20 de
Maio de 2008 - Gilberto Costa - Repórter
da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília
- Diplomatas brasileiros que negociam acordos ambientais
na 9ª Conferência das Partes da Convenção
das Nações Unidas sobre Biodiversidade
(COP-9), foram vaiados hoje (20) durante a reunião,
que acontece em Bonn, na Alemanha, após votarem
contra o “princípio da precaução”
na produção dos biocombustíveis.
Além das vaias em plenária,
o país foi criticado por cerca de 200 manifestantes
brasileiros e estrangeiros que usavam camiseta laranja
em alusão ao fogo do desmatamento. Segundo
a organização não-governamental
(ONG) Terra de Direitos, a camiseta laranja tinha
na frente os dizeres: "Brasil e Alemanha: comprometidos
com a destruição da biodiversidade.
Não compre este acordo".
A frase é uma referência
ao recente acordo energético assinado entre
os dois países, que inclui exportação
de etanol e cooperação nuclear.
“A expansão da fronteira
agrícola atualmente é a maior causa
de perda de biodiversidade; então, o fato
de o Brasil se opor a essa discussão nessa
plenária demonstra claramente a irresponsabilidade
do Brasil em relação a esse modelo.
É uma postura absolutamente injustificada”,
apontou assessora jurídica da ONG, Maria
Rita Reis.
Na avaliação da
Terra de Direitos, a posição do governo
brasileiro, favorável à produção
dos biocombustíveis, é “insustentável”.
Os ambientalistas temem que a
expansão das lavouras de cana-de-açúcar,
matéria-prima do etanol brasileiro, empurre
a produção de alimentos e a pecuária
para a floresta e aumente o desmatamento na Amazônia.
Na avaliação do pesquisador do Instituto
do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon),
Adalberto Veríssimo, essa possibilidade torna
o país “bastante vulnerável” às
críticas de estrangeiros.
“O Brasil vai continuar numa posição
difícil, de tentar explicar o inexplicável.
Não tem mais sentido o desmatamento no século
21 no patamar que se desmata na Amazônia,
que é muito elevado”, lembrou.
O superintendente de conservação
para os programas regionais do WWF-Brasil, Cláudio
Moretti, reconhece que há desinformação
e “entendimento equivocado” sobre a produção
de biocombustíveis no Brasil. No entanto,
avalia que o país erra na negociação
diplomática sobre o tema.
“Nós entendemos que a postura
correta é negociar abertamente critérios
socioambientais que sejam firmes e claros, agora
não dá para aceitar isso quando o
Brasil se coloca nos fóruns mundiais como
se fosse perfeito: porque nós produzimos
energia limpa, que é da hidrelétrica,
daí não se discute os impactos da
hidrelétrica; produzimos o combustível
mais adequado que não é o petróleo,
é o biocombustível e não aceita
questionar que a sua forma de produzir biocombustíveis
está errada”, argumentou.
Os ambientalistas também
defendem que o Brasil adote medidas mais rigorosas
de controle do estudo de sementes geneticamente
modificadas e isole a produção de
alimentos transgênicos.
+ Mais
Modelo brasileiro de produção
e uso de bioenergia deve ser seguido, afirma diretor
da ONU
22 de Maio de 2008 - Sabrina Craide
- Enviada Especial* - Foz do Iguaçu, Paraná
- A forma como o Brasil desenvolve e usa os biocombustíveis
deve ser seguida por outros países, na avaliação
do diretor-geral da Organização das
Nações Unidas para o Desenvolvimento
Industrial (Onudi), Kandeh Yumkella. Natural de
Serra Leoa, ele atua na sede da Onudi em Viena,
na Áustria, e passou quatro dias em Foz do
Iguaçu para participar do Fórum Global
de Energias Renováveis.
Em entrevista à Agência
Brasil, Yumkella disse que é preciso ter
cuidado para não generalizar a análise
sobre os efeitos dos biocombustíveis na produção
de alimentos. Segundo ele, cada país deve
observar a sua realidade, levando em conta a sustentabilidade
da produção de alimentos.
“Esse é o tipo de diálogo
aberto que devemos ter, em vez de acreditar que
todas as formas de bioenergia são ruins,
que é um perigo para a comida, não
é verdade”, disse. Ele acredita que exista
relação entre a produção
de bioenergia e o preço dos alimentos, mas
afirma que o Brasil encontrou formas de fazer um
balanço entre os estoques e a produção
de combustíveis, além de prestar atenção
nos impactos ambientais.
“Este é o modelo para o
qual devemos olhar. Vocês sempre investiram
em produção de alimentos e agronegócios
ao mesmo tempo em que estavam desenvolvendo o setor
de bioenergia. O modelo de vocês foi muito
eficaz”, afirma.
Para Yumkella, o Brasil pode ajudar
outros países com experiência e treinamento
na área de energias renováveis e o
conhecimento brasileiro neste setor poderia ser
explorado economicamente. “O Brasil deveria ver
alguns países da América Latina e
da África como lugares nos quais é
possível aplicar algumas dessas idéias
comercialmente”, disse.
Yumkella disse que saiu “inspirado
e encorajado” do Fórum Global de Energias
Renováveis, por ver que existem muitas possibilidades
e que vários países já têm
planos nesta área. Ele defende, no entanto,
que os governos invistam mais neste setor para que
as pesquisas sejam melhor desenvolvidas e, em conseqüência,
haja uma redução nos preços.
Ele destacou a forma como o Brasil
integra a produção de energias renováveis
com a comunidade agrícola e disse que os
investimentos feitos para o desenvolvimento do etanol
poderiam ser estendidos para outras fontes, como
a biomassa.
+ Mais
Brasil sintetiza trabalhos de
pesquisa na Antártica
22 de Maio de 2008 - Lourenço
Canuto - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - O Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT) está sintetizando os trabalhos
de pesquisa no Continente Antártico, feitos
em conjunto com outras cinco nações
sul-americanas. A iniciativa visa unificar as ações
para "entender melhor o que é a Antártica",
segundo a coordenadora de Biodiversidade da Secretaria
de Políticas e Programas de Desenvolvimento
do ministério, Maria Cordélia Soares
Machado.
Em entrevista ao programa Notícias
da Manhã, da Rádio Nacional AM, ela
disse que o Brasil está estimulando a "cooperação
institucionalizada" sobre as pesquisas e o
aparato logístico e administrativo utilizado
na Antártica.
O Brasil, segundo a pesquisadora,
se uniu à Argentina, ao Chile, ao Uruguai,
ao Equador, ao Peru e à Venezuela para discutir
pontos comuns do Tratado da Antártida, em
vigor até 2048.
Segundo Cordélia, o Brasil
tem interesse apenas em fazer pesquisas na região,
mas reconhece que há países que têm
objetivos territorialistas na região.
A Antártica é um
continente politicamente neutro, e a ocupação
hoje destina-se apenas para pesquisa, o que é
regulado pelo Tratado da Antártica, assinado
em 1959. O acordo instituiu o continente como uma
área de proteção ambiental,
que conta no momento com 50 estações
científicas instaladas pelos países
signatários.
Maria Cordélia Machado
disse que a visita do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva a Estação Antártica
Comandante Ferraz, base de pesquisas do Brasil desde
a década de 80, em fevereiro, foi "um
marco importante" porque dá visibilidade
ao programa brasileiro na região.
O governo brasileiro prevê investimentos de
R$ 14,25 milhões na região até
2010.