27 de Maio de 2008 No aniversário
do desastre de Chernobyl, 30 ativistas do Greenpeace
colocaram uma faixa exigindo a paralisação
das obras da nova usina EPR na França, por
ser um projeto caro, perigoso e que não contribui
para o combate às mudanças
climáticas.
Paris, França — Agência de Segurança
Nuclear francesa ordenou a suspensão da construção
de Flamanville 3, o novo reator EPR, por falhas
de projeto.
Um dos principais ícones
do renascimento nuclear no mundo, o Reator Pressurizado
Europeu (EPR, na sigla em inglês) de Flamanville,
na França, teve suas obras interrompidas
esta semana pela Agência de Segurança
Nuclear (ASN) da França devido a problemas
técnicos no projeto, iniciado em dezembro
de 2007.
Não foi por falta de aviso...
E pensar que ainda tem quem defenda
a reduzir os padrões de segurança
para a construção de usinas nucleares
na Europa.
A construção de
Flamanville 3, que seria o maior EPR do mundo, está
enfrentando os mesmos problemas técnicos
que o reator Olkiluoto 3, de mesmo modelo, que está
sendo erguido na Finlândia. A decisão
da ASN tem como base a descoberta de problemas crônicos
no projeto.
"O reator pressurizado europeu
é uma experiência que falhou",
disse Jan Beránek, coordenador da campanha
nuclear do Greenpeace Internacional. "Ele é
um obstáculo às soluções
que garantirão a segurança energética.
Para combater as mudanças climáticas,
precisamos de uma revolução energética
baseada em fontes renováveis e limpas e na
economia de energia”, completa.
A ordem da ASN de barrar a construção
foi dada após o envio de uma série
de cartas pela agência para o responsável
pela construção de Flamanville 3.
Nas cartas, os inspetores da ASN apontam vários
problemas tais como falhas na estrutura de ferro
da base de concreto, no posicionamento dos reforços
e a inadequação da inspeção
técnica tanto pela empresa construtora quanto
pela distribuidora francesa, Electricité
de France (EdF).
Inspetores também descobriram
inconsistências entre o projeto e o plano
de implementação da obra. Além
disso, identificaram uma composição
incorreta do concreto usado na obra, que pode ocasionar
rachaduras e rápida deteriorização
pela maresia. As rachaduras já são
observadas na base de concreto que ficaria abaixo
do reator. Apesar das falhas de qualidade, a construção
do revestimento continuou, o que demonstra uma falta
de competência do fornecedor. Como resultado,
um quarto das soldas do contentor de ferro do reator
estava deficiente.
Os problemas em Flamanville 3
são semelhantes ao do primeiro EPR, Olkiluoto
3, na Finlândia, que está em construção
há mais de três anos, mas foi arruinado
desde que o concreto se soltou. O uso de concreto
de má qualidade, soldas ruins no contentor
e a baixa qualidade dos componentes do reator estão
entre os problemas apresentados pelo empreendimento.
A conclusão da obra foi adiada em dois anos
e os custos quase dobraram, chegando a mais de €
5 bilhões.
“A decisão da ASN demonstra
a insegurança das instalações
nucleares. As experiências com os novos reatores
na Finlândia e na França provam que
a energia nuclear ainda é muito arriscada,
atrasada e cara. O Brasil deveria observar estes
fatos e enterrar o projeto de construir Angra 3,
já que o país tem soluções
mais baratas, seguras e limpas para gerar a energia”,
comenta Ricardo Baitelo da campanha de energia do
Greenpeace do Brasil.
Na semana passada, o Greenpeace
distribuiu um “kit de sobrevivência ao EPR”,
para os participantes do Fórum de Energia
Nuclear Europeu, em Praga, resumindo os problemas
dos novos reatores.