19 de
Maio de 2008 Para o governo do MT, isso não
é desmatamento. Mas esta área, em
Marcelândia, no Mato Grosso, está condenada:
vai virar pasto ou plantação.
Brasília (DF), Brasil — Novo ministro do
Meio Ambiente discutiu também com o presidente
a criação de uma Guarda Nacional Ambiental
e a descentralização das licenças
ambientais para os Estados.
O projeto de desmatamento zero
para a Amazônia, proposta lançada em
outubro de 2007 por nove ONGs, foi um dos temas
da reunião que o novo ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc, teve na noite desta segunda feira com
o presidente Lula em Brasília e a ministra
da Casa Civil, Dilma Roussef. Minc tomará
posse do cargo no próximo dia 27, terça-feira.
Além do compromisso com
a proposta do Pacto Nacional pela Valorização
da Floresta e pelo Fim do Desmatamento na Amazônia,
que dá o caminho das pedras para se acabar
com a destruição na região
em sete anos - até 2015 , Minc obteve também
apoio para a criação de uma Guarda
Nacional Ambiental, composta por civis e militares,
para proteger a Amazônia; a descentralização
das licenças ambientais para os Estados;
aumento da dotação orçamentária
do seu ministério; e manutenção
da resolução do Conselho Monetário
Nacional (CMN) que vetará a partir de julho
liberação de crédito oficial
para quem estiver envolvido com crimes ambientais.
A resolução vem sendo atacada pela
bancada ruralista e governadores como Blairo Maggi,
que pedem ao presidente Lula que interceda contra
a medida.
"Dessas propostas, o apoio
ao projeto Desmatamento Zero e a manutenção
da resolução da CMN são as
mais importantes para a proteção da
região amazônica", afirma Paulo
Adario, coordenador da campanha de Amazônia
do Greenpeace, que elogiou também a criação
de uma Guarda Nacional Ambiental, desde que ela
signifique aumento da presença do Estado
na Amazônia.
"Se for para tornar efetiva
a presença na Amazônia, a proposta
é ótima. Mas é preciso também
fortalecer as instituições encarregadas
da defesa do meio ambiente na região, como
o Ibama e a Polícia Federal", diz Adario,
que vê com ressalvas a idéia de descentralizar
as licenças ambientais para os Estados.
"Essa proposta vai esbarrar
na falta de estrutura das instituições
estaduais envolvidas e também nos interesses
de ocasião. E é preciso ver exatamente
o que vai ser transferido. Por exemplo: cabe apenas
ao Rio de Janeiro dar licença ambiental para
a usina nuclear Angra 3? Sim porque se houver algum
problema com ela, não é apenas o Rio
de Janeiro que será afetado, mas também
outros estados como São Paulo e Minas Gerais."
METAS ANUAIS
O projeto Desmatamento Zero propõe
zerar o desmatamento na Amazônia até
2015, adotando-se um sistema de metas anuais. Estima-se
que sejam necessários investimentos iniciais
da ordem de R$ 1 bilhão por ano, de fontes
nacionais e internacionais, para se compensar financeiramente
aqueles que promoverem efetiva redução
do desmatamento na Amazônia e também
para se pagar serviços ambientais prestados
pela floresta.
Participaram o evento de lançamento
da proposta em outubro de 2007 a ex-ministra do
Meio Ambiente, Marina Silva; o presidente do BNDES,
Luciano Coutinho; e os governadores Blairo Maggi
(Mato Grosso) e Waldez Góes (Amapá),
entre outras autoridades.
"Estamos na expectativa agora
para ver se as propostas lançadas pelo novo
ministro serão cumpridas na íntegra
pelo presidente Lula", afirmou Sérgio
Leitão, diretor de Políticas Públicas
do Greenpeace. "É mais uma chance para
o Brasil chegar à terra prometida dos países
que respeitam o meio ambiente. Caso contrário,
o país poderá ser perder de vez no
deserto do desenvolvimento insustentável",
afirmou.
+ Mais
Jovens pelo Planeta fazem a festa
na Convenção sobre Biodiversidade
19 de Maio de 2008 Ministro do
Meio Ambiente da Alemanha, Sigmar Gabriel, recebe
abaixo-assinado em defesa das florestas e do clima
das mãos de dois jovens representantes do
Greenpeace.
Bonn, Alemanha — Após marcha do programa
do Greenpeace, abaixo-assinado em defesa das florestas
foi entregue ao presidente da CDB em Bonn.
Jovens de todo o mundo fizeram
a festa nesta segunda-feira, durante abertura da
9a. Conferência das Partes (COP) da Convenção
das Nações Unidas sobre Diversidade
Biológica em Bonn, na Alemanha. Uma brasileira
e um alemão discursaram na cerimônia
de abertura, pedindo medidas concretas de proteção
às florestas, à biodiversidade e aos
direitos das comunidades locais para os delegados
presentes.
Depois da cerimônia de abertura,
cerca de 500 crianças e jovens do programa
Jovens pelo Planeta, do Greenpeace, fizeram uma
grande festa nos arredores da praça Robert
Schumman. Vestidos de animais, árvores e
borboletas, as crianças e jovens que vieram
do Brasil, Espanha, Holanda, Suíça
e Alemanha cantaram e carregaram faixas e cartazes
com mensagens em defesa das florestas e do clima.
Ao final da passeata, um grupo
entregou para o presidente da CBD, o ministro do
Meio Ambiente da Aleamnha, Sigmar Gabriel, 115 mil
assinaturas pedindo que o governo aumente a proteção
das florestas e do clima. A prefeita de Bonn, Barbel
Diekmann, e o secretário-executivo da CDB,
Ahmed Djoghlaf, também estavam presentes.
Em seu discurso na abertura da
reunião em Bonn, a carioca Verônica
Rameck, de 22 anos, lembrou que as florestas abrigam
o tesouro da biodiversidade e são importantíssimas
para manter o equilíbrio do clima no planeta.
“Destruir as florestas muda o
clima. No Brasil, o desmatamento e o uso do solo
são responsáveis por 75% das emissões
de gases que provocam o efeito estufa. Por isso
não podemos mais pensar em uma solução
para o aquecimento global sem pensar em uma solução
para o desmatamento das florestas. Os governos devem
agir agora, com vontade política e compromisso
financeiro para garantir o futuro das nossas florestas
e, assim, o nosso próprio futuro”, disse
ela.
"Nos últimos dois
anos, os temas da CDB sempre foram tratados de forma
cuidadosa e comprometida pelo Brasil, pois todos
nós conhecemos o comprometimento de Marina
com as questões ambientais”, afirmou Gabriel,
que foi aplaudido nas duas vezes em que mencionou
o nome de Marina Silva.
O Greenpeace considera que as
negociações realizadas durante a CDB
nas próximas duas semanas são cruciais
para decidir o futuro das florestas do planeta.
Estima-se que são necessários recursos
na ordem de 30 bilhões de euros por ano para
garantir a proteção da biodiversidade,
através da criação e implementação
de uma ampla rede de áreas protegidas terrestre
e marinha. Por isso, a organização
ambientalista demanda que os países desenvolvidos
disponibilizem recursos suficientes para a proteção
das florestas, seus animais e plantas e para garantir
os direitos das comunidades locais e povos indígenas.