Panorama
 
 
 

TARSO GENRO DIZ QUE AÇÃO DA PF ANULOU PRINCIPAL FOCO DE TENSÃO EM RORAIMA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2008

7 de Maio de 2008 - 21h17 - Última modificação em 7 de Maio de 2008 - 21h17
Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ação da Polícia Federal que culminou com a prisão do arrozeiro e prefeito de Pacaraima (RR), Paulo César Quartiero, seu filho Renato e funcionários da Fazenda Depósito, pertencente ao produtor, anulou o principal foco de tensão da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e proporcionou “uma distensão” do conflito a respeito da demarcação das terras indígenas. É o que afirmou hoje (7) o ministro da Justiça, Tarso Genro.

“Eu estou convencido de que com essa ação que foi realizada ontem e com o convencimento de que todos nós, independentemente de que sejamos índios ou não-índios, temos compromisso com a Constituição e de que o Supremo [Tribunal Federal] dita a interpretação da Constituição em última instância."

"[Eu estou convencido de] que à medida que o Supremo decidir, tudo vai ser cumprido”, disse o ministro.

De acordo com Tarso Genro, a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança vão continuar atuando na área, principalmente para desarmar a população. “E isso diz respeito não somente a fazendeiros, mas qualquer pessoa que transite na região, sejam índios ou não-índios, aqueles que estiverem armados ilegalmente vão ser desarmados”, complementou.

Na última segunda-feira (5), dez índios foram baleados em um confronto na Fazenda Depósito. Ontem (6), a polícia encontrou explosivos na fazenda, motivo pelo qual Quartiero foi preso, em flagrante.

Segundo o ministro, o conflito na região de Raposa Serra do Sol não envolve todos os arrozeiros, que devem ser retirados na área, caso o Supremo Tribunal Federal decida pela saída dos não-índios do território.

“[O conflito] é particularmente com um ou dois arrozeiros, que estavam fazendo um trabalho de sabotagem, de ações paramilitares, de pistolagem, exacerbando os ânimos de maneira sem precedente na região, em relação à população indígena”, afirmou Tarso.

+ Mais

Lideranças indígenas se mobilizam para manifestação em Brasília

2 de Maio de 2008 - 08h40 - Última modificação em 2 de Maio de 2008 - 08h40
Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Lideranças indígenas, comunitárias e representações de movimentos sociais que vivem no município de Lábrea, no sul do Amazonas, estão se mobilizando para uma manifestação a ser realizada no próximo dia 13 em Brasília. O objetivo é cobrar novamente do poder público a criação das reservas extrativistas (Resex) nas áreas dos rios Ituxi e médio Purus - localizadas no município - e tentar impedir o fechamento do escritório regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na cidade.

A data escolhida para apresentação das reivindicações é a mesma em que será realizado, na capital federal, o Grito da Terra - mobilização promovida há 14 anos pelos trabalhadores rurais. Cerca de 40 pessoas devem sair do Amazonas para participar da ação.

A reivindicação de criação das duas reservas é antiga. Em junho do ano passado, em entrevista à Agência Brasil, o secretário de Política Agrícola e Desenvolvimento da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) no Amazonas, Aldenor Barbosa, declarou que pelo menos desde 2005 o governo estadual vem postergando essa situação e por isso nenhuma decisão definitiva para implantação das áreas de proteção ambiental foi tomada.

Sobre o fechamento do escritório do Ibama em Lábrea, de acordo com carta das lideranças, essa intenção representa um erro que ainda pode ser revertido. Na carta, eles apontam algumas das conseqüências possíveis caso isso ocorra, como o aumento do número de crimes ambientais no município, incluindo o desmatamento e a extração de madeira ilegal; a caça e pesca predatórias e a extração de minérios (que, segundo as lideranças, já vem sendo ilegalmente praticada na área do Ituxi). Ainda no documento, as representações envolvidas denunciam a precariedade no funcionamento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

"Por tudo isso, achamos que seria um grande erro por parte das autoridades competentes desativar o escritório do Ibama no município de Lábrea, deixando-nos desprotegidos e desamparados, à mercê dos depredadores, não só o município de Lábrea, mas também Canutama e Tapauá", diz a carta, que é assinada por 17 instituições, entre elas a Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Médio Purus (Atamp), Associação dos Produtores Agroextrativistas da Comunidade da Volta do Bucho (APAC – VB Rio Ituxi), Associação das Mulheres Indígenas Médio Purus (Amimp), Associação da Comunidade dos Agricultores Indígenas do Caititu (Acaiac), Comissão Pastoral da Terra (CPT – Lábrea), Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Grupo Trabalho Amazônico (GTA), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Associação dos Madeireiros de Lábrea (Asmadel) e Secretaria Municipal de Ação Social.

Segundo a coordenadora regional do Conselho Nacional dos Seringueiros na região do médio Purus, Vanderleide Ferreira de Souza, as denúncias sobre o fechamento do escritório do Ibama em Lábrea surgiram de pessoas que trabalham diretamente com a instituição. Ela revela que a preocupação com essa possibilidade é grande na comunidade, lembrando que o município tem grande extensão de terra e que, em função disso, já existem dificuldades para contenção das ações irregulares no meio ambiente local. "Daqui sai muita madeira clandestinamente. Com o Ibama aqui, já chega a acontecer esse tipo de coisa, imagina se eles saírem da cidade", disse.

A Assessoria de Comunicação do Ibama no Amazonas não confirmou o fechamento do escritorio regional da instituição em Lábrea. Contudo, informou que isso pode ocorrer, tendo em vista que existem propostas para redução dos escritórios regionais e implantação do Instituto Chico Mendes em parte dessas localidades.

A carta elaborada pelas lideranças indígenas, comunitárias e de movimentos sociais de Lábrea será divulgada no próximo mês em Brasília. Ela já foi encaminhada à direção do Ibama, do Instituto Chico Mendes e ao Ministério do Meio Ambiente.

+ Mais

Bispo ameaçado de morte no Pará pede segurança para andar em liberdade

6 de Maio de 2008 - 23h51 - Última modificação em 6 de Maio de 2008 - 23h51
Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “Quero minha liberdade de ir e vir. Não cometi nenhum crime e quero minha liberdade de volta”. Esse foi apelo feito hoje (6) pelo bispo do município de Xingu (PA), dom Erwin Kräutler, durante reunião da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados. Dom Erwin é umas das 300 pessoas ameaçadas de morte no Pará por denunciar agressões a índios, tráfico de seres humanos, exploração sexual de crianças e adolescentes e pedofilia.

Segundo o bispo, quando uma pessoa “levanta a voz” em defesa dos índios, do meio ambiente, grandes interesses são contrariados e “parte-se para a irracionalidade e para o ódio”. “O ódio sempre quer eliminar o outro”, disse.

O bispo da Diocese da Ilha de Marajó (PA), dom José Luiz Azcona voltou a cobrar do governo medidas para proteger as pessoas ameaçadas. Para o religioso, há um esfacelamento do Estado na região. “Há um total esfacelamento das estruturas [do Estado]. Isso explica porque 300 pessoas estão ameaçadas de morte”, criticou.

De acordo com bispo José Luiz Azcona, em Marajó meninas e meninos estão se vendendo por dois quilos de carne e três quilos de óleo combustível. “Nenhuma dessas denúncias é nova e as autoridades não fazem nada. São omissas”, afirmou.

O procurador da República do Ministério Público na Região do Pará, Felício Pontes Junior, afirmou que os problemas no Pará são o “fim da linha” de um projeto de desenvolvimento do Amazonas que não levou em consideração a opinião dos povos da floresta. “Esses projetos acarretaram muito mais problemas do que soluções”, assinalou.

Nunca houve, ressaltou o procurador, falta de recursos para projetos sociais na região e sim má administração. “Sempre houve dinheiro entrando nessas áreas para projetos de desenvolvimento. O problema ocorria porque os projetos não eram de desenvolvimento pensando nos povos da floresta. Eram para quem tinha acesso aos recursos da Sudam, em sua maioria do Sul e Sudeste do Brasil, que se instalaram como madeireiros e fazendeiros”, criticou.

Uma alternativa apontada pelo procurador seria a implantação do que ele denominou de projeto desenvolvimento sócio-ambiental, em que os povos da floresta utilizam os recursos naturais sem destruir o meio ambiente.

A presidente da comissão, deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), disse que vai pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a criação de uma força tarefa, composta por vários órgãos da União, para atuar imediatamente no Pará. “Precisamos combater o crime e a violação dos direitos humanos na Amazônia”, defendeu.

+ Mais

Presidente da Funai teme que decisão do STF divida Raposa Serra do Sol em “ilhas”

7 de Maio de 2008 - 21h05 - Última modificação em 7 de Maio de 2008 - 21h05
Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, afirma que sua maior preocupação - com relação à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima - é com a diminuição ou com a divisão do local em "ilhas".

“Se por um acaso ocorresse que o Supremo definisse a diminuição da área ou a dividisse em ilhas, isso criaria uma situação temerária seria uma jurisprudência que colocaria em risco todas as terras indígenas do Brasil, principalmente na Amazônia Legal”, apontou, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, na última semana.

Para Meira, a decisão do Supremo não diz respeito somente à Raposa Serra do Sol. “Ela é uma decisão que interfere em todas as terras indígenas e, portanto, em toda a política indigenista que vem sendo desenvolvida nos últimos 20 anos”, concluiu.

Meira afirmou que os ocupantes irregulares da reserva agem com “interesses contrários aos índios, na região” e “contra a demarcação da terra indígena de forma contínua. Eles querem que a terra seja reduzida ou dividida em ilhas”. Isto significaria distribuir porções de terras em torno das aldeias em vez de destinar toda a área de 1,7 milhão de hectares às comunidades indígenas.

“Toda terra indígena tem que ser contínua porque a população indígena não vive na floresta só na sua aldeia, ela vive andando, às vezes por quilômetros, para desenvolver suas atividades econômicas, sociais, religiosas etc”, defendeu.

Entretanto, o presidente da Funai demonstrou otimismo e disse acreditar que o Supremo agiu de forma cautelar para esperar a conclusão do processo de homologação da área. Ele afirmu ainda que a corte sempre se posicionou favorável à questão indígena.

“O STF em todos os seus pronunciamentos formais concordou com a homologação de forma contínua, como foi feito pelo decreto homologatório em 2005. Nós ficamos até surpresos quando vimos essa decisão recente de suspender a operação [Operação Upatakon 3, da Polícia Federal]. Por isso, acreditamos que foi uma atitude de cautela do Supremo, na medida em que ele historicamente se posicionou pelo reconhecimento da terra indígena”, ponderou.

Meira também destacou a importância de manter as reservas contínuas para a proteção da floresta. “Pouco mais de 20% da Amazônia Legal é área protegida e está em terras indígenas. Os índios são os grandes protetores do meio ambiente e do cerrado”, salientou.

+ Mais

Governo de Roraima é “anti-indígena”, afirma dirigente de conselho

6 de Maio de 2008 - 16h27 - Última modificação em 6 de Maio de 2008 - 16h27
Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), o makuxi Dionito José de Souza, reagiu às declarações do governador José de Anchieta Júnior, que definiu hoje (6) como ato "terrorista” a entrada de índios e a construção de barracos em propriedade do arrozeiro Paulo César Quartiero.

“Um governo desse não tem política para todos os povos que lá existem. Eu vejo ele muito anti-indígena, desrespeitoso e discriminador”, criticou Souza.

Segundo o dirigente do CIR, a ação dos índios não pode ser qualificada como invasão.

“Ele [Quartiero] tem fazenda mas não tem terra. A terra é da União, que foi dada aos povos indígenas. Por isso os índios estão trabalhando para construir suas casas. Estamos ocupando nossa terra já que o governo federal demarcou e homologou. Ali é nosso e não podemos ficar sem trabalhar”, justificou.

Ontem (5), dez índios foram baleados por funcionários de arrozeiros, quando ocupavam parte da fazenda Depósito, de propriedade do líder dos produtores e prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero.

O líder indígena vai se reunir hoje (6) com a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmem Lúcia. O objetivo é levar argumentos de que a demarcação da reserva em área contínua não representa risco à soberania nacional e informações sobre a produção agrícola e pecuária das comunidades.

A corte vai julgar nas próximas semanas ações que contestam a demarcação da Raposa Serra do Sol e definir se os produtores de arroz podem ou não permanecer nas fazendas da região. O grupo se negou a deixar a área, como previa o decreto de homologação de 2005, sob alegação de que as indenizações oferecidas foram baixas e as ações para reassentamento ruins.

O CIR já entregou documentos a cinco ministros e pretende encaminhar aos demais antes de os processos irem ao plenário, em data a ser agendada pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.