26/05/2008 - A 7ª Conferência
Municipal de Produção mais Limpa,
realizada nesta quarta-feira (21/05) abordou o tema
“O etanol e a cidade de São Paulo: suas perspectivas
e oportunidades”, com três mesas-redondas,
que debateram as vertentes ambiental, econômica
e social do tema, concluindo o tripé da sustentabilidade.
Antes dos debates, Jonas Ericsson, gerente de Projetos
de Meio Ambiente, Saúde e Transporte Limpo
da cidade de Estocolmo, na Suécia, apresentou
o caso dos ônibus coletivos da cidade, que
em parte já são abastecidos com etanol,
e a previsão é que até 2025,
100% da frota use o combustível renovável.
“Com este projeto, já economizamos 17 milhões
de litros de diesel por ano com 400 ônibus
movidos a etanol”, declarou Jonas.
A primeira mesa-redonda, que debateu
as questões ambientais ligadas à produção
e o uso do etanol, contou com a participação
de Flávio de Miranda Ribeiro, gerente da
Divisão de Tecnologias Limpas e Qualidade
Laboratorial da CETESB, Paulo Saldiva, do Departamento
de Patologia da Faculdade de Saúde Pública
da USP, e Alfred Szwarc, da União da Indústria
de Cana-de-Açúcar – UNICA.
Segundo Flávio Ribeiro,
o setor sucroalcooleiro apresenta diversas oportunidades
de melhoria de desempenho ambiental. “Em todo o
ciclo de vida do etanol, é possível
aplicar a produção mais limpa, desde
a colheita da cana até a distribuição
do produto, como a eliminação da lavagem
de cana, sendo a limpeza feita a seco, o retorno
de águas de resfriamento, a geração
de energia com o bagaço e o uso da vinhaça
como ferti-irrigação”, exemplificou.
Paulo Saldiva apresentou diversos
gráficos resultantes dos experimentos realizados
em sua sala na Faculdade de Saúde Pública,
no bairro de Pinheiros. Segundo o patologista, os
veículos que trafegam na avenida Dr. Arnaldo,
onde está localizada a faculdade, são
responsáveis por 52% das emissões
de material particulado concentrados no local. “Já
constatamos que 8% dos casos de câncer de
pulmão em pacientes residentes na cidade
de São Paulo são causados pela poluição
atmosférica”, alertou.
Para Alfred Szwarc, o uso do etanol
é uma das soluções para combater
a poluição em geral. “Estudos realizados
pela UNICA em parceria com a Universidade de Campinas
– UNICAMP indicam que o dióxido de carbono
emitido com a queima da palha da cana é totalmente
absorvido pela gramínea em sua fase de crescimento.
Além disso, o setor sucroalcooleiro é
um dos que menos usa agrotóxicos, pois faz
o controle biológico de pestes”, esclareceu.
O consultor também mostrou o interesse do
setor nas questões ambientais, exemplificando
com a assinatura do Protocolo Agroambiental, no
qual as usinas e os fornecedores de cana se comprometeram
a acabar com a queima da palha da cana em 2014 e
recuperar as matas ciliares existentes nas áreas
de plantio.
Segundo o prefeito Gilberto Kassab,
presente na abertura do evento, a municipalidade
tem conseguido avançar com facilidade nas
questões ambientais por cota da consciência
da sociedade paulistana. “A cidade ganhou confiança
para avançar no combate à poluição,
um exemplo disso é o programa “Cidade Limpa”.
O vereador Gilberto Natalini,
organizador do evento, enfatizou a importância
do tema abordado na 7ª Conferência para
a qualidade de vida dos cidadãos paulistanos.”Queremos
debater profundamente a questão dos biocombustíveis
e propor aos gestores municipais, estaduais e federais
que adotem novas políticas de sustentabilidade
para a cidade”, afirmou.
O secretário municipal
do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, afirmou
que as políticas públicas de saúde
e meio ambiente estão cada vez mais interligadas
e que o principal problema ambiental que interfere
diretamente nessas agendas é a poluição
veicular. “A Secretaria (SVMA) procura com lanterna
engenheiros e arquitetos que entendam de ciclovia
para que a gente acabe com esse paradigma de que
não dá pra usar bicicleta em São
Paulo. Em Paris e Londres, é possível,
mas aqui não?”, questiona.
Os participantes do evento também
tiveram a oportunidade de conhecer diversas ações
sociais de sustentabilidade, como os projetos de
uso de bagaço de cana para a confecção
de luminárias e o reaproveitamento de latas
de alimentos e condimentos como porta-lápis,
ambos produzidos por moradores de rua. A Conferência
também contou com a participação
de José Ignácio Siqueira de Almeida,
diretor presidente da Empresa Metropolitana de Transportes
Urbanos de São Paulo – EMTU, Silvia Velazquez,
coordenadora técnica do Centro Nacional de
Referência em Biomassa da USP – CENBIO, Wagner
Palma Moreira, economista do Sindicato das Empresas
de Transporte Coletivo de Passageiros de São
Paulo, Alcides Lopes Leão, consultor de Gestão
Ambiental do Serviço de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas de São Paulo – SEBRAE,
Carlos Eduardo Fredo, pesquisador científico
do Instituto de Economia Agrícola, da Secretaria
de Agricultura e Abastecimentos, e Maria Luiza Barbosa,
coordenadora de Responsabilidade Social Corporativa
da UNICA.
Texto: Valéria Duarte
Foto: Pedro Calado
+ Mais
Setor de Emergência atende
ocorrência envolvendo carreta em engavetamento
na Castelo Branco
27/05/2008 - Cerca de 17 veículos,
na maioria caminhões e carretas, sendo dois
carros de passeio e uma viatura da Concessionária
Via Oeste, envolveram-se em um engavetamento na
madrugada do último sábado (24/05),
por volta das 4h21, no km 52 da rodovia Castelo
Branco, sentido capital, na região de Araçariguama.
Treze pessoas ficaram feridas,
sendo uma gravemente e a outra, um agente da Via
Oeste, concessionária que administra a rodovia,
com uma fratura na costela. Os demais motoristas
tiveram lesões superficiais. O engavetamento
aconteceu devido à forte neblina que tomava
conta da estrada no horário do acidente.
Técnicos do Setor de Operações
de Emergência (EIPE) e da Agência Ambiental
de Osasco da CETESB informaram que a pouca visibilidade
possibilitou a colisão de uma carreta na
traseira de um caminhão-tanque, carregado
com 24 mil litros de álcool anidro. Com a
batida, seguida pelo vazamento do combustível,
os veículos interditaram a pista. Na seqüência,
outros veículos que vinham no mesmo sentido
também colidiram, provocando o engavetamento.
O produto vazado pegou uma canaleta
da via e foi para o acostamento. Os bombeiros despejaram
5 mil litros de água no local e a SOS Copec,
empresa contratada pela transportadora IC, proprietária
da carreta que colidiu com o caminhão-tanque,
fez o trabalho de varredura e retirou todo o resíduo.
Segundo os técnicos da CETESB, não
foram constatados maiores danos ao meio ambiente.
Texto: Wanda Carrilho
Foto: Setor de Operações de Emergência