seja revisto.
Atualmente, esse processo se baseia apenas em dados
fornecidos pela indústria, ignorando-se a
comunidade científica.
De imediato, os representantes
da Comissão Européia podem decidir
o futuro de duas variedades de milho transgênico,
desenvolvidas pelas companhias Syngenta e Pioneer/Dow.
O departamento da Comissão encarregado de
analisar e aprovar ou rejeitar produtos transgênicos
já propôs a rejeição
de ambos os cultivos. Há crescentes evidências
científicas de que o inseticida embutido
nessas plantas pode afetar a vida selvagem e comprometer
a biodiversidade européia.
Também está
em discussão na Comissão Européia
a batata 'amflora' da Basf - produto transgênico
contendo um gene que dá resistência
à batata a certos antibióticos - há
muitas dúvidas sobre sua segurança.
A Organização Mundial de Saúde
(OMS), a Agência Européia de Medicina
e o Instituto Pasteur têm sérias dúvidas
sobre os possíveis impactos dessa batata
na saúde humana e no meio ambiente.