Panorama
 
 
 

RAPOSA SERRA DO SOL E OUTRAS QUESTÕES INDÍGENAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2008

Governador defende presença de não-índios em Raposa para garantir soberania nacional

29 de Maio de 2008 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - A proteção das fronteiras brasileiras na Amazônia depende da presença do Exército e do povoamento da região, possível por meio da demarcação em ilhas da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

É o que defendeu o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, hoje (29) durante seminário em defesa da Amazônia e das fronteiras brasileiras, no Clube de Militares da Aeronáutica, no Rio.

Segundo Anchieta Júnior, a presença militar aliada à demarcação fracionada de Raposa permite a ocupação da terra indígena por não-índios o que ajudará na proteção do território. “O índio não atrapalha a soberania. O que a atrapalha é a demarcação em áreas contínuas. A presença dos índios deve se somar à de não-índios”.

Apesar de Roraima ter uma fronteira de 2 mil quilômetros com a Venezuela e a Guiana, Anchieta Júnior disse que a soberania na região está ameaçada por interesses de países que ficam em outros continentes, principalmente, as grandes potências, que estariam por trás da demarcação contínua de Raposa.

“São interesses representados por ONGs [organizações não-governamentais] internacionais no Brasil”, disse ao citar como exemplo de ameaça à soberania as declarações de dirigentes políticos da União Européia e dos Estados Unidos.

“Ele [Al Gore ex-vice presidente dos Estados Unidos] disse que a Amazônia não pertence aos brasileiros e sim ao mundo. François Mitterrand [ex-presidente da França] pensava da mesma forma, assim como John Major [ex-primeiro-ministro da Inglaterra], no Reino Unido”.

Durante o seminário, Anchieta Júnior defendeu ainda a produção de alimentos dentro da reserva. E disse que os rizicultores que permanecem na terra indígena contribuem com 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado.

“Defendo o interesse do povo de Roraima e não o interesse econômico de meia dúzia de arrozeiros, mas preciso destacar que se falando em falta de alimentos, essa demarcação tira dali produtores de arroz do estado, que exportam o excedente para Amazonas e Tocantins.”

Em entrevista à imprensa, o prefeito de Pacaraima e líder dos produtores, Paulo César Quartiero, que acompanhou o seminário no Clube Militar, também defendeu a presença de não-índios na região.

“Lá está o maior vazio demográfico do mundo, sem exagero. É uma região estratégica, fronteiriça, há poucos índios, pouca gente. Estão fazendo lá o despovoamento dos brasileiros”, disse em referência à demarcação de Raposa.

Quartiero, que chegou a ser preso pela Polícia Federal no início de maio, acusado de guardar em sua fazenda material explosivo, também é presidente da Associação de Arrozeiros da região e defende a demarcação da reserva em ilhas.

A proposta de demarcação em área contínua é do governo federal. Hoje, o advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli explicou que essa é a forma de manter os hábitos culturais dos índios de quatro etnias que moram na região.

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Índios continuam impedindo funcionários de entrar na sede da Funasa em Cuiabá

29 de Maio de 2008 - Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Até as 17 horas de hoje (29), cerca de 80 índios continuavam impedindo a entrada de funcionários na sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Cuiabá. O grupo invadiu o prédio na última segunda-feira (26), antes do início do expediente, em protesto contra a falta de repasses de verbas para a saúde indígena.

A Funasa explica que está impedida de repassar qualquer recurso à Organização Amazônia Nativa (Opan), organização não-governamental (ONG) conveniada que complementa o serviço de atendimento à saúde indígena em Mato Grosso, até que o Ministério Público Federal (MPF) avalie a prestação de contas da ONG. Segundo a assessoria do órgão, a expectativa é de que o repasse seja feito até amanhã (30) à própria Opan.

A Funasa garante que, apesar da suspensão do repasse, não houve descontinuidade no atendimento aos índios. A Opan, no entanto, diz que a informação é incorreta e que o atendimento aos povos indígenas da região da cidade de Brasnorte não ocorre normalmente.

Conveniada à Funasa desde 1999, a Opan diz que sua prestação de contas foi aprovada pela Coordenação Geral de Convênios da fundação no fim de março deste ano e que, desde então, não recebeu nenhuma notificação de erro ou pendência. “A relação entre a Opan e a Funasa sempre foi transparente e correta. Durante as auditorias internas, nunca houve o apontamento de irregularidade e todas as orientações sempre foram incorporadas às rotinas administrativas do convênio”, afirma a ONG em nota.

Além disso, a Funasa afirma que o valor máximo que repassa a cada um dos 34 distritos sanitários especiais indígenas (responsáveis pela coordenação dos trabalhos nas aldeias) diminuiu por causa da redução de cerca de R$ 65 milhões em seu orçamento. Em nota, a Funasa diz ter solicitado ao Ministério da Saúde que seu orçamento seja recomposto e que, se o pedido for atendido, os distritos sanitários receberão complementação.

Segundo a assessoria do órgão, os índios também questionam os efeitos de uma portaria do Ministério da Saúde. Assinada pelo ministro José Gomes Temporão, a Portaria 2.656, publicada em outubro do ano passado, regulamenta a transferência de recursos para os municípios realizarem o atendimento básico e especializado à saúde indígena. O dinheiro seria repassado para os municípios segundo o volume da população a ser atendida.

Para algumas organizações, a portaria ocasionaria a “municipalização” do atendimento à saúde indígena. A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), por exemplo, em 19 de outubro de 2007, um dia após a publicação da Portaria 2.656, divulgou nota repudiando a medida.

“A municipalização do Subsistema de Saúde Indígena significa, para nós, povos indígenas do Brasil, engrossar as filas dos postos municipais de saúde e disputar com os não-indígenas uma vaga na vala comum do esquecimento”, afirmava a Coiab, destacando que a saúde indígena é competência da União e que a publicação da portaria resulta da incapacidade estatal em lidar com a questão.

A Funasa, por sua vez, sustenta que as novas medidas visam fortalecer suas ações, tornando-a mais presente junto às comunidades. Em nota, a fundação diz que a portaria permite uma melhor divisão na responsabilidade das ações municipais, já que, se algum prefeito não aplicar os recursos conforme previsto, o Ministério Público será acionado. Garantindo que a medida não altera os valores dos recursos aplicados, a Funasa diz que a portaria contribuirá para a maior transparência dos repasses, que passarão a contar com a fiscalização e a aprovação dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena.

Na mesma nota, a Funasa ainda afirma que as discussões para elaboração da Portaria 2.656 envolveram os presidentes dos conselhos distritais de saúde indígena, membros da Comissão Interinstitucional de Saúde Indígena do Conselho Nacional de Saúde, representantes da Comissão Intersetorial Tripartite, chefes dos distritos sanitários especiais indígenas e técnicos do Departamento de Saúde Indígena e do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde.

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Arrozeiros ajudam a garantir produção de alimentos, afirma governador de Roraima

29 de Maio de 2008 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O governador de Roraima, José Anchieta Júnior defendeu hoje (29) a permanência dos plantadores de arroz na Terra Indígena Raposa do Sol como forma de garantir parte da produção de alimentos no estado. Ele disse que os arrozeiros são responsáveis por 7% do Produto Interno Bruto (PIB) de Roraima e destacou o papel dos produtores diante do risco de escassez de alimentos no mundo.

“Em pleno século 21, se falando em falta de alimentos, em desenvolvimento, essa demarcação quer tirar dali seis empresários que estão produzindo arroz para Roraima e exportando o excedente para Amazonas e Tocantins”, criticou o governador, durante seminário em defesa da Amazônia e das fronteiras brasileiras, no Clube de Militares da Aeronáutica, no Rio.

Anchieta Júnior destacou que, ao levantar a questão, defende os interesses de toda a população do estado, e não dos arrozeiros que ocupam a reserva indígena em detrimento dos cerca de 20 mil índios que vivem na região.

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Tradições índigenas sustentam demarcação em área contínua, defende AGU

29 de Maio de 2008 - Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil - Elza Fiuza/Abr - Brasilia - O advogado-geral da União, ministro José Antonio Dias Toffoli, fala a emissoras de rádio sobre temas como a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas
Brasília - Estudos realizados durante o processo de demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol mostram que os hábitos culturais das etnias da região – como o ritual de casamento entre aldeias e a movimentação nômade para o plantio de alimentos – sustentam a necessidade de a terra ser demarcada em área contínua. É o que afirma o advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli.

“Eles [os índios] plantam em determinada área, ficam com suas aldeias em determinada área e depois migram para áreas vizinhas. Não tem como se estabelecer uma forma de demarcação em ilhas porque esses índios têm uma mobilidade do ponto de vista da sua agricultura.”

Ao participar de entrevista a emissoras de rádio no estúdio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em Brasília, Toffoli ressaltou que a Constituição brasileira não prevê “nações indígenas” ou “territórios indígenas” mas “áreas indígenas”, de propriedade da União. "Não se está dando propriedade aos índios. O que se está dando é o usufruto dessas áreas pela demarcação.”

Quanto à possibilidade de a demarcação em área contínua comprometer as atividades do Exército na região, o magistrado considerou “contra-senso” que um órgão do Estado brasileiro não possa entrar numa uma área de propriedade da União. “É preciso disciplinar essa ação e isso já é feito.”

Segundo o ministro, diversas áreas indígenas no Brasil já abrigam quartéis e brigadas das Forças Armadas e, na Amazônia, quase 80% dos soldados são descendentes de índios.

“O fato de os índios estarem integrados à sociedade não tira deles o direito do usufruto das áreas historicamente ocupadas. Temos que acabar com essa história de que existem brasileiros e existem índios. Todos somos brasileiros. A presença dos índios é uma das causas de nossas fronteiras terem o tamanho que têm hoje.”

Toffoli lembrou ainda que dos 300 fazendeiros com propriedades na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, 294 foram indenizados e retirados da área e que a exceção de seis fazendeiros – todos produtores de arroz – não pode ser suficiente para modificar ou anular a demarcação.

“O Estado brasileiro não pode ficar em uma posição de ceder a seis pessoas por questões particulares de investimento e de interesse, até porque esses investimentos estão sendo indenizados e pagos pelo Estado para que eles deixem aquela área.”

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Governador de Roraima diz que há interesses internacionais na demarcação de Raposa

29 de Maio de 2008 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O governador de Roraima, José Anchieta Júnior, tornou a criticar hoje a política indigenista do governo federal e a classificou como equivocada e incoerente. Para o governador, há interesses dos Estados Unidos e de países da União Européia por trás da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Isso pode, de acordo com ele, ameaçar a soberania nacional.

Anchieta Júnior citou, por exemplo, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore que, segundo ele, já questionou a soberania e a propriedade da Amazônia.

“Ele [Al Gore] disse que a Amazônia não pertence aos brasileiros e sim ao mundo. François Mitterrand [ex-presidente da França] pensava da mesma forma naquele país e John Major [ex-primeiro-ministro da Inglaterra], no Reino Unido. Então, são representantes das grandes potências que têm um pensamento desse tipo sobre a Amazônia”.

As declarações do governador de Roraima foram feitas hoje (29) durante seminário em defesa da Amazônia e das fronteiras brasileiras, no Clube de Militares da Aeronáutica, no Rio de Janeiro.

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Indígenas liberam diretores da Funasa, em Curitiba, mas continuam ocupação

28 de Maio de 2008 - Lúcia Norcio - Repórter da Agência Brasil - Curitiba - Está controlada a situação no prédio da sede regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), no centro de Curitiba, invadido no início da noite de ontem (27) por indígenas. Os 70 manifestantes continuam no local, mas liberaram na noite de ontem (28) os cerca de 100 funcionários da instituição e também alguns servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Saúde e do Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DataSUS), que funcionam no mesmo prédio.

O coordenador regional da Funasa , Vinícius Reali Paraná, e alguns diretores foram liberados durante a madrugada com a condição de retornar pela manhã para continuar as negociações. Os índios deram o prazo de 12 horas para que o presidente da Funasa chegue a Curitiba a fim de discutir as reivindicações.

Os índios das etnias Guarani e Caingangue pedem a atualização do repasse de recursos destinados à saúde para a Associação de Defesa do Meio-Ambiente de Reimer – organização não-governamental que cuida do atendimento médico das reservas indígenas do Paraná. Além disso, exigem a reativação do contrato com uma empresa de transporte responsável por levar crianças e doentes para consultas fora das aldeias.

Segundo o cacique Caingangue Neoli Olibio, desde fevereiro a associação não recebe verbas. Ele disse que vários contatos foram feitos com a Funasa, em Brasília, mas não houve solução. Assim, os indígenas decidiram invadir o prédio, de forma pacífica. As negociações foram retomadas hoje(28).

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Demarcação de terra indígena não prejudica economia de Roraima, defende antropólogo

28 de Maio de 2008 - Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol não prejudica o desenvolvimento econômico de Roraima, afirmou hoje (28) o antropólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB) Stephen Daine. Ele participou, pela manhã, de um debate que discutiu o agravamento do conflito entre índios e agricultores em Roraima.

Durante o seminário Povos Indígenas Estado e Soberania Nacional realizado na UnB, o antropólogo disse ainda que mesmo com 43% do território destinados a aldeias indígenas, ainda “sobram” terras suficientes para a população de Roraima.

Segundo Daine, o conflito na região se agravou recentemente pela demora de o Estado retirar os produtores de arroz da Raposa Serra do Sol. “[Eles] não precisam invadir a terra indígena. A Raposa representa apenas 7% do [território] do Estado”.

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Organização de evento indígena nega compra de arma usada em agressão

23 de Maio de 2008 - Da Agência Brasil - Brasília - A comissão organizadora do Encontro Xingu Vivo para Sempre divulgou nota hoje (23) afirmando que seus integrantes não compraram armas como podem sugerir imagens veiculadas por emissoras de televisão. Na última terça-feira (20), durante o encontro realizado em Altamira (PA), um engenheiro da Eletrobrás foi esfaqueado por índios.

De acordo com a nota, assinada por 50 entidades, um membro da organização comprou apenas três facões juntamente com outras ferramentas que foram utilizadas na montagem dos acampamentos. A comissão lamenta o episódio e a agressão ao representante da Eletrobrás que fazia uma apresentação acerca dos estudos que estão sendo feitos para aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte.

Ainda segundo a nota, os índios Kayapó sempre carregam facões, bordunas, arcos e flechas quando saem de suas aldeias para participar de eventos. Os facões, mais conhecidos em toda a Amazônia com terçados, foram incorporados pelos Kayapó, especialmente pelas mulheres, como parte do equipamento do dia-a-dia, no manejo das roças e outras atividades.

A comissão organizadora do encontro classificou o episódio envolvendo o representante da Eletrobrás como "um fato lamentável, porém isolado e acidental" e criticou a falta de divulgação das atividades e das discussões do encontro.

"O ato de transformar e divulgar o infeliz incidente ocorrido com o funcionário da Eletrobrás como único destaque do Encontro, exclui o conjunto de reivindicações que as populações indígenas, extrativistas e ribeirinhas, movimentos sociais estão fazendo em relação ao futuro da Bacia do Xingu", diz o comunicado.

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Gilmar Mendes diz que julgamento sobre reserva indígena é um caso peculiar

23 de Maio de 2008 - Jorge Wamburg - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, afirmou hoje (23) ao falar sobre o julgamento da constitucionalidade da demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, que o tribunal "tem em mãos um caso peculiar, que vai lhe proporcionar a oportunidade, talvez de pela primeira vez, já sob a Constituição de 1988, se pronunciar novamente - porque já tínhamos pronunciamentos anteriores - sobre o conceito de posse indígena, qual é a sua dimensão institucional”.

Ele disse, em entrevista coletiva à imprensa convocada para falar sobre a visita que fez à Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, na quinta-feira (22), que a votação da ação direta de inconstitucionalidade (Adin) contra a demarcação contínua da reserva depende do ministro relator (Carlos Ayres Britto).

“Aguardo que ele peça pauta, mas muito provavelmente nós votaremos, ou pelo menos iniciaremos o processo decisório, no final de junho ou logo no início de agosto", disse.

O relator do processo e a ministra Carmem Lúcia acompanharam o presidente do STF na viagem à Roraima.

Outro tema que a demarcação da reserva envolve é o da soberania, com relação à presença de forças militares na região. O ministro se recusou a opinar sobre os temas envolvidos na discussão jurídica da demarcação da reserva de forma contínua efetuada pelo governo federal, para não antecipar voto num futuro julgamento.

Segundo Gilmar Mendes, trata-se de um "caso de escola", em que o STF vai definir estas e outras questões, como a demarcação em área de fronteira e de etnias que têm presença no Brasil, na Venezuela e na Guiana.

Sobre a visita à reserva Raposa Serra do Sol, Gilmar Mendes disse que a comitiva viajou em avião da FAB de Brasília para Boa Vista (Roraima) e de lá, em uma aeronave menor, sobrevoou a Vila de Surumu, depois as cidades de Pacaraima, Água Fria (uma antiga vila de garimpeiros, hoje deserta), e a localidade de Caramundá-tai, na região de fronteira, onde o avião não pousou por falta de condições meteorológicas. A aeronave pousou em outra pista, na aldeia Serra do Sol, onde os ministros conversaram com os índios e retornaram a Boa Vista.

Os ministros do STF estavam acompanhados do coronel Faulkner, comandante da Aeronáutica em Manaus, e que conhece bem a área e tem relações amistosas com os índios da região.

O presidente do STF disse que não pretende ouvir representantes dos arrozeiros que vivem na reserva.

"Os dois lados já estão representados, já trouxeram memoriais e não era essa a necessidade que nós tínhamos fundamentalmente, mas sim de conhecer a realidade na área de conflito. Nós estamos diante de um modelo todo peculiar. Temos uma tríplice fronteira, temos comunidades indígenas, que têm parentes em outros países, temos uma presença bastante grande - e este é um dos reclamos - de Organizações Não Governamentais (ONGs) de toda índole. Tudo isso está em discussão, de certa forma, neste processo. Então, nós não estávamos a buscar diálogo com as partes envolvidas nesta visita. A orientação era mais de conhecer essa realidade e ela foi bem enfatizada pelo ministro Carlos Brito, relator do processo".

O ministro esclareceu, porém, que "decidimos colocar os pés em terra firme na aldeia Serra do Sol, dos índios ingaricó. Por isso, tivemos contato com esse grupo, mas eles não estão sequer preocupados com essa questão de maneira direta, porque não são afetados, já que sua área está bem protegida e devidamente guarnecida, afora outros aspectos, porque é uma área de fronteira". Segundo Gilmar Mendes disse "todos dizem que há um ambiente de muita tensão, uma situação realmente de conflagração na cidade de Pacaraima".

O ministro disse que no STF não há intenção de fazer nova visita à região da Reserva Raposa Serra do Sol e a viagem foi feita com os ministros que podiam viajar no feriado, sendo que "o principal ator nesse processo era o relator e a ele cabe conduzir essas questões".

Gilmar Mendes esclareceu que os ministros estão recebendo informações de todos os interessados. “O próprio ministro Brito [Carlos Ayres] recebeu recentemente subsídios, tanto da AGU [Advocacia-Geral da União] quanto do governo de Roraima. Por isso entendeu que talvez não tivesse condições de apresentar o relatório, como inicialmente projetara, no final de maio. Por essa razão, estamos tendo um pequeno atraso, mas que não afeta em nada a celeridade que estamos imprimindo ao caso", explicou.

O ministro Gilmar Mendes entende que o Supremo está procurando um julgamento técnico, "desideologizar o debate, tirar essa ideologia muito forte que está imantando toda essa questão". Sobre a possibilidade de que uma decisão do Supremo contra a homologação da Reserva Raposa

Serra do Sol de forma contínua abra precedente para uma enxurrada de ações semelhantes de partes interessadas na criação de outras reservas indígenas, Gilmar Mendes disse que "o tribunal, por ser uma Corte Suprema, tem que lidar com as conseqüências dos seus julgados. Nós lidamos com isso com grande tranqüilidade e sabemos lidar com os efeitos políticos das nossas decisões".

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Índios de Ubatuba (SP) mantêm técnicos da Funasa como reféns

29 de Maio de 2008 - Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Desde a manhã de hoje (29), índios Guarani mantêm seis técnicos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) como reféns em uma aldeia de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Por meio de nota, a Funasa afirmou que a coordenação estadual do órgão conseguiu fazer contato com um dos técnicos que informou que todos estavam bem, embora não pudessem deixar a aldeia.

A Funasa já pediu à Polícia Federal que garanta a integridade física dos servidores e diz não ter recebido qualquer reivindicação da comunidade indígena. A fundação garante que está tentando entrar em contado com o cacique da Aldeia Renascer.

Desde o começo da semana, índios de várias partes do país têm invadido prédios públicos e realizado protestos por diferentes motivos.

Na segunda-feira (26), índios invadiram a sede regional da Funasa em Cuiabá (MT). Eles protestavam contra a falta de repasses de verbas para a saúde indígena e contra a Portaria 2.656, publicada pelo Ministério da Saúde em outubro do ano passado. Apesar de o órgão ter obtido uma liminar de reintegração de posse na noite de ontem (28), o prédio continua ocupado.

Durante dois dias, índios Pataxó bloquearam o trânsito de veículos na rodovia estadual mineira MG-232, em um ponto próximo à cidade de Carmésia, no Vale do Rio Doce. A rodovia foi liberada ontem (28). A comunidade pede que a empresa mineradora MMX estude medidas de compensação aos índios pelo aumento do tráfego de caminhões na estrada que corta a aldeia. Os indígenas detiveram cinco veículos que, segundo eles, prestavam serviço à mineradora.

Na manhã de terça-feira (27), índios ocuparam a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Dourados, município localizado a cerca de 200 quilômetros de Campo Grande (MS). Eles pediam a substituição da administradora regional do órgão, Margarida Nicoletti.

Na noite do mesmo dia, índios invadiram a sede da Funasa em Curitiba (PR). Eles liberaram todas as pessoas que se encontravam no interior do edifício, mas condicionaram a desocupação do prédio à atualização do valor repassado para a Associação de Defesa do Meio-Ambiente de Reimer, organização não-governamental que cuida do atendimento médico das reservas indígenas do Paraná. Eles também exigiam a reativação do contrato com uma empresa de transporte responsável por levar crianças e doentes para consultas fora das aldeias. O grupo só deixou o prédio após a Funasa garantir que a autorização para o repasse seria publicado no dia seguinte (29).

Ontem à noite (28), a sede da Funasa em Porto Velho (RO) também foi invadida. O motivo apresentado para justificar a invasão seria o mesmo das outras manifestações: exigir repasses atrasados para a saúde indígena. Segundo a assessoria do órgão, até o início da noite de hoje (29), o prédio continuava ocupado.

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Com promessa de liberação de R$ 824 mil, índios desocupam Funasa no Paraná

28 de Maio de 2008 - Lúcia Nórcio - Repórter da Agência Brasil - Curitiba - A garantia dada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) de que será publicada amanha (29), no Diário Oficial da União, a autorização para o repasse de R$ 824 mil para a Associação de Defesa do Meio-Ambiente de Reimer – organização não-governamental que cuida do atendimento médico das reservas indígenas do Paraná - foi determinante para que os índios das etnias guarani e caingangue desocupassem a sede do órgão em Curitiba.

A invasão da regional aconteceu no início da noite de ontem (28). Os índios mantiveram cerca de 100 funcionários como reféns por quase quatro horas. Eles foram liberados, mas seis diretores continuaram como reféns, passando a madrugada negociando com as lideranças indígenas, e foram liberados por volta das 4h, com o compromisso de voltar pela manhã para que as negociações fossem retomadas.

Segundo o cacique Márcio Lourenço, da reserva de Laranjinha, apenas algumas lideranças permanecerão hoje na regional da Funasa “para ter certeza de que a reivindicação será atendida”. Ele disse que a presidência da Funasa, em Brasília, acenou com a liberação ainda hoje (28) de R$ 224 mil, em caráter de emergência, para que os 70 índios que estão em Curitiba voltassem para casa. A proposta não foi aceita pela Funasa.

“Mesmo amanhã, se os recursos não forem liberados, partiremos para um plano B, que não posso adiantar. Viemos para Curitiba e invadimos a sede da Funasa, de forma pacífica. As negociações estão avançando, mas não vamos voltar sem uma solução”, disse o cacique.

Ele explicou que um convênio assinado entre a ONG e a Funasa prevê o repasse de R$ 4,8 milhões até o final do ano, mas até agora nenhuma parcela foi liberada. Os índios denunciam que duas parcelas, de R$ 200 mil e R$ 600 mil, que deveriam ter sido liberadas em dezembro de 2007 e janeiro de 2008, não foram pagas.

Segundo o cacique, a situação nas 45 aldeias onde vivem cerca de 13 mil indígenas é precária, sendo que muitas estão sem medicamentos, inclusive os de uso contínuo.

Os índios reivindicam a reativação do contrato com uma empresa de transporte para levar as crianças e doentes para consultas fora das aldeias. O pedido ficou para ser discutido na próxima semana.

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Anistia relata preocupação com impactos de obras do PAC próximas a aldeias

28 de Maio de 2008 - Thaís Leitão - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - Embora o relatório anual da Anistia Internacional, divulgado hoje (28) em Londres, destaque a criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), voltado a melhorias na infra-estrutura básica, como principal sustentáculo da política do governo federal, o documento também menciona a preocupação manifestada por organizações não-governamentais com o impacto causado por projetos de pavimentação de estradas e de construção de represas próximo a terras indígenas.

O relatório analisa a situação do cumprimento dos direitos humanos em 150 países. Ainda de acordo com o documento, os povos indígenas também são alvos de diversas violações de direitos humanos, principalmente em Mato Grosso do Sul.

Segundo o pesquisador da organização sobre temas relacionados ao Brasil, Tim Cahill, por causa de interesses econômicos e políticos, os índios da etnia Guarani-Kaiowá, que vivem na região, são um exemplo de tribo que tem sofrido ataques violentos, além de serem mortos por guardas particulares contratados por empresas ou por latinfundiários.

"Se não houver reforço [da parte dos governos] do reconhecimento dos direitos constitucionais dos povos indígenas, eles continuarão a sofrer violação dos direitos humanos", destacou.

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Operação Caipora desarticula esquema de extração ilegal de madeira em reserva indígena

28 de Maio de 2008 - Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A Polícia Federal deflagrou hoje (28) a Operação Caipora, para desarticular um esquema de extração ilegal de madeira na Terra Indígena Vale do Guaporé, no estado do Mato Grosso. Policiais federais cumprem 54 mandados de busca e apreensão além de outros 45 mandados de prisão.

As ações, segundo nota divulgada hoje, acontecem de forma simultânea nas cidades de Cuiabá, Cáceres, Pontes e Lacerda, Nova Lacerda, Conquista Doeste e Comodoro – todas localizadas no Mato Grosso –, além do município de Vilhena, em Rondônia.

Ainda de acordo com a nota, o processo de extração ilegal de madeira teria início com o aliciamento de índios. Carros, motos e alimentos eram ofertados em troca de vantagens. A PF destaca que, entre os envolvidos no esquema, foi registrada a participação de servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai), que recebiam pagamentos mensais, para permitirem a livre atuação da quadrilha dentro da reserva indígena e alertar sobre eventuais esquemas de fiscalização.

A PF investiga ainda o envolvimento de integrantes da Polícia Militar, da Polícia Rodoviária Federal, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) e de proprietários de fazendas vizinhas à reserva, no Mato Grosso.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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