14 de
Maio de 2008 Ilhabela (SP) — Comunidades pesqueiras
e empresários criticam, sem razão,
a criação de Áreas de Proteção
Ambiental (APAs) no litoral paulista.
Durante consulta pública
realizada nesta quarta-feira (13/5) em Ilhabela
(SP), ficou claro que pescadores artesanais, empresários
do setor náutico e pesca submarina estão
mal informados sobre a proposta da Secretaria do
Meio Ambiente do Estado de São Paulo de criar
Áreas de Proteção Ambiental
(APAs) no litoral paulista. A criação
das unidades de conservação está
marcada para o próximo dia 8 de junho e protegerá
todo o litoral de São Paulo, com exceção
dos trechos dos portos de Santos e de São
Sebastião.
Foram realizadas, no total, três
consultas públicas: uma em Iguape, outra
em São Vicente e a última em Ilhabela
esta semana. Todos os encontros contaram com a participação
da comunidade e entidades locais, todos preocupados
com as medidas anunciadas pela Secretaria do Meio
Ambiente.
O Greenpeace acompanhou a consulta
pública de Ilhabela e constatou que os pescadores
artesanais estão desinformados sobre o impacto
que a criação de uma APA terá
em suas vidas.
"Área de Proteção
Ambiental é a categoria de Unidade de Conservação
mais aberta, mais permissiva dentro do Sistema Nacional
de Unidades de Conservação (SNUC)",
afirma Leandra Gonçalves, bióloga
e coordenadora da campanha de Baleias do Greenpeace
Brasil. que esteve presente à reunião
realizada em Ilhabela. "Ressaltamos a importância
dos Planos de Manejo e zoneamento contemplarem Unidades
de Consevação de Uso Sustentável,
e também Unidades de Conservação
de Proteção Integral, as quais garantiriam
a recuperação da biodiversidade para
as futuras gerações", afirma.
Infelizmente, poucos se manifestaram
a favor da criação da APA. Roberto
Francine, representante do Conselho Estadual do
Meio Ambiente de São Paulo (Consema), afirmou
que a iniciativa é boa, mas que o processo
de criação foi ruim, pois outros órgãos
deveriam ter sido consultados previamente.
Fábio Motta, representante
do Programa Costa Atlântica da SOS Mata Atlântica,
também presente à consulta pública,
apoiou a criação da APA mas afirmou
que os pescadores estão sendo mal informados
por quem tem interesse em deixar o litoral paulista
sem proteção.
O Greenpeace defende que a Secretaria
do Meio Ambiente invista em programas de informação
e conscientização da comunidade pesqueira
para que estes não sejam usados como massa
de manobra de setores que causam impacto no meio
ambiente.
"Se vocês querem continuar
a pescar e permitir esse uso para futuras gerações,
reservas marinhas devem ser criadas", afirmou
Leandra Gonçalves durante a reunião
em Ilhabela.