13/05/2008
- Artigo publicado no jornal Folha de São
Paulo em 12 de maio de 2008
A matriz energética brasileira é a
mais renovável do mundo. Enquanto os países
desenvolvidos utilizam 14% de fontes renováveis
em suas matrizes, o Brasil utiliza 45%, e deve elevar
esse patamar a quase 47%, conforme previsão
do Plano Nacional de Energia 2030. Os programas
de álcool, biodiesel e de incentivo às
fontes alternativas de energia consolidam-se num
momento de crescimento sustentável da economia.
Nesse contexto, a matriz energética brasileira
passa por profundas e promissoras mudanças.
Não sem motivo o governo federal está
investindo cada vez mais em pesquisa, em novas tecnologias,
em geração e distribuição
de energia.
Os leilões das concessões
das Usinas Hidrelétricas Santo Antonio e
Jirau, no Rio Madeira, são bons exemplos.
Quando em operação, em 2013, essas
usinas terão capacidade para gerar até
6.450 MW de energia elétrica. Temos 25.657
MW de usinas hidrelétricas em fase de estudos
de viabilidade técnica, econômica e
ambiental, e 32.950 MW em estudos de inventários.
Há outros bons projetos de usinas saindo
do papel. Embora tenha o maior potencial hidrelétrico
do mundo, o Brasil segue, em parceria com outras
nações, em busca do desenvolvimento
de usinas hidrelétricas nas regiões
de fronteira e de novas fontes energéticas
limpas e renováveis, como a solar, a eólica
e a proveniente de biomassa. O etanol, por exemplo,
é um caso típico de investimento brasileiro
que está dando certo, certamente por ser
uma excelente alternativa aos combustíveis
fósseis, muito utilizados nos meios de transporte,
sobretudo em automóveis, nos grandes centros
urbanos. Mais econômico e muito menos poluente
que a gasolina e o diesel, o etanol é uma
realidade que coloca o Brasil na vanguarda das soluções
energéticas não poluentes do mundo.
Em 2008, o consumo nacional de etanol em veículos
leves superou o de gasolina - um marco a ser destacado.
O Ministério de Minas Energia
(MME e a Organização das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI)
decidiram somar esforços para realizar o
“Forum Global de Energias Renováveis”, evento
de grande envergadura que acontecerá entre
os dias 18 e 21 de maio, em Foz do Iguaçu
(PR), com a participação de Ministros
de Estado do setor energético de diversos
países, presidentes de prestadoras de serviços,
especialistas nacionais e internacionais, técnicos,
pesquisadores e empreendedores dos setores público
e privado de todo o mundo. Será um encontro
de grande importância para os países
empenhados na busca de soluções criativas
e inteligentes de desenvolvimento industrial sustentável.
Países que estão à procura
de alternativas em “fontes limpas” de energia e
querem produzir com equilíbrio, sem danos
ao meio ambiente. Sobre o tema, o Brasil tem muito
a mostrar, principalmente no que tange ao aproveitamento
do potencial hidrelétrico.
O tema do evento se ajusta às
“Metas do Desenvolvimento do Milênio”, carta
de princípios que conclama a comunidade internacional
a investir em energia renovável como ferramenta
de combate à pobreza no mundo. A proposta
nasceu do Encontro Ministerial Ibero-Americano realizado
no Uruguai, em setembro de 2006, quando se discutia
o tema “segurança energética na América
Latina e energia renovável como alternativa”.
No final do ano passado, o MME
e a ONUDI chancelaram a idéia do evento e
delegaram à Eletrobrás a responsabilidade
por sua organização. Ficou também
definido o objetivo central do Forum: criar um espaço
de diálogo pró-ativo e permanente
para o uso de fontes renováveis de energia
– especialmente as de fonte hídrica, em qualquer
potência - , entre regiões e países,
com ênfase na África, América
Latina e Caribe. Espera-se que o Forum Global amplie
a oportunidade de negócios por meio de uma
ampla rede de comércio, ambientalmente sustentável
e de fácil acesso aos serviços de
energia. Mas há consenso para que essas iniciativas
tenham um olhar voltado para além dos interesses
econômicos. Ou seja, que sirvam de meios de
geração de emprego e renda, de promoção
de cidadania e de melhoria das condições
de vida das populações.
O Brasil dispõe de
recursos naturais abundantes, grande potencial energético,
tecnologia e expertise comprovada para ampliar suas
fontes renováveis de energia. É chegada
a hora de buscar meios de reverter toda essa riqueza
em benefício de todos.