Panorama
 
 
 

CONFLITO NA RAPOSA SERRA DO SOL DEVE DURAR ATÉ JUNHO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2008

Quartiero deixa Polícia Federal e promete continuar resistência em Roraima

14 de Maio de 2008 - 23h13 - Última modificação em 15 de Maio de 2008 - 00h11
Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Marcello Casal Jr/ABr
Brasília- Paulo César Quartiero, prefeito de Pacaraima e líder dos arrozeiros que lutam contra a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no estado de Roraima, obtém liberdade e sai da Superintendência da Polícia Federal
Brasília - O prefeito de Pacaraima (RR), Paulo César Quartiero, acabou de sair da Superintendência da PF em Brasília, onde estava preso desde o dia 6. Ele negou que escondia explosivos na Fazenda Depósito, de sua propriedade, e prometeu continuar com a resistência à retirada dos produtores de arroz da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no extremo norte do estado.

De acordo com ele, a prisão foi injusta e teve motivação política. “Se eu tinha bombas, não sabia”, alegou o prefeito, que aproveitou para criticar o governo federal. “As únicas bombas que existem lá se chamam Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], Funai [Fundação Nacional do Índio] e Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária]”, provocou.

Quartiero também negou ter ordenado que seus funcionários atirassem em índios que entraram em sua fazenda no dia 5. “Não ordenei nada. Não houve ataque nenhum, mas um conflito que infelizmente deixou feridos”, rebateu.

Segundo o prefeito, a resistência contra a retirada dos não-indígenas da Terra Indígena Raposa Serra do Sol vai continuar. Para ele, a manutenção dos produtores rurais na região é essencial para a manutenção da soberania brasileira na região: “Não vamos entregar Roraima nem deixar que entreguem a Amazônia”.

Por unanimidade, a 2ª Seção do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, concedeu hoje (14) liberdade provisória a Quartiero. Os desembargadores também negaram pedido de prisão preventiva contra mais nove pessoas denunciadas pelo Ministério Público Federal. O nome dos outros acusados não foi divulgado porque o processo corria em segredo de Justiça.

+ Mais

Líder dos arrozeiros pode ser liberado nesta madrugada, diz PF

14 de Maio de 2008 - 19h33 - Última modificação em 14 de Maio de 2008 - 20h25
Ana Luiza Zenker*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A desembargadora federal Assusete Magalhães, do Tribunal Regional Federal de 1ª Região, concedeu hoje (14) a liberdade provisória para o prefeito de Pacaraima (RR) e líder dos produtores de arroz que ocupam parte da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Paulo César Quartiero. Além dele, o filho Renato Quartiero e outros seis funcionários da Fazenda Depósito - de propriedade do rizicultor - também serão liberados. De acordo com a assessoria do TRF-1, o caso foi decidido pela segunda sessão do tribunal.

Um pedido de prisão preventiva ajuizado no final da semana passada, referente também aos conflitos na terra indígena e à posse de terras na região foi negado, pois os desembargadores entenderam que a liberdade de Quartiero não significava perigo às investigações.

Segundo a assessoria da Polícia Federal, em Brasília, o órgão ainda não foi notificado da decisão. Tão logo isso aconteça, Paulo Cesar Quartiero vai passar por exame de corpo de delito e pode ser liberado ainda nesta madrugada.

De acordo com um dos advogados de Quartiero, o alvará de soltura já está sendo redigido e o prefeito deve ser liberado ainda hoje (14), logo após o exame no Instituto Médico Legal (IML).

O líder dos arrozeiros foi preso pela PF por porte ilegal de armas no último dia 6.

+ Mais

Julgamento sobre demarcação de Raposa Serra do Sol só deve sair em junho, diz Tarso

14 de Maio de 2008 - 11h45 - Última modificação em 14 de Maio de 2008 - 12h20
Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O julgamento sobre a legalidade da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol deve ficar para o mês de junho, segundo informou o ministro da Justiça, Tarso Genro.

Ele disse que conversou com o ministro Carlos Ayres Britto, relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi informado de que foram anexadas ao processo duas petições, que segundo a lei processual terão que ser analisadas pelo Ministério Público.

O ministro negou que sua ida a Raposa tenha acirrado o conflito entre índios e arrozeiros. “Pelo contrário, minha presença lá foi para dar sustentação ao trabalho da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança e o ambiente se pacificou”.

Tarso Genro participa de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara sobre a situação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

+ Mais

Governador de Roraima diz que acatará decisão da Justiça sobre Raposa

14 de Maio de 2008 - 12h24 - Última modificação em 14 de Maio de 2008 - 12h24
Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governador de Roraima, José Anchieta Junior, disse hoje (14) que respeitará qualquer que seja a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, mesmo considerando equivocada a forma como foi feita.

Segundo ele, a maioria dos povos indígenas do estado é contrária à demarcação contínua. Ele disse também que não está defendendo o interesse de meia dúzia de empresários.

“O que está em questão não são índios e não-índios, mas o processo de defesa dos interesses dos brasileiros de Roraima”.

Ele afirmou que o governo “demarcou a terra se ausentou” e quem se responsabiliza pelo fomento da agricultura dos índios e a recuperação das estradas é o governo estadual.

Anchieta Junior participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Exteriores da Câmara sobre a situação de Raposa Serra do Sol.

+ Mais

Igreja Católica diz que índios são “massacrados” em Roraima e merecem dignidade

14 de Maio de 2008 - 07h57 - Última modificação em 15 de Maio de 2008 - 09h55
Marco Antônio Soalheiro
Enviado Especial
Roosewelt Pinheiro/Abr
Boa Vista (RR) - Líderes da Igreja Católica avaliam que há em Roraima algo que não se configura como disputa por terras entre grupos que se equivalem. Eles são acusados por parte da sociedade do estado de manipular os índios favoráveis à demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em área contínua.

“Aqui é um massacre. Várias lideranças indígenas já foram assassinadas e tiveram malocas destruídas. E não há um fazendeiro que tenha sido atingido por flecha. Os indígenas não fabricaram bomba, não explodiram nada. O máximo que os índios fizeram foi trancar a estrada, o que os arrozeiros já cansaram de fazer”, afirmou dom Roque Paloschi, bispo da Diocese de Roraima, avisando não se tratar de conflito o impasse entre moradores na Raposa Serra do Sol.

Segundo dom Roque, a Igreja é vítima de acusações sem fundamento vindas de parte da sociedade de Roraima : “O crime que cometemos aqui foi ajudar a promover a dignidade dos índios como sujeitos de sua própria história. Isso confessamos perante o papa e as autoridades brasileiras. Não foi a Igreja que estabeleceu que os índios teriam direito à terra”.

A Catedral de Boa Vista está pichada com mensagens ofensivas à igreja e ao governo federal. “Felizes os perseguidos por causa da justiça”, comenta o religioso. Sobre os autores da ação, o bispo desconversa: “Homens ilustres, de alto gabarito, não iriam fazer isso. Deve ser coisa de algum moleque”.

O padre Vanthuy Neto nega que o gado trabalhado pelas comunidades indígenas pertença à Igreja. Segundo ele, a Igreja ajudou, de fato, os índios a formar o rebanho bovino em movimentos da década de 70, mas com fins solidários: “Uma comunidade recebia 50 vacas e dois touros e depois de um tempo tinha que devolver o mesmo número a outra comunidade”. Outra contribuição da Igreja aos índios, destaca o padre, foi a construção de hospitais e, ainda hoje, a manutenção de postos médicos, em que índias aprendem técnicas de enfermagem.

O posicionamento crítico da Igreja Católica à situação de Raposa Serra do Sol, ressaltou dom Roque, já era expresso por missionários que estiveram na região há quase 100 anos: “Em 1911 eles enviaram carta a ministros denunciando uma relação de exploração e escravidão existente entre fazendeiros e índios”.

As afirmações - vindas de arrozeiros e políticos - de que missionários da Igreja Católica na Raposa Serra do Sol estariam a serviço dos interesses de organizações não-governamentais internacionais são respondidas pelo bispo com um desafio: “Se há um missionário procedendo inadequadamente, isso é crime, deve ser denunciado e não apenas falado em entrevistas. Todas as nossas atividades não se fazem na calada da noite. Tem que agir judicialmente”.

+ Mais

Conselho diz que adiamento de julgamento no STF não preocupa índios da Raposa

13 de Maio de 2008 - 18h55 - Última modificação em 13 de Maio de 2008 - 20h57
Marco Antônio Soalheiro
Enviado Especial
Roosewelt Pinheiro/ABr
Boa Vista - (RR) - Líderes do Conselho Indígena de Roraima (CIR) afirmaram hoje (13) que encaram com tranqüilidade o atraso em alguns dias ou semanas do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) de ações que contestam a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Ontem (12), o ministro relator Carlos Ayres Britto, adiou a conclusão do seu voto para analisar novas informações anexadas ao processo pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelo governo do estado de Roraima.

“Se demorar 30 anos [a decisão do STF], vamos esperar, porque estamos na nossa casa. O ministro pode demorar, mas tem que decidir manter a reserva em área contínua. Os invasores é que estão preocupados”, afirmou o coordenador geral do CIR, Dionito José de Souza.

A promessa do CIR é de que as comunidades vão aguardar em paz a decisão judicial. A direção da entidade aponta os arrozeiros como responsáveis pelo clima de tensão no estado.

“Luto pela minha terra, mas não estou na cadeia nem fui atirar em arrozeiro. Cabe à PF [Polícia Federal] manter a ordem”, disse Dionito em alusão ao líder dos produtores, Paulo César Quartiero, preso em Brasília depois que funcionários de sua fazenda atiraram contra índios que construíam barracas nos limites da Fazenda Depósito.

Segundo Dionito, os índios já foram orientados a construírem barracos apenas “fora da cerca de Quartiero” até que o STF decida a questão.

+ Mais

Governo de Roraima espera julgamento da demarcação da Raposa no STF só em junho

13 de Maio de 2008 - 18h08 - Última modificação em 13 de Maio de 2008 - 20h55
Marco Antônio Soalheiro
Enviado Especial
Roosewelt Pinheiro/ABr
Boa Vista (RR) - A expectativa do governo de Roraima é de que o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) das ações que contestam a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em área contínua aconteça somente no mês de junho, após o relator, ministro Carlos Ayres Britto, ter adiado a conclusão de seu voto para analisar novas informações anexadas pelas partes.

“A intenção do ministro era que o julgamento acontecesse em maio, mas em função das petições do estado e da Funai [Fundação Nacional do Índio] acho que só vai ocorrer no mês de junho, para que o direito ao contraditório seja assegurado. Todos os atores têm que aguardar com paciência e respeito porque o STF vai dizer em breve quem tem razão”, afirmou em entrevista à Agência Brasil o procurador-geral do estado de Roraima, Luciano Queiroz.

O procurador explicou que existem 33 ações que contestam a demarcação da Raposa Serra do Sol no STF, mas quando a primeira delas, de autoria do senador Augusto Botelho (PT-RR), for a julgamento, as demais em tramitação serão extintas.

Favorável à demarcação em ilhas, para permitir a permanência dos produtores de arroz e não-índios na área hoje considerada reserva, o governo do estado terá direito a sustentação oral no julgamento como parte interessada. Além disso, o governo já apresentou ao STF novos documentos que contestam laudo antropológico que baseou a homologação. Uma das alegações é de que a área da reserva foi ampliada por diferentes laudos apresentados entre o início da década de 80 e 1992.

“É inconsistente [o laudo antropológico], tendo em vista que a área não é ocupada só por índios, mas também por outros brasileiros cujos antepassados estavam lá há 60 anos”, argumentou Queiroz.

Segundo Queiroz, a posição do governo do estado é condizente com o pensamento da maior parte da população de Roraima. “O estado não se envergonha de abrigar povos indígenas, nem advoga contra os índios. Só uma minoria barulhenta é que defende área contínua”, disse o procurador.

“Temos que continuar produzindo nessas áreas e desalojar brasileiros para devolver aos índios uma terra que se foi deles, foi há 500 anos, é um disparate”, acrescentou.

Queiroz crê que as declarações dos ministros do STF são favoráveis à tese do estado. Mas ele não acredita na mudança de posicionamento da Procuradoria Geral da República que emitirá novo parecer sobre o assunto. No fim de abril, a PGR considerou a demarcação contínua plenamente regular.

+ Mais

Para senador, demarcação da Raposa envolve minerais e projeto de nação independente

13 de Maio de 2008 - 06h16 - Última modificação em 13 de Maio de 2008 - 06h16
Marco Antônio Soalheiro
Enviado especial
Boa Vista - O senador Augusto Botelho (PT-RR), descendente indígena de 60 anos, é o autor de uma das ações que contestam no Supremo Tribunal Federal (STF) a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em área contínua, com julgamento previsto para as próximas semanas. Ele se diz convicto de que está em jogo na disputa pela terra algo além de direitos antropológicos.

“Eu afirmo e provo que todas as reservas indígenas em Roraima foram feitas sempre em cima de província mineral de cassiterita, ouro ou diamante. E, para mim, existe uma intenção velada de retirar parte do Brasil da gente, de mudar a mentalidade das pessoas para se formar uma nação indígena, que criaria um Kosovo aqui dentro”, diz Botelho. “Se for andar por aí, vamos ver casas abandonadas como se fossem aldeias”, acrescenta.

Segundo o parlamentar, sua ação no STF foi ajuizada por entender que a destinação da área aos índios pelo governo federal foi feita sem consulta ampla às lideranças e à sociedade de Roraima: “Decisão feita por burocrata e antropólogo não é uma forma democrática. Existem dúvidas quanto à lisura do laudo [antropológico, em que se baseou a demarcação da reserva]”.

Ele afirmou que conversa sobre o assunto com a bancada do partido – que não teria posição definida - e que já externou sua opinião também em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ele (Lula) não toma uma decisão dessa sozinho”..

A política indigenista do governo brasileiro é considerada historicamente falha por Botelho, que também é médico e vê riscos à própria saúde dos índios: “Definem a área e depois abandonam os indígenas. Em São Marcos [reserva vizinha à Raposa Serra do Sol], vivem de descaminho de gasolina da Venezuela. Temo que passem em algum momento, por necessidade, a plantar drogas”.

Mais de uma vez,durante a entrevista, o senador diz que é favorável a que os índios tenham suas terras, mas que isso deve ser feito preservando o direito de outros roraimenses ao trabalho.

Ele explica aquela que, na sua visão, seria a solução mais adequada para o impasse na Raposa: “Manter as vilas, deixar estradas fora, permitir que as pessoas trabalhem na área, como o então ministro da Justiça Nelson Jobim tinha proposto. E o governo também precisa dar mais assistência para melhorar a qualidade de vida dos indígenas”.

O senador rejeita as críticas de índios favoráveis à demarcação contínua de que os políticos do estado, de forma geral, têm preconceito contra as comunidades: “Fazem esse discurso sempre, mas já coloquei emenda parlamentar para beneficiar indígenas com projeto agropecuário e, por causa deles, foi uma burocracia poder ajudar”.

Sobre a atuação no estado do líder dos arrozeiros Paulo César Quartiero - preso em Brasília e cotado em Roraima como futuro candidato a senador ou governador – Botelho é econômico na avaliação: “O mérito do Paulo César é desenvolver a cultura do arroz irrigado. Ele está defendendo o lado dele”.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.