27/05/2008 - Suelene Gusmão
e Daniela Mendes - O ambientalista Carlos Minc tomou
posse nesta terça-feira (27) como ministro
do Meio Ambiente. Minc foi empossado no cargo pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma
solenidade ocorrida, às 15h, no Palácio
do Planalto. O ato solene
de posse contou com a participação
do vice-presidente da República, José
Alencar; da ex-ministra do Meio Ambiente, senadora
Marina Silva; da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef,
e do secretário-executivo do MMA, João
Paulo Capobianco.
Além dos componentes da
mesa, a posse de Carlos Minc foi prestigiada por
ministros do governo Lula, por governadores de vários
estados brasileiros, parlamentares, embaixadores
e diversas outras autoridades. Também compareceu
à solenidade de posse a futura secretária-executiva
do MMA, Izabella Mônica Vieira Teixeira.
Em seu discurso de saudação
ao novo ministro, o presidente da República
garantiu que a política ambiental não
vai mudar e que será cumprido à risca
o que está no programa de governo que o ajudou
a se eleger por dois mandatos.
Transmissão de cargo
Durante a cerimônia de transmissão
de cargo, no auditório da Agência Nacional
de Águas, em Brasília, nesta terça-feira
(27), o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc,
disse que assume a pasta com o compromisso de fortalecer
a gestão ambiental no país. "A
área ambiental tem que se fazer respeitar",
afirmou reforçando que o diálogo será
o grande condutor desse processo. "Nós
vamos pela linha do diálogo, com firmeza,
nos fazendo respeitar", disse.
Na solenidade, que contou com
a presença de autoridades de diversos estados
brasileiros como o ambientalista Paulo Nogueira
Neto, Minc anunciou algumas das ações
que pretende tomar à frente do MMA como a
criação do Fundo Amazônico para
garantir a floresta em pé na Amazônia.
Segundo Minc, esse fundo será gerido pelo
BNDES, mas com recursos privados. "O que está
certo é um recurso doado pela Noruega, de
US$ 100 milhões. Haverá um conselho
gestor e um conselho científico e esses recursos
serão sacados na proporção
da diminuição do desmatamento",
explicou.
Além do Fundo, Minc também
afirmou que vai agilizar o licenciamento ambiental
de projetos garantindo, no entanto, maior rigor
no processo; além de pedir ao Congresso Nacional
urgência na votação do projeto
de lei complementar que regulamenta o artigo 23
da Constituição Federal e solicitar,
ao Conselho Nacional do Meio Ambiente, uma nova
resolução que aumente as exigências
para a emissão de poluentes na atmosfera.
Em seu discurso, o novo ministro
do Meio Ambiente falou sobre suas realizações
à frente da Secretaria do Ambiente do Rio
de Janeiro como, por exemplo, a criação
do segundo maior parque estadual do Rio e a aprovação
de um decreto de compensação energética.
Minc também garantiu que o programa do governo
Lula para o meio ambiente não mudará
em sua gestão. "Conto com vocês
nessa transição, para continuar todos
os sonhos, todos os ideais da ministra Marina Silva.
Nós temos capacidade de alavancar o desenvolvimento
sustentável e encontrar soluções
para a indústria, para a sojicultura, para
o manejo florestal e que o licenciamento ambiental
seja um instrumento de defesa da vida das pessoas
e dos nossos ecossistemas", disse Minc.
Ele disse ainda que está disposto a negociar
com os setores madeireiro e sojicultor, linhas de
crédito para garantir a sustentabilidade
nos processos de extração da madeira
e de fabricação do óleo vegetal.
"Já conversei com os setores e eles
se mostraram entusiasmados com a minha proposta",
afirmou o ministro.
A transmissão do cargo
foi feita pelo ex-ministro interino do Meio Ambiente
João Paulo Capobianco. Na ocasião,
Capobianco destacou o esforço de toda a equipe
do MMA para garantir que as ações
implementadas pelo ministério fossem estruturantes
e não pirotécnicas e relembrou alguns
desafios enfrentados como a aprovação
da Lei de Gestão de Florestas Públicas
que, em sua avaliação, é uma
lei de desenvolvimento sustentável. "Nós
temos uma missão que é de dar ao Brasil
a possibilidade real de ter uma agenda ambiental
à altura do Brasil que nós temos",
defendeu Capobianco.
Ele disse ao novo ministro acreditar
que essa gestão vai se beneficiar dos acúmulos
da gestão anterior e avançar ainda
mais numa nova agenda ambiental. "Está
claro para mim e para a equipe que estamos fazendo
não uma transmissão, mas uma continuidade
e um aprimoramento para uma nova agenda que vai
se beneficiar dos acúmulos e buscar avançar
mais", destacou Capobianco.
Entre os primeiros compromissos
de Minc como ministro está uma viagem para
Bonn, na Alemanha, nesta quarta-feira (28), onde
participará de uma reunião de ministros
de Meio Ambiente na Conferência das Partes
(COP-9) da Convenção sobre Diversidade
Biológica da Organização das
Nações Unidas e uma reunião,
na sexta-feira (30), com os governadores dos estados
da Amazônia, em Belém, no Pará.
Curriculum Carlos Minc
Nascido em julho de 1951, no Rio
de Janeiro, Carlos Minc é casado e pai de
dois filhos.
Estudou no Colégio Aplicação
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
e, em 1967, foi vice-presidente da Ames (Associação
Metropolitana dos Estudantes Secundaristas). Líder
estudantil, participou ativamente da resistência
contra a ditadura militar, sendo preso em 1969,
com 18 anos, e exilado. Em 1979, com a Anistia,
voltou ao Brasil.
Economista, foi professor-adjunto do Departamento
de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), obteve o mestrado em Planejamento Urbano
e Regional pela Universidade Técnica de Lisboa
(1978) e doutorou-se em Economia do Desenvolvimento
pela Universidade de Paris I - Sorbonne (1984).
Eleito deputado estadual pelo Rio de Janeiro em
1986, Carlos Minc está em seu sexto mandato
consecutivo. Em 2007, Carlos Minc foi nomeado Secretário
de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro. Em 27 de
maio de 2008, é empossado como Ministro de
Estado do Meio Ambiente.
Fundador do Partido Verde (PV), Carlos Minc foi
eleito deputado estadual pela primeira vez pelo
PV. Em 11000, 1994 e 1998 foi reeleito pelo Partido
dos Trabalhadores (PT).
Em1989, recebeu o Prêmio Global 500, concedido
pela ONU aos que se destacam mundialmente nas lutas
em defesa do meio ambiente.
Com 130 leis aprovadas, sua ação parlamentar
abrange temas como a defesa do meio ambiente, segurança
pública, saúde no trabalho, ética
na política e fiscalização
do orçamento e da execução
orçamentária do Estado do Rio de Janeiro.
Publicações
/Como Fazer Movimento Ecológico/
(Editora Vozes; 1985),
/A Reconquista da Terra /(Editora Zahar; 1986),
/Ecologia e Política no Brasil /(Espaço
e Tempo/Iuperj; 1987), organizado por José
Augusto Pádua, em co-autoria com Fernando
Gabeira e outros,
/Despoluindo a Política /(Editora Relume
Dumará; 1994),
/Ecologia e Cidadania/ (Editora Moderna; 1997),
está na terceira edição.
Adotado por 120 escolas públicas e privadas
do Brasil, o livro /Ecologia e Cidadania /aborda
temas como ecologia urbana e do trabalho, educação
ambiental e o meio ambiente na história.
+ Mais
Galeria de Ministros de Meio Ambiente
é inaugurada em Brasília
27/05/2008 - Aida Feitosa - O
novo ministro do Meio Ambiente Carlos Minc participou
nesta terça-feira (27) do lançamento
da Galeria de Ministros do Meio Ambiente, em Brasília.
A ex-ministra Marina Silva também esteve
presente junto com Paulo Nogueira Neto, o primeiro
responsável pela pauta ambiental no governo
federal, além dos ex-ministros José
Sarney Filho, Henrique Brandão Cavalcanti
e Roberto Messias Franco.
O ministro Carlos Minc ressaltou
a importância da galeria. "Só
tem condições de enfrentar o futuro,
quem conhece profundamente e dá valor ao
passado", disse, destacando a qualidade da
gestão da ex-ministra Marina Silva. "Tenho
a consciência que a Marina sai do governo
não por seus erros, mas pelo seus acertos".
Carlos Minc disse ainda que Marina Silva nunca será
uma sombra e sim "uma luz que vai me dizer
qual caminho seguir".
A ex-ministra Marina Silva desejou
boa sorte para Carlos Minc, que, segunda ela, é
uma pessoa da agenda, comprometida com o meio ambiente.
Marina Silva lembrou que a galeria é uma
espécie de memorial. "Cada um é
lembrado pelos seus feitos, mas com a clara consciência
de que é um feito coletivo em co-autoria",
explicou.
O primeiro responsável
pela agenda ambiental no Brasil, Paulo Nogueira
Neto, disse parecer um sonho a inauguração
da galeria. "Em 1973, éramos apenas
cinco funcionários em três salas para
cuidar do meio ambiente do Brasil todo", relembrou
Nogueira, e desejou bom trabalho para o novo ministro.
"Espero que a meta de dobrar a quantidade de
áreas de conservação do Rio
de Janeiro ganhe escala nacional."
O deputado José Sarney
Filho ressaltou a singularidade do tema ambiental.
"Somente uma causa tão generosa podia
fazer uma reunião de ex-ministros de forma
tão cordial."O deputado avisou ao futuro
ministro: "Os elogios vêm na saída.
Tenho certeza que você fará um bom
trabalho".